domingo, 1 de dezembro de 2024

O 1 DE DEZEMBRO

O dia 1 de dezembro desponta envolto numa bruma quase poética, como se o calendário sussurrasse uma pausa para reflexão. É um dia que, para os portugueses, carrega a memória de um eco distante, a Revolução de 1640, onde um povo reclamou o direito à sua identidade, à sua autonomia, à sua história. Mas para além dos livros e das datas, o 1 de dezembro traz consigo algo mais: a intimidade do recomeço.

Nesta manhã fria de final de outono, as ruas parecem dialogar com o silêncio de um feriado. Os passos que cruzam as calçadas ecoam mais alto, como se cada um carregasse consigo um pequeno pedaço do passado, da memória coletiva que molda o presente. É um dia de alma portuguesa, um encontro entre a força de um grito de independência e a quietude da introspeção.

Há algo de pessoal no 1 de dezembro. Não se trata apenas de olhar para trás, mas de se reconhecer no que veio antes: os sacrifícios, as batalhas, os anseios de liberdade que, de algum modo, encontram ressonância em cada desejo íntimo de ser mais, de ser inteiro. As pessoas talvez não pensem diretamente nisso, mas o espírito está lá, em cada brisa gelada que roça o rosto, em cada respiração profunda que acalma o peito.

É também um dia que pede aconchego, talvez uma chávena de chá perto da janela ou um passeio em ruas que se preparam para o Natal. Um dia para lembrar que, entre os grandes gestos da história e os pequenos gestos quotidianos, há uma linha invisível que nos une. E essa linha se reforça no 1 de dezembro, quando a independência de uma nação se entrelaça com a independência interior de cada um.

Assim, este dia não é apenas história. É a celebração do que é possível, do que se conquista quando não se desiste de si mesmo. Um convite a lembrar, a sentir, e, sobretudo, a continuar.

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