quarta-feira, 27 de novembro de 2024

SONHAR O FUTURO

Já alguma vez lhe aconteceu sonhar o futuro? Se sim e o fizer de forma intimista, é como mergulhar fundo no silêncio de si mesmo e ouvir os ecos do que está por vir. É fechar os olhos e sentir os sussurros de possibilidades que ainda não têm forma, mas já habitam o coração.

É aquele momento em que nos permitimos imaginar sem amarras, guiados por um desejo íntimo ou por uma inquietação que teima em pulsar. Sonhar o futuro pode ser como um diálogo entre o seu “eu” presente e o “eu” que quer ser — um encontro no escuro, onde cada detalhe imaginado é uma centelha de esperança ou um medo disfarçado.

Às vezes, o futuro aparece como um quadro esborratado, outras, como um espelho límpido que reflete aquilo que já sabíamos, mas não ousávamos dizer em voz alta. É nesse instante de quietude, antes de dormir ou ao caminhar sozinho, que as imagens vêm: uma cena, um rosto, uma sensação. Não é o futuro em si, mas a essência dele, moldada pelos desejos mais íntimos que carregamos.

Sonhar o futuro é um convite para se escutar a si mesmo e ao mundo — não apenas com os ouvidos, mas com a alma. Que forma ele teria se fosse uma melodia? Que cores surgiriam se outro o pintasse? Se o seu sonho sussurra algo sobre o que está por vir, é porque, talvez, seja hora de perguntar: "O que me impede de o tornar real?"

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segunda-feira, 25 de novembro de 2024

UMA VIDA

Se é curioso e gosta de explorar, talvez tenha sido uma criança cheia de perguntas, sempre querendo entender como o mundo funciona. Se é mais artístico, posso imaginar essa criança desenhando, pintando ou inventando histórias, talvez até criando "obras-primas" para pendurar na geladeira.

Se gosta de ajudar ou ouvir as pessoas, talvez fosse o tipo de jovem que todos procuravam para um conselho ou um ombro amigo. Ou, quem sabe, era alguém aventureiro, escalando árvores, correndo ao ar livre e inventando brincadeiras?

Estes foram as dúvidas de alguém, para quem os 45 anos, marcaram um ponto de viragem muito significativo na sua jornada. Essa perceção de que a vida pode (re)começar em qualquer momento foi tremendamente libertadora. Abraçou transformações, encarou desafios, e ainda encontrou espaço para a realização conquistas pessoais.

Licenciou-se, casou, foi mãe, enfrentou um divórcio e depois decidiu viver plenamente, assente numa força interior admirável. É um foco de que a vida é feita de ciclos e que, em cada novo começo, existe uma oportunidade para escrever uma nova história, com coragem e autenticidade.

Encontrar a verdadeira profissão, redescobrir o amor e repensar toda a trajetória, mostram uma pessoa que não só escolheu viver, mas viver plenamente, com intenção e significado. É fascinante como, ao nos permitirmos novas experiências, acabamos encontrando caminhos que nem imaginávamos estar disponíveis para nós.

Este processo de dar um novo sentido à vida é profundamente transformador. Ele reflete maturidade, autoconhecimento e, sobretudo, coragem para deixar o passado para trás e abraçar o presente com toda a sua complexidade e beleza.

A verdadeira profissão e o amor, encontrados nesta fase da vida, parecem ser frutos de uma busca autêntica por aquilo que, realmente, ressoa com o que somos. E a decisão de repensar a vida, em vez de apenas a seguir no automático, é um exemplo de que nunca é tarde para ajustar as velas e navegar rumo a uma nova direção. Esta história é real e verdadeira!

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terça-feira, 19 de novembro de 2024

SE PUDESSE VOLTAR ATRÁS

Quantas vezes já pôs a si próprio esta questão? Algumas, decerto. Importantes. Se pudesse voltar atrás, talvez não mudasse tudo, mas certamente passaria mais tempo naquilo de que hoje sinto falta. Lembra-se daquelas conversas que deixou pela metade? Daqueles olhares que evitou por pressa ou medo? Talvez os prolongasse, deixasse que eles durassem um momento mais, mesmo que na época isso parecesse tolice.

Eu voltaria aos dias em que o sol parecia brilhar de um jeito mais simples, em que a correria do futuro não existia ainda — porque o futuro parecia uma promessa distante e não uma conta que tem de ser paga. Abraçaria mais apertado, diria as palavras que calei, daria menos valor ao que me preocupava e mais ao que me fazia feliz.

