Os anos passam com um ritmo curioso e contraditório, fluindo
de forma tão rápida que mal percebemos os dias desvanecendo, mas ao mesmo tempo
com uma lentidão quase cruel, que nos faz sentir o peso de cada instante. É
como se estivéssemos num barco que desliza sobre águas ora serenas, ora
turbulentas, sem que tenhamos controle sobre a direção ou a velocidade. Alguns
dias são mais longos que meses, como se insistissem em ficar gravados, mas
outros se perdem num piscar de olhos, deixando apenas rastros sutis, quase
impercetíveis, como pegadas na areia levadas pelo vento.
O tempo se move com uma dualidade estranha: parece se esticar
quando vivemos uma dor profunda ou aguardamos por algo, mas encolhe e escapa
quando nos sentimos plenamente felizes. Num momento, somos crianças, cheias de
sonhos e fantasias; no outro, percebemos marcas no rosto e na alma, testemunhas
da nossa própria trajetória. E entre um instante e outro, tudo muda e, ao mesmo
tempo, tudo parece permanecer.
Essa passagem ambígua do tempo é um espelho que nos mostra o
quanto, apesar de tentarmos controlá-lo, ele segue seu próprio rumo, lento e
implacável, rápido e fugaz. Talvez, no fundo, seja essa a beleza de viver:
sentir, a cada segundo, que os anos se desenrolam de forma misteriosa, e
aceitar que a magia do tempo está justamente nesse paradoxo, em que o ontem
parece tão distante, e o amanhã, ao alcance da mão.
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