terça-feira, 31 de dezembro de 2024

AS DOZE BADALADAS

As doze badaladas chegam como um sussurro poderoso, arrastando lembranças e ecos do ano que termina. A primeira batida desperta a melancolia dos momentos que ficaram para trás — é como uma saudade do que não se repetirá, mas que deixará marcas profundas. Na segunda, sente-se a ansiedade de tudo o que ainda não se fez, de todas as promessas que fizemos a nós mesmos e não cumprimos. É um lembrete suave, porém firme, de que a vida tem pressa e que cada instante é um convite à mudança.

Quando a terceira badalada invade o ar, um sopro de renovação alcança o peito. Pensamos em tudo o que ainda está por vir: as oportunidades, as descobertas, os recomeços. Por instantes, o futuro parece uma folha branca, aberta a infinitas possibilidades. A cada novo toque do relógio, sentimos soltarem-se as amarras do passado e invadir-nos uma nova leveza. A quarta, quinta e sexta badaladas dissolvem medos antigos, cedendo espaço para a coragem de escrever novos capítulos.

Chegando à sétima e à oitava, o coração já bate em sintonia com o desejo de nos perdoarmos a nós próprios e aos outros. Há uma ternura que se espalha, um sorrisinho de esperança que se instala, sem pedir licença. Então a nona e a décima anunciam que o tempo não para, que há muito mais a viver, a descobrir e a sentir. Entendemos que a vida é feita de ciclos que vão e voltam, como ondas incansáveis no mar.

Na décima primeira, sente-se um arrepio, uma chamada silenciosa para abraçar quem somos e, ao mesmo tempo, lançarmo-nos ao que podemos vir a ser. Quando, enfim, a última badalada rompe o véu da noite, um silêncio solene se impõe. Nesse intervalo entre o que foi e o que está por vir, há um convite íntimo à renovação, à liberdade de reescrever o próprio destino. E ali, no breve hiato em que o tempo quase para, reconheço que o novo ano é também um voto de confiança na força que nasce dentro de nós e nos impulsiona para diante.

segunda-feira, 30 de dezembro de 2024

O NOVO ANO

Quando pensamos num novo ano, como 2025, é quase como abrir um caderno em branco, pronto para ser preenchido com novas histórias, lições e conexões. Talvez você queira experimentar algo que nunca fez antes, ou cuidar do que já existe em sua vida de uma forma mais profunda. Não há certo ou errado nesta jornada — apenas a descoberta de quem você é, e de quem se quer tornar.

Cada dia traz uma oportunidade de se aproximar de alguém que você ama, de criar memórias que aquecem o coração e de arriscar em busca de um sonho, que ainda está a crescer dentro de si. 2025 pode ser o tempo de olhar para dentro de si e perceber o quanto você já percorreu, o quanto você ainda tem para viver e, sobretudo, o quanto você merece o próprio caminho. Que seja, então, um ano de aconchego e coragem para se tornar quem deseja ser.

sábado, 28 de dezembro de 2024

A VERDADE DÓI

"A verdade dói" é uma frase que encapsula a ideia de que confrontar a realidade pode ser emocionalmente desafiador. Muitas vezes, preferimos ignorar ou evitar a verdade, porque ela pode revelar aspetos desconfortáveis sobre nós mesmos, as nossas circunstâncias ou o mundo ao nosso redor. Essa evasão pode ser uma forma de defesa psicológica, para proteger sentimentos ou preservar uma ilusão de segurança e conforto.

Quando somos confrontados com a verdade, especialmente quando ela contradiz crenças ou expectativas nossas, pode ser uma experiência dolorosa, que nos faz sentir vulneráveis, expostos ou até mesmo envergonhados. Aceitar a verdade requer coragem e autoconsciência para lidar com emoções que surjam ao enfrentar a realidade.

No entanto, é importante reconhecer que, apesar da dor inicial, enfrentar a verdade pode ser uma oportunidade para crescimento pessoal e de autodescoberta. O que nos permite aprender com as nossas experiências, corrigir equívocos e, no futuro, fazer escolhas mais informadas. A verdade também pode promover relacionamentos mais autênticos e saudáveis, baseados na transparência e na honestidade mútua.

Portanto, embora a verdade possa causar algum desconforto inicial, ela é, muitas vezes, um elemento essencial para alcançar uma compreensão mais profunda de nós próprios e do mundo que nos rodeia.