Mas também sei que voltar atrás é um desejo enganoso. Talvez o eu de ontem não soubesse o que sei hoje, e é por isso que aquele erro parecia inevitável. Não é só o tempo que muda, somos nós. Se pudesse voltar, eu não encontraria o mesmo cenário — porque, no fundo, não é o passado que queremos mudar, é o peso que ele deixa no coração.

E mesmo assim, é curioso pensar: o que faria diferente? Seria eu mais valente? Mais leve? Ou só mais consciente? Talvez voltar atrás não seja sobre corrigir, mas sobre resgatar. Resgatar a leveza, a esperança, o olhar ingénuo que via o mundo com mais amor do que exigência.

Se pudesse voltar atrás, não corrigiria o passado, mas aprenderia a perdoá-lo. Afinal, é nele que me tornei quem sou, mesmo com as cicatrizes. E talvez seja exatamente isso: viver é aceitar que o tempo segue em frente, mas sempre deixa um pouco de nós para trás, como uma lembrança ou um aviso para o que vem a seguir.

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segunda-feira, 18 de novembro de 2024

O ENGANO

O engano é uma experiência universal que permeia as relações humanas, as narrativas sociais e até a forma como nos percebemos. Trata-se de um fenómeno que vai além de simplesmente mentir ou ser enganado; é um mecanismo intrincado, muitas vezes alimentado pela interpretação subjetiva da realidade, pela falta de informação ou pela manipulação intencional.

No âmago do engano está a dissonância entre a verdade e a perceção. Ele pode surgir de maneira inocente, como em mal-entendidos ou erros, ou de forma premeditada, quando utilizado como ferramenta de controle, persuasão ou auto-preservação. Seja qual for a origem, o engano tem um impacto profundo sobre a confiança, um pilar essencial nas relações humanas.

Historicamente, o engano tem moldado civilizações. Lendas e mitologias frequentemente abordam o tema, como o famoso Cavalo de Troia, que exemplifica o uso do engano como estratégia de guerra. No entanto, o engano também é explorado em narrativas modernas, desde enredos de suspense a debates políticos, demonstrando que a sua relevância contínua.

No plano pessoal, o engano pode ser ainda mais complexo. Há momentos em que ele é um reflexo da fragilidade humana — o medo de enfrentar verdades difíceis ou a tentativa de preservar uma imagem idealizada. Paradoxalmente, também podemos enganarmo-nos a nós mesmos, criando ilusões que, embora confortáveis, podem atrasar nosso crescimento.

Refletir sobre o engano é essencial para entendermos as suas nuances e impactos. Ele pode destruir relacionamentos, corroer instituições e alimentar desconfiança, mas também nos desafia a buscar clareza, honestidade e compreensão num mundo onde a verdade nem sempre é óbvia.

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sábado, 16 de novembro de 2024

Sorrisos e Memórias Não Envelhecem

Há algo de intemporal nos sorrisos e nas memórias. Enquanto o tempo passa, enquanto os rostos mudam e os cabelos ficam prateados, há momentos que permanecem intactos dentro de nós, como se o calendário nunca os tivesse tocado.

Um sorriso capturado numa fotografia ou guardado na lembrança não carrega rugas. Ele não perde o brilho, não fica opaco. Ele é a essência de um instante, uma alegria pura, um afeto sincero, uma emoção que transcendeu as limitações do tempo.

As memórias, por sua vez, têm o poder de nos transportar. Basta um cheiro, uma música, ou uma palavra, e lá estamos nós, revivendo um momento que parecia esquecido. Não importa quanto tempo tenha passado, o coração sabe reconhecer aquilo que foi verdadeiro.

Sorrisos e memórias são o antídoto contra o efémero. São como âncoras que nos mantêm conectados ao que importa, mesmo quando o mundo insiste em avançar sem pausa. Eles são lembranças de que vivemos, amamos e fomos amados.

Então, cuide das suas memórias. Deixe que os sorrisos sejam eternos. Porque, no fim, são essas relíquias do coração que nos tornam imortais.

( A propósito de um texto de Alda Prado com o mesmo nome )

 

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sexta-feira, 15 de novembro de 2024

Uma certa forma de Visão


 A revista Visão está sempre muito atualizada, como prova a foto da notícia acima. Fiquei com um problema. Se lhe interessou tanto a nossa conversa da descida o que não teria interessado a conversa da subida, essa sim, verdadeiramente animada, como acontece quando nos encontramos. Fiquei mesmo com pena!

