O dia 1 de dezembro desponta envolto numa bruma quase
poética, como se o calendário sussurrasse uma pausa para reflexão. É um dia
que, para os portugueses, carrega a memória de um eco distante, a Revolução de
1640, onde um povo reclamou o direito à sua identidade, à sua autonomia, à sua
história. Mas para além dos livros e das datas, o 1 de dezembro traz consigo
algo mais: a intimidade do recomeço.
Nesta manhã fria de final de outono, as ruas parecem dialogar
com o silêncio de um feriado. Os passos que cruzam as calçadas ecoam mais alto,
como se cada um carregasse consigo um pequeno pedaço do passado, da memória
coletiva que molda o presente. É um dia de alma portuguesa, um encontro entre a
força de um grito de independência e a quietude da introspeção.
Há algo de pessoal no 1 de dezembro. Não se trata apenas de
olhar para trás, mas de se reconhecer no que veio antes: os sacrifícios, as
batalhas, os anseios de liberdade que, de algum modo, encontram ressonância em
cada desejo íntimo de ser mais, de ser inteiro. As pessoas talvez não pensem
diretamente nisso, mas o espírito está lá, em cada brisa gelada que roça o
rosto, em cada respiração profunda que acalma o peito.
É também um dia que pede aconchego, talvez uma chávena de chá
perto da janela ou um passeio em ruas que se preparam para o Natal. Um dia para
lembrar que, entre os grandes gestos da história e os pequenos gestos quotidianos,
há uma linha invisível que nos une. E essa linha se reforça no 1 de dezembro,
quando a independência de uma nação se entrelaça com a independência interior
de cada um.
Assim, este dia não é apenas história. É a celebração do que
é possível, do que se conquista quando não se desiste de si mesmo. Um convite a
lembrar, a sentir, e, sobretudo, a continuar.
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