 

sexta-feira, 27 de dezembro de 2024

O ADEUS

Há um silêncio especial que antecede o adeus — um intervalo quase sagrado, no qual o tempo parece suspender a respiração, como se cada segundo procurasse estender-se um pouco mais, hesitante, antes de entregar à realidade a última palavra. É nesse vácuo que a consciência da perda se faz mais aguda. Ali, entre o agora e o depois, percebemos a inevitável despedida não apenas como um ato, mas como um movimento interno de soltar o que, até então, havíamos apreendido com tanta força. Nessa pausa, quase podemos sentir as partículas de poeira iluminadas pela claridade difusa da tarde, pairando no ar, testemunhas mudas do que está por acontecer. A partida em si, o gesto exterior de virar as costas, é apenas a metade visível do adeus. A outra metade permanece entranhada no olhar húmido, no aperto da garganta, no sabor amargo que fica entre a língua e o céu da boca. Há uma espécie de desalinhamento do mundo, quando alguém se vai: o corredor parece mais longo, o quarto maior, as gavetas mais vazias. A ausência não é um simples silêncio, mas um eco persistente, a imagem desbotada de alguém que antes moldava os nossos dias e que agora deixa um contorno invisível em cada objeto tocado. As chávenas guardam ainda o calor de um último café compartilhado, a mesa conserva uma mancha quase impercetível, herança de outros tempos, e o cheiro familiar do casaco esquecido no guarda-fato teima em não desaparecer. E, no entanto, mesmo sob o peso da despedida, há sementes a germinar. Após o choque do adeus, aprendemos a tecer novos significados, a costurar as lembranças entre si, formando uma tapeçaria íntima do que se foi e do que permanece. Com o tempo, a lembrança deixa de ser ferida e torna-se memória, um território onde o carinho e a compreensão podem florescer. O adeus coloca-nos diante do mistério do desapego e do amadurecimento, ensina-nos que não podemos reter nada além do que somos, e que o outro, partindo, não nos retira a própria essência — apenas nos deixa a tarefa de reorganizar o mundo interno, acomodando o vazio ao lado do que resta. Talvez seja essa a sabedoria contida no ato de dizer adeus: reconhecer que, para além da dor, existe uma aprendizagem subtil, um movimento inevitável de expansão e acolhimento. Ao libertarmos quem parte, abrimos espaço para que, dentro de nós, caiba a verdade do que é a vida: um contínuo fluxo entre chegadas e partidas, encontros e desenlaces, cada qual moldando a paisagem íntima do que chamamos de existir.


quinta-feira, 26 de dezembro de 2024

NO ENTRETANTO

Há algo sutil e quase suspenso nos dias que separam o Natal do Ano Novo. É como se o tempo, de súbito, respirasse fundo, abrindo espaço para uma pausa delicada. Os enfeites natalícios ainda decoram as ruas e iluminam as casas, mas já soam como uma lembrança agridoce de um instante que ficou para trás. O coração reconhece esse hiato, essa pequena fresta entre um ano que termina e outro que, ansioso, se prepara para nascer.

Nesse intervalo, cada gesto parece ganhar um tom mais suave, como se o corpo, ainda aquecido pelo calor das festas, merecesse repousar por um momento. A memória resgata abraços, risadas e suspiros, enquanto a mente insiste em tecer expectativas e promessas. Ronda o ar uma melancolia gostosa, mistura de nostalgia e esperança, que nos convida ao recolhimento.

É nesse espaço entre o ontem e o amanhã que a alma encontra o seu lugar de comunhão consigo mesma. Um suspiro a mais antes da contagem regressiva, um relance para dentro antes de se projetar à frente. O mundo  prepara-se para renascer, mas aqui, nesse entreato silencioso, o que aflora é o desejo de estar presente, de sentir o pulsar do agora e de guardar nele a semente de tudo o que ainda pode ser.

quarta-feira, 25 de dezembro de 2024

Aqueles que não podem fazer Natal

Há lugares onde o Natal não chega. Lugares onde a neve, o calor do lar ou o tilintar de sinos são substituídos pelo frio do aço, pelo eco dos tiros e pelo vazio das noites insones. Lugares onde o cheiro do pinheiro decorado é trocado pelo da pólvora, e onde a esperança, esse presente tão esperado, parece perdida entre trincheiras e ruínas.

Para aqueles em guerra, o Natal é apenas um lembrete distante de um tempo de paz que já lhes não pertence. São homens, mulheres, jovens e até crianças, cujas mãos, em vez de carregarem laços de presentes, seguram armas e escudos. Corações endurecidos pela sobrevivência batem em ritmos diferentes, lutando para não esquecer o que significa ser humano, mesmo quando tudo ao redor conspira para lhes roubar essa humanidade.

Enquanto em muitas casas ao redor do mundo as mesas se enchem de fartura e risos, há mesas vazias em tendas improvisadas, onde o único banquete é a memória de um abraço perdido ou a saudade de uma voz querida. E ainda assim, mesmo no meio do caos, há quem feche os olhos por um instante, tentando imaginar o calor de uma vela ou o som de um "Feliz Natal" sussurrado por alguém amado.