RAÌZES E ASAS: A ESSÊNCIA DE CRIAR FILHOS

Criar filhos é um dos maiores desafios e, ao mesmo tempo, uma das mais profundas dádivas da vida. Como pais, somos jardineiros de pequenas sementes, responsáveis por nutrir, proteger e orientar até que se tornem árvores fortes e autossuficientes. Para cumprir essa missão, é preciso um equilíbrio delicado: oferecer raízes que os conectem à terra firme e asas que os permitam explorar os céus.

Raízes são o alicerce

Elas simbolizam os valores, a segurança e o amor incondicional que damos aos nossos filhos. Raízes fortes ajudam a enfrentar os desafios do mundo, dando-lhes um senso de identidade e pertencimento. São as conversas ao redor da mesa, as tradições familiares e os momentos compartilhados que formam essa base. É ensinar que, mesmo nos momentos difíceis, eles têm um lugar seguro para voltar.

Asas são a liberdade

 Significam a confiança para deixá-los partir, para que descubram o mundo por conta própria. As asas desenvolvem-se com encorajamento, autonomia e coragem. É inspirar os filhos a sonharem, a superarem os próprios limites e a acreditarem em si mesmos. Dar-lhes asas é dizer: "Você é capaz. Vá e experimente, mas lembre-se de onde veio."

Pais que oferecem raízes sem asas podem criar filhos inseguros e dependentes. Por outro lado, asas sem raízes podem levar ao vazio e à desconexão. O segredo está na harmonia: cultivar raízes profundas e oferecer asas amplas, mostrando que o lar é o ponto de partida, mas não a linha de chegada.

Criar filhos com raízes e asas é aceitar que eles não são nossos para sempre. É vê-los crescer, voar e, ainda assim, saber que a essência de tudo o que plantamos permanecerá com eles onde quer que estejam. Afinal, o maior presente que podemos dar aos nossos filhos é a coragem para explorar o mundo e a certeza de que têm um porto seguro para sempre.

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quinta-feira, 14 de novembro de 2024

OLHOS NOS NA TV

Hoje irei conversar com a Tânia Ribas de Oliveira, na sua rubrica OLHOS NOS OLHOS, sobre o meu último livro cujo, título tem o mesmo nome. Não deixa de ser uma agradável coincidência este diálogo em que cada uma de nós se irá encarar desta forma.

Não tenho por hábito chamar a atenção para os programas televisivos a que vou, mas perante esta dupla surpreendente, não resisti. Se quiser assistir ligue o seu aparelho na RTP 1 e ouça-nos com os olhos postos em nós!

terça-feira, 12 de novembro de 2024

A VINGANÇA E O PERDÃO

Sim, a vingança é bem diferente do perdão, tanto na sua essência como nos seus efeitos emocionais e sociais.

A Vingança é uma resposta negativa a uma ofensa ou dor sofrida, que visa retribuir o sofrimento ao causador do mal. Ela nasce da mágoa e do desejo de "equilibrar" a injustiça, buscando que o ofensor experimente algo similar ao que causou. Embora traga uma sensação temporária de satisfação, a vingança resulta frequentemente num ciclo de ressentimento e conflito, podendo até causar mais sofrimento a quem busca vingança.

O Perdão, por outro lado, é a decisão de libertar a mágoa ou ressentimento que se sente em relação a alguém que causou um dano, sem buscar punição ou retribuição. O perdão não implica aceitar ou justificar o erro, mas sim interromper o ciclo da mágoa. Ele é associado a um alívio emocional, ajudando quem perdoa a seguir em frente sem carregar o peso daquela experiência negativa. Resumindo, diremos que:

  • Vingança é reativa e concentra-se em “corrigir” a dor com uma nova dor.
  • Perdão é uma escolha de deixar a mágoa para trás e encontrar paz, mesmo que o ofensor não mude ou se desculpe.

Embora o impulso de vingança seja comum e até natural, o perdão é geralmente considerado mais benéfico para a saúde emocional, evitando que a dor e a raiva se tornem permanentes.

