Quantas vezes já pôs a si próprio esta questão? Algumas, decerto.
Importantes. Se pudesse voltar atrás, talvez não mudasse tudo, mas certamente
passaria mais tempo naquilo de que hoje sinto falta. Lembra-se daquelas
conversas que deixou pela metade? Daqueles olhares que evitou por pressa ou
medo? Talvez os prolongasse, deixasse que eles durassem um momento mais, mesmo
que na época isso parecesse tolice.
Eu voltaria aos dias em que o sol parecia brilhar de um jeito
mais simples, em que a correria do futuro não existia ainda — porque o futuro
parecia uma promessa distante e não uma conta que tem de ser paga. Abraçaria
mais apertado, diria as palavras que calei, daria menos valor ao que me
preocupava e mais ao que me fazia feliz.
Mas também sei que voltar atrás é um desejo enganoso. Talvez
o eu de ontem não soubesse o que sei hoje, e é por isso que aquele erro parecia
inevitável. Não é só o tempo que muda, somos nós. Se pudesse voltar, eu não
encontraria o mesmo cenário — porque, no fundo, não é o passado que queremos
mudar, é o peso que ele deixa no coração.
E mesmo assim, é curioso pensar: o que faria diferente? Seria
eu mais valente? Mais leve? Ou só mais consciente? Talvez voltar atrás não seja
sobre corrigir, mas sobre resgatar. Resgatar a leveza, a esperança, o olhar ingénuo
que via o mundo com mais amor do que exigência.
Se pudesse voltar atrás, não corrigiria o passado, mas
aprenderia a perdoá-lo. Afinal, é nele que me tornei quem sou, mesmo com as
cicatrizes. E talvez seja exatamente isso: viver é aceitar que o tempo segue em
frente, mas sempre deixa um pouco de nós para trás, como uma lembrança ou um
aviso para o que vem a seguir.
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