O espírito natalício, dizem, vive naqueles que acreditam. Mas como acreditar quando tudo ao redor parece morrer? Como celebrar o nascimento de uma promessa de paz, quando as bombas caem mais rápido do que as estrelas? Eles não têm coro de anjos, mas o som de aviões rasgando o céu. Não têm luzes coloridas, apenas o brilho esporádico das explosões que iluminam a noite como um grotesco simulacro de festa.

E ainda assim, alguns resistem. Nas trincheiras, compartilham entre si pedaços de pão ou uma canção sussurrada, como se quisessem, por um breve instante, recriar a magia perdida. Há quem escreva cartas que talvez nunca sejam enviadas, cheias de desejos para um futuro onde o Natal possa ser, novamente, o que ele deveria: um dia de reencontros, risos e esperança.

Esses que não podem fazer Natal nos lembram do quanto ele é mais do que presentes ou ceias. É o fio frágil que une corações partidos e dá sentido ao caos. Para eles, o Natal não é uma data, mas um anseio. Não é uma celebração, mas uma resistência. É a promessa, ainda que distante, de que um dia, quem sabe, a paz chegue e eles possam voltar a sonhar.

JESUS

Não encontro em mim para hoje partilhar nada que me encante mais do que esta lição!
 

domingo, 22 de dezembro de 2024

Queridos(as) leitores(as),


Neste fim de ano, desejo que cada página da sua história seja repleta de amor, esperança e conquistas. Que o Natal traga a magia de reencontrar, na simplicidade e na união, o verdadeiro sentido da festa: a partilha de bons sentimentos e a celebração da vida. E que o Ano Novo chegue renovando energias, inspirando novos sonhos e fortalecendo cada meta que cada um deseja alcançar.

Agradeço pela companhia e confiança ao longo do ano e que, juntos, possamos continuar trilhando muitos caminhos de conhecimento e emoção, nas próximas páginas que a vida nos reserva.

Boas festas e um maravilhoso Ano Novo! 

quinta-feira, 19 de dezembro de 2024

SEMPRE EM CASA

Conhece aquela sensação de quem comprou um pacote de arroz de 5 kg e, quando o abre, o pacote vem com um aviso: “A validade é ilimitada”? Agora ele está permanentemente no seu armário. Pois é, ter um filho que não sai de casa é mais ou menos isto. Eles chegam pequenininhos, mal ocupam um berço, e num piscar de olhos viram espécies raras de “filhos-adultos-acomodados” no sofá, agarrados ao computador, com a mesma naturalidade com que se respira.

Quando bebé, mal podemos esperar para ver o primeiro passo. No momento, décadas depois, ficamos na expetativa de ver qualquer passo em direção à porta de saída. Mas não, eles não vão.

E se perguntamos: “Filho, quando é que vais arranjar um canto só para ti?”. A resposta é tão certa quanto a falta de dinheiro na carteira: “ando a pensar nisso, mãe, ando a pensar...”. Entretanto, o frigorífico fica vazio, mais rapidamente do que a magia num show infantil.

Mas eles têm sempre uma justificação original. “A economia tá difícil, pai”. “O mercado de trabalho é selvagem, mãe”. “Meu signo diz que não é momento de mudanças”. São argumentos tão convincentes quanto o “cachorro comeu as bolachas”, do jardim de infância.

Aí, um dia, o pai ousa, quase envergonhado: “Filho, se pagares a conta da luz por mês, já ajuda”. A reação é digna de ópera dramática: “Eis que me arrancam a juventude! A luz, ó céus, a luz, símbolo da minha liberdade, agora cobra pedágio...”! Tudo isso, claro, enquanto assistem às séries em streaming na TV da sala, esparramados como se o mundo acabasse ali.

No fundo, nós até rimos (para não chorar). Porque sabemos que, um belo dia, vai surgir aquele momento mágico, em que eles enfim partem, empacotam as meias, os posters de banda que já se separou há dez anos e seguem rumo ao desconhecido. E, pode crer, nesse dia, nós vamos sentir saudade. Mas até lá, que tal mais um franguinho de churrasco, na hora do jantar? Quem sabe, assim eles saem... ou não?  Mas, pelo menos, já nos divertimos a contar esta história tão comum?

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quarta-feira, 18 de dezembro de 2024

SE O ARREPENDIMENTO MATASSE

Há dias em que o arrependimento pesa sobre o peito como um sopro abafado, um sussurro que se arrasta pelos cantos da memória e acaba por erguer muros dentro de nós. É um sentimento denso, de contornos quase invisíveis, que se insinua no silêncio, nos intervalos entre um pensamento e outro, na brisa leve que entra pela janela sem pedir licença. Diante dele, tudo que não fizemos, tudo que deixámos para depois, tudo o que fingimos que não importava, retorna na forma de fantasmas: palavras que nunca foram ditas, olhares que não se cruzaram, cartas que ficaram fechadas em gavetas empoeiradas de incerteza.

Carregamos o eco dos gestos contidos, dos abraços que não demos, das confissões sufocadas pelo medo de ser julgado ou não compreendido. O arrependimento é a morte lenta das possibilidades que, um dia, pareceram eternas e inquebrantáveis. É testemunhar, impotente, o desbotar de cores que, um dia, foram vívidas e o ranger de portas que se fecharam para sempre. Há uma certa melancolia na perceção de que nem sempre é possível retornar aos instantes onde a escolha andava no ar, esperando que estendêssemos a mão e a recolhêssemos para dentro de nós, transformando-a em realidade.

Porém, talvez haja um consolo neste desconforto: o arrependimento também é um lembrete de que somos humanos e falíveis, um convite a reconhecer as nossas limitações e fragilidades. É no amargor das oportunidades desperdiçadas que encontramos o fermento para novas tentativas. A dor de não ter tentado abre espaço para a determinação de não mais hesitar. O remorso, por si só, não reverte o passado—mas pode iluminar o caminho adiante, ensinando-nos a não fugir do que sentimos, a não nos intimidarmos pelo que não sabemos, a não poupar ternura e honestidade quando o coração a pede.

Assim, resta-me carregar o arrependimento como um espelho que me faz encarar a mim mesmo, com meus lapsos, silenciosas covardias e arroubos de orgulho. E, ao fazê-lo, crescer na direção da coragem, da transparência e do cuidado com o agora. É nessa assimilação lenta que repousa a chave para um futuro menos marcado pela dúvida e mais iluminado pela clara vontade de viver com autenticidade.

terça-feira, 17 de dezembro de 2024

A COREOGRAFIA DO ADEUS

Há um silêncio especial que antecede o adeus — como se o tempo segurasse, por um instante, a respiração, antes de deixar as palavras deslizarem, uma a uma, entre as fendas daquilo que já não se pode mais dizer. É nessa pausa suspensa, quase um abismo, que a dor encontra voz: ela instala-se nas pequenas coisas, no cheiro conhecido do café, na dobra do lençol, na tinta desgastada do corrimão.

Não é a partida em si que pesa, mas o espaço vazio que o outro deixa. O eco dos seus passos no corredor vazio, a cadeira vazia à mesa. O adeus não é apenas uma palavra, é um quadro que se desvanece, um retrato arrancado da parede, um sopro de ausência que espalha memórias pela casa. E ainda assim, mesmo no luto subtil do que já não é, floresce uma semente de compreensão. O adeus, por mais que custe, nos ensina a gentil e árdua arte de soltar as mãos.

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segunda-feira, 16 de dezembro de 2024

O retorno ao que já não é

Perguntaram-me se gostaria de voltar a alguma parte do meu passado. Pensei no que foi bom, mas respondi “não”. Explico.

"O retorno ao que já não é" pode ser interpretado como uma expressão poética ou filosófica que aborda a ideia de revisitar algo que já não existe mais no presente. Essa sentença suscita reflexões sobre a impossibilidade de recuperar o passado tal como ele foi, bem como sobre a natureza mutável do tempo, da memória e da identidade.

Ao tentar retornar a um momento passado, a pessoa depara-se com a impossibilidade de o reconstituir exatamente como era. O que resta são memórias, sempre marcadas pela subjetividade e pelas transformações do próprio sujeito que as lembra. Nesse sentido, o “retorno” torna-se uma reconstrução mental, idealizada, e não um reencontro fidedigno.

Aquilo que “já não é” pode ser interpretado tanto como um lugar ou situação do passado, como a um estado do próprio indivíduo. A tentativa de regressar ao que um dia existiu, encontra barreiras na mudança contínua: nem o contexto é o mesmo, nem a pessoa que vivenciou a experiência anterior se manteve inalterada.

Do ponto de vista filosófico, esta frase remete à fluidez do tempo e à irreversibilidade dos acontecimentos. O passado, uma vez transcorrido, não retorna ao seu estado original. O próprio ato de tentar “voltar” seria confrontado pela constatação de que o que passou tornou-se outro tipo de existência — talvez recordações, talvez vestígios — mas não o objeto presente, para onde se quer voltar.

“O retorno ao que já não é” encapsula a tensão entre o desejo de resgatar uma experiência passada e a constatação da impossibilidade de a reproduzir ou de a viver novamente. É uma reflexão sobre a natureza dinâmica da vida, do tempo e da própria subjetividade. Por isto tudo julgo ter dado uma boa resposta!

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sexta-feira, 13 de dezembro de 2024

UM OUTRO NATAL

O Natal, ao longo dos séculos, consolidou-se como uma celebração pautada por símbolos inconfundíveis — a reunião familiar, a árvore decorada, a troca de presentes, a ceia farta e a atmosfera de paz e esperança — mas, se o observarmos por um ângulo mais original e menos convencional, poderemos encontrar dimensões menos óbvias e igualmente ricas em significado.

Em vez de um feriado estritamente religioso ou comercial, o Natal pode ser visto como um ponto de convergência cultural e emocional, um marco que nos lembra da resiliência e da capacidade humana de reinventar rituais. A cada geração, novos elementos e valores são agregados, transformando a data em algo vivo e dinâmico: o que antes eram apenas velas e hinos hoje podem se unir às luzes de LED e às playlists de músicas contemporâneas.

Originalmente ligado ao solstício de inverno no Hemisfério Norte, o Natal pode ser encarado como a comemoração do retorno da luz após o período mais escuro do ano. Esse olhar simbólico, dissociado do calendário cristão, apresenta a festa como uma metáfora universal da superação da escuridão, tanto literal quanto metafórica: a busca por esperança em meio à incerteza e a renovação após as dificuldades. Assim, o nascimento celebrado não é apenas o de uma figura religiosa, mas também o nascer simbólico de novos começos — a compreensão, a solidariedade e a empatia.

Também é possível encontrar, no Natal, um convite à introspeção. Longe do consumo exacerbado, a data pode ser um lembrete para cultivar virtudes internas: a caridade que não se limita a dar presentes, mas a oferecer tempo, atenção e cuidado; a reflexão sobre o ano que passou e sobre o ano que está por vir, um momento de balanço existencial e o reconhecimento de que a verdadeira magia do Natal, muitas vezes se esconde em gestos simples e em afetos genuínos.

Assim, visto de forma original, o Natal não é, apenas, uma festa predeterminada, mas um fenómeno complexo, um campo simbólico, fértil para diversas interpretações. Ele pode ser o ponto de convergência entre passado e futuro, tradição e inovação, luz e escuridão, cultura e espiritualidade, recordando-nos a nossa humanidade compartilhada e o poder das histórias que contamos para dar sentido ao mundo.

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quinta-feira, 12 de dezembro de 2024

O NINHO VAZIO

Quantos de nós não terão já passado por esta situação ambígua de felicidade e tristeza. Quando os filhos batendo as asas procuram o seu caminho?

A síndrome do ninho vazio é um fenómeno que ocorre quando os filhos, já crescidos, deixam a casa dos pais, muitas vezes rumo à faculdade, ao casamento ou à vida independente. Esse momento, embora esperado como um marco natural do ciclo de vida familiar, pode ser sentido de maneira profunda e intimista, especialmente por aqueles que investiram grande parte de sua identidade no papel de cuidadores.

Do ponto de vista pessoal e intimista, o ninho vazio não se resume apenas à ausência física do filho no lar, mas envolve uma ampla gama de sentimentos internos. É comum que pais e mães experimentem um misto de tristeza, melancolia, solidão e até mesmo um certo desamparo emocional. Ao olhar para os quartos vazios, para a rotina sem os sons habituais dos filhos ou para os rituais familiares interrompidos, muitos se veem frente a um vazio que vai além do espaço físico: é um vazio simbólico, que questiona sua própria identidade, propósito e valor pessoal.

Este aspecto “pessoal e intimista” da síndrome exige uma reflexão cuidadosa sobre a própria trajetória de vida. É um momento que convida à redescoberta de si mesmo: hobbies adiados podem ser retomados, interesses esquecidos podem emergir e novas conexões sociais podem ser cultivadas. Nesse sentido, embora a sensação inicial possa ser marcada pela perda, existe também um potencial transformador. Muitos pais se permitem reencontrar desejos e metas pessoais, fortalecendo a autoestima e desenvolvendo novas dimensões do “eu” que antes estavam ofuscadas pelas exigências da vida familiar.

Em última análise, o ninho vazio vivenciado de forma pessoal e intimista é um fenómeno que pode levar à dor, mas também ao crescimento. Por meio da introspeção, do acolhimento das suas próprias emoções e do investimento em novas atividades e relacionamentos, muitos pais e mães conseguem dar um novo significado à própria existência, transformando esse período de transição numa oportunidade para redescobrir quem realmente são, para além do papel de cuidadores.

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quarta-feira, 11 de dezembro de 2024

O COPO MEIO CHEIO

O ditado popular "ver o copo meio cheio" remete à ideia de enxergar os acontecimentos da vida sob uma perspetiva positiva, valorizando o que já se possui, ao invés de lamentar o que falta. A imagem metafórica do copo com água até a metade funciona como um símbolo de nosso estado interno diante dos desafios quotidianos. Quando nos deparamos com uma situação, podemos enxergá-la como “meio vazia” – fixando-nos em dificuldades, limitações e ausências – ou “meio cheia” – concentrando a nossa atenção nas oportunidades, conquistas e recursos disponíveis.

Adotar a postura de quem vê o copo meio cheio não significa ignorar problemas ou fingir que tudo está perfeito. Pelo contrário, trata-se de uma escolha consciente de manter o foco no lado construtivo das situações, reconhecendo os obstáculos, mas não deixando que eles definam por completo a nossa experiência. Essa atitude positiva, embora não resolva magicamente as questões, contribui para um estado mental mais resiliente, criativo e aberto a encontrar soluções.

Além disso, a perspetiva do copo meio cheio promove uma mudança no relacionamento com nós próprios e com os outros. Ao enfatizarmos os pontos fortes e o que já foi alcançado, fortalecemos a autoconfiança e o otimismo. Isso não apenas melhora a nossa capacidade de enfrentar novos desafios, como também incentiva uma postura mais empática e compreensiva em relação às dificuldades alheias.

Em suma, “o copo meio cheio” é um lembrete constante de que a realidade pode ser interpretada sob diversos ângulos. Escolher olhar para a metade preenchida do copo não é negar que há um espaço vazio, mas sim reconhecer que mesmo nas situações mais complexas, há um potencial a ser explorado, uma oportunidade de crescimento e uma esperança que vale a pena cultivar.

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terça-feira, 10 de dezembro de 2024

O ENVELHECIMENTO NAS MULHERES

Muitas sociedades têm padrões culturais que valorizam a juventude, especialmente no caso das mulheres. Isso acaba por levar à invisibilidade das mais velhas, tanto nos meios de comunicação quanto nas políticas públicas, o que contribui para uma falta de reconhecimento dos desafios que o envelhecimento representa para elas.

A pesquisa médica, historicamente, foi centrada nos homens, negligenciando muitas vezes, as diferenças biológicas e hormonais que impactam a saúde das mulheres. Embora se tenha melhorado, ainda há lacunas importantes no estudo do envelhecimento feminino.

Esta mudança traz alterações hormonais significativas, como a menopausa, que podem ter efeitos profundos, não apenas no bem-estar físico, mas também no emocional, com impacto no humor, na qualidade do sono e na saúde mental.  E, como as mulheres tendem a viver mais do que os homens, muitas vezes sem o devido apoio, são mais propensas a enfrentar períodos prolongados de limitações físicas e emocionais.
As mulheres mais velhas muitas vezes acumulam funções de cuidadoras, seja de netos, parceiros com problemas de saúde, pais idosos ou outros parentes. Essa sobrecarga, aliada à falta de reconhecimento e suporte social, gera crises emocionais que, com frequência. passam despercebidas ou são desvalorizadas.

O preconceito da “velhice feminina” pode levar ao estigma na procura por cuidados especializados, fazendo com que muitas mulheres hesitem em buscar apoio psicológico, terapias hormonais ou tratamentos de saúde mental com receio de serem julgadas, o que resulta numa menor visibilidade desses problemas.

Em suma, subestimar o impacto do envelhecimento feminino deve corrigir-se com políticas de saúde mais inclusivas, maior produção e divulgação de pesquisas específicas sobre o tema, educação continuada para profissionais de saúde e consciencialização social. Assim, será possível garantir um envelhecimento mais saudável e digno, não só do ponto de vista físico, mas também mental e emocional.

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segunda-feira, 9 de dezembro de 2024

PADRÕES DE BELEZA

Os padrões de beleza podem afetar profundamente a forma como nos vemos e nos relacionamos com nós mesmos e com os outros. Para muitas pessoas, esses padrões criam uma sensação constante de inadequação, uma voz interna que questiona: "Sou suficiente assim como sou?"

A comparação constante do corpo ou da aparência com imagens idealizadas, muitas vezes editadas ou irreais, pode trazer frustração ou tristeza, mesmo que, racionalmente, saibamos que esses padrões são fabricados.

Noutros momentos, sentimo-nos como se estivéssemos a tentar encaixar-nos numa "moldura", para ganhar a validação dos outros. A aprovação externa pode parecer essencial, mas a verdade, é que ela nunca satisfaz completamente.

Em certas ocasiões, na tentativa de nos adequarmos a esses padrões, as pessoa podem distanciar-se daquilo que é único em si. O que era espontâneo e autêntico pode ser moldado para caber no que os outros esperam que sejamos.

Pode ser que tenhamos mudado de estilo, da forma de vestir, ou até feito algo mais radical, como um procedimento estético, e mesmo assim, sentir que aquilo não trouxe a felicidade esperada. Essas experiências deixam marcas emocionais.

Encontrar o Equilíbrio

Ligarmo-nos a quem realmente somos, além da aparência, é um processo difícil, mas profundamente libertador. Talvez tenhamos experimentado momentos de rejeição ou crítica que doeram, mas também há uma força única em abraçar a nossa singularidade. Aceitar-se do jeito que somos não significa ignorar a vontade de melhorar, mas sim aprender a diferenciar o que queremos para nós, do que é imposto pelos outros.

No fundo, o impacto dos padrões de beleza é um lembrete de que a nossa maior beleza está na forma como nos tratamos e como escolhemos olharmo-nos. Isso é o que realmente resplandece, mesmo quando o mundo ao nosso redor tenta ditar o contrário.

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domingo, 8 de dezembro de 2024

GRATIDÂO

Ontem fiz anos. Hoje também. Devo esse privilégio à minha mãe, que permitiu que eu olhasse o mundo, à meia-noite de 7 para 8 de dezembro. Passaram noventa anos sobre essa data, e hoje a minha casa transformou-se num verdadeiro jardim, com as maravilhosas flores que me enviaram.

Quero, por isso, expressar o meu mais sincero agradecimento por todo o carinho que recebi no meu aniversário. Cada palavra, mensagem e pensamento positivo, cada flor e gesto de atenção, encheram o meu dia de alegria e tornaram esta data ainda mais especial. É muito bom saber que tenho pessoas tão queridas ao meu redor, capazes de transformar um simples dia de anos, num momento de profunda gratidão e felicidade. Muito obrigado(a) por fazerem parte da minha vida e por tornarem este meu dia inesquecível.

quinta-feira, 5 de dezembro de 2024

A INCAPACIDADE DE ESTAR SÓ

A incapacidade de estar só é uma característica marcante de muitas pessoas na sociedade contemporânea, que reflete uma dificuldade de enfrentar o silêncio, a introspeção e a conexão consigo próprio. Estar só não se limita a um estado físico, é, também, uma condição emocional e psicológica, que exige maturidade e autoconhecimento. Aqueles que evitam a solidão recorrem, com frequência. ao bulício constante da vida social e das suas redes ou a atividades incessantes para preencher um vazio interno que, na realidade, não pode ser preenchido externamente.

Essa incapacidade está, muitas vezes, ligada a questões mais profundas, como o medo de enfrentar os próprios pensamentos, a insegurança ou a dependência emocional. A sociedade atual valoriza muito a conexão e a interação, mas ensina muito pouco a importância dos momentos de solitude. Esta não deve ser confundida com isolamento, que é uma desconexão forçada. A solitude é a capacidade de escolher estar só, para se reconectar consigo mesmo.

Estar sozinho oferece a oportunidade de refletir, crescer e entender os desejos e sentimentos mais profundos de cada um. É na solidão que desenvolvemos autonomia emocional, aprendemos a lidar com as nossas fraquezas e encontramos força interna. Por outro lado, a incapacidade de estar só pode levar à dependência da validação externa, relacionamentos superficiais ou até mesmo a uma sensação de vazio constante.

Assim, aprender a estar só não é apenas um exercício de autoconhecimento, mas também um ato de coragem. Exige enfrentamento de desconforto inicial e aceitação de que a solidão faz parte da experiência humana. Ao permitir esse encontro com nós mesmos, descobrimos que a companhia mais importante é a que cultivamos dentro de nós.

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quarta-feira, 4 de dezembro de 2024

O Chat GPT

Hoje decidi perguntar ao Chat GPT o que ele próprio considerava serem os seus riscos e as suas qualidades, Eis em resumo o que ele me respondeu!

Dito pelo ChatGPT:

O ChatGPT, como uma ferramenta avançada de inteligência artificial, apresenta uma série de riscos e oportunidades, dependendo do contexto de uso e das formas como é implementado. Aqui está uma análise:

Oportunidades

  1. Automatização de tarefas repetitivas:
  2. Apoio à educação e aprendizagem:
  3. Inovação em negócios e produtividade:
  4. Acessibilidade e inclusão:
  5. Apoio à tomada de decisão:

Riscos

    1. Propagação de desinformação:
    2. Prejuízo da privacidade:
    3. Substituição de empregos:
    4. Dependência excessiva:
    5. Uso mal-intencionado:
    6. Falta de interpretação contextual:

Mitigação de Riscos

    • Educação digital
    • Regulação:
    • Auditoria e transparência
    • Combinação com supervisão humana:

 

Ao equilibrar os benefícios e os cuidados necessários, o ChatGPT pode ser uma ferramenta poderosa e transformar positivamente diversos setores. Mas todos esquecem que, um dia, ele será liquidado por outro Chat GPT. Então façamos dele o uso adequado!

terça-feira, 3 de dezembro de 2024

SOB O SIGNO DA TEMPERANÇA

Há um ritmo secreto no universo, um pulsar que não se apressa nem hesita. Sob o signo da Temperança, tudo parece caminhar ao compasso exato desse ritmo invisível. É o equilíbrio entre o fogo que consome e a água que apazigua. Não é a ausência de extremos, mas a dança delicada entre eles.

Temperança é uma palavra sussurrada pelo vento, uma promessa de que o caos pode ser domado sem ser apagado. É o sabor que surge quando misturamos dois ingredientes em harmonia, cada um trazendo à tona o melhor do outro. Não é renúncia, é alquimia. Não é contenção, é arte.

Em um mundo que insiste em extremos, Temperança é um refúgio silencioso. É a voz interna que sussurra: "Espere. Escute. Respire." É o gole de água no meio da tempestade, o instante entre o trovão e o relâmpago, onde o coração encontra um ponto de repouso.

Sob esse signo, percebemos que o poder não está em correr, mas em caminhar. Não em gritar, mas em sussurrar. Não em possuir, mas em compartilhar. É quando a vida deixa de ser um ato frenético para se tornar um fluxo sereno, como um rio que corre entre as pedras, moldando-as sem pressa, sem violência.

Sob o signo da Temperança, aprendemos que o meio-termo não é fraqueza, mas sabedoria. Que o equilíbrio não é um ponto fixo, mas uma constante negociação. É a coragem de dizer "basta" quando o mundo exige "mais". É encontrar paz não na ausência de conflito, mas na aceitação da dualidade que vive em nós.

E assim, sob esse signo, não somos estáticos. Somos artesãos do nosso próprio tempo, tecendo os fios da vida com paciência, cuidado e amor. Sob o signo da Temperança, descobrimos que o essencial não é conquistar, mas compreender. Não é lutar contra o fluxo, mas aprender a nadar com ele.

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segunda-feira, 2 de dezembro de 2024

A NOSSA ESPIRITUALIDADE

A espiritualidade é como um sussurro dentro de nós, aquele chamado suave que nos convida a olhar para além da correria diária e nos conectar com algo maior. Não importa como a chamemos – fé, propósito, luz interior –, ela está ali, esperando ser notada, como o nascer do sol que insiste em iluminar o dia, mesmo quando não estamos olhando.

Mais do que uma prática, a espiritualidade é um refúgio. É aquele momento em que paramos para respirar fundo e nos perguntamos: "Qual é o sentido de tudo isto?". Ela nos ajuda a encontrar respostas, mesmo quando tudo ao nosso redor parece sem direção. Pode ser uma oração silenciosa, um instante de gratidão, ou simplesmente o ato de contemplar o céu estrelado.

Nos momentos difíceis, quando a vida parece pesar demais, a espiritualidade é como um abraço invisível. Ela nos lembra que não estamos sozinhos, que há algo maior que nos guia e sustenta. Não precisa ter nome, nem regras. Pode ser um sentimento, uma certeza íntima de que estamos exatamente onde deveríamos estar.

Além de nos reconectar connosco mesmos, a espiritualidade convida-nos a olhar para o outro com mais compaixão. Quando reconhecemos a chama divina ou a energia vital dentro de nós, percebemos que ela também brilha em todos ao nosso redor. E, assim, aprendemos a viver com mais gentileza, mais paciência, mais amor.

Seja qual for o caminho que tenhamos escolhido para alimentar a nossa espiritualidade, ele será o que faz o coração vibrar, o que acalma a mente e trás paz à sua alma. Porque, no final, a espiritualidade é isso: um alerta de que somos mais do que aquilo que vemos, que há algo eterno em nós esperando para ser vivido.

Permita-se ouvir esta chamada. Ela pode ser a chave para encontrar aquela paz que tanto buscamos.

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domingo, 1 de dezembro de 2024

O 1 DE DEZEMBRO

O dia 1 de dezembro desponta envolto numa bruma quase poética, como se o calendário sussurrasse uma pausa para reflexão. É um dia que, para os portugueses, carrega a memória de um eco distante, a Revolução de 1640, onde um povo reclamou o direito à sua identidade, à sua autonomia, à sua história. Mas para além dos livros e das datas, o 1 de dezembro traz consigo algo mais: a intimidade do recomeço.

Nesta manhã fria de final de outono, as ruas parecem dialogar com o silêncio de um feriado. Os passos que cruzam as calçadas ecoam mais alto, como se cada um carregasse consigo um pequeno pedaço do passado, da memória coletiva que molda o presente. É um dia de alma portuguesa, um encontro entre a força de um grito de independência e a quietude da introspeção.

Há algo de pessoal no 1 de dezembro. Não se trata apenas de olhar para trás, mas de se reconhecer no que veio antes: os sacrifícios, as batalhas, os anseios de liberdade que, de algum modo, encontram ressonância em cada desejo íntimo de ser mais, de ser inteiro. As pessoas talvez não pensem diretamente nisso, mas o espírito está lá, em cada brisa gelada que roça o rosto, em cada respiração profunda que acalma o peito.

É também um dia que pede aconchego, talvez uma chávena de chá perto da janela ou um passeio em ruas que se preparam para o Natal. Um dia para lembrar que, entre os grandes gestos da história e os pequenos gestos quotidianos, há uma linha invisível que nos une. E essa linha se reforça no 1 de dezembro, quando a independência de uma nação se entrelaça com a independência interior de cada um.

Assim, este dia não é apenas história. É a celebração do que é possível, do que se conquista quando não se desiste de si mesmo. Um convite a lembrar, a sentir, e, sobretudo, a continuar.

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