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A LUTA PELA IDENTIDADE

A luta pela identidade é um tema central para entender os movimentos sociais, culturais e pessoais ao longo da história. Esse conceito envolve o esforço constante de grupos e indivíduos para afirmar quem são, em meio a uma sociedade que muitas vezes tenta padronizar, marginalizar ou silenciar as suas particularidades. As identidades constroem-se por meio de uma combinação de elementos culturais, históricos, sociais e emocionais que formam a visão que cada pessoa ou grupo tem de si mesmo e que deseja que o mundo reconheça.

Essa luta é evidente nas reivindicações de comunidades étnicas, religiosas, LGBTQIA+, feministas, indígenas e outras, que há séculos enfrentam a invisibilidade, o preconceito e a discriminação. A opressão desses grupos é marcada pelo apagamento da sua cultura e valores, a fim de integrar-se a uma norma dominante que ignora ou distorce a diversidade. A busca por identidade torna-se, assim, uma resistência ao apagamento, uma luta pela valorização da própria existência, da história e modo de ser.

A globalização e as redes sociais intensificaram essa luta. Com a possibilidade de partilhar informações e conectar-se com pessoas de todo o mundo, novos movimentos identitários emergem e encontram eco, fortalecendo causas locais e conferindo visibilidade a questões antes confinadas a pequenas comunidades. A internet funciona como um espaço para o diálogo e a troca cultural, permitindo que as identidades se afirmem e evoluam em rede.

Mas, ao mesmo tempo, essa exposição cria tensões e desafios. As identidades, ao serem constantemente analisadas, debatidas e, por vezes, apropriadas, podem sofrer de uma "hipervisibilidade" que reduz a sua complexidade. Por isso, a luta pela identidade também é um processo contínuo de reflexão e proteção das narrativas próprias, sem a necessidade de assimilação ou distorção.

Assim, a luta pela identidade expressa-se em diversas dimensões — pessoal, social, política e cultural — e é uma busca contínua pela dignidade, autenticidade e respeito. É uma afirmação de se ser quem se é, sem precisar de se adaptar aos moldes impostos. Constitui uma vitória e um direito fundamental.

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segunda-feira, 11 de novembro de 2024

TÃO DEPRESSA E TÃO DEVAGAR

Os anos passam com um ritmo curioso e contraditório, fluindo de forma tão rápida que mal percebemos os dias desvanecendo, mas ao mesmo tempo com uma lentidão quase cruel, que nos faz sentir o peso de cada instante. É como se estivéssemos num barco que desliza sobre águas ora serenas, ora turbulentas, sem que tenhamos controle sobre a direção ou a velocidade. Alguns dias são mais longos que meses, como se insistissem em ficar gravados, mas outros se perdem num piscar de olhos, deixando apenas rastros sutis, quase impercetíveis, como pegadas na areia levadas pelo vento.

O tempo se move com uma dualidade estranha: parece se esticar quando vivemos uma dor profunda ou aguardamos por algo, mas encolhe e escapa quando nos sentimos plenamente felizes. Num momento, somos crianças, cheias de sonhos e fantasias; no outro, percebemos marcas no rosto e na alma, testemunhas da nossa própria trajetória. E entre um instante e outro, tudo muda e, ao mesmo tempo, tudo parece permanecer.

Essa passagem ambígua do tempo é um espelho que nos mostra o quanto, apesar de tentarmos controlá-lo, ele segue seu próprio rumo, lento e implacável, rápido e fugaz. Talvez, no fundo, seja essa a beleza de viver: sentir, a cada segundo, que os anos se desenrolam de forma misteriosa, e aceitar que a magia do tempo está justamente nesse paradoxo, em que o ontem parece tão distante, e o amanhã, ao alcance da mão.

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domingo, 10 de novembro de 2024

Lembras-te quando foi?

Lembras-te quando foi? Aquela tarde de céu rosado, com o cheiro doce da chuva que mal tinha começado a cair? Sentados na velha varanda, já desgastada pelo tempo, ríamos de histórias antigas como se fosse a primeira vez que as contávamos. Havia uma leveza naquelas horas, como se o mundo tivesse parado para ouvir as nossas recordações.

Lembras-te quando foi? O dia em que partimos sem destino, só nós e a estrada à frente, sem pressa de chegar. O vento batia nos nossos rostos, misturando-se com o som das nossas gargalhadas. Parecia um sonho distante, mas, na verdade, aconteceu. Quantas memórias guardadas em pequenos detalhes, que só a nossa lembrança reconhece. O tempo era outro, e nós também.

Lembras-te quando foi? Aquela conversa longa até o sol nascer, em que os segredos mais profundos vieram à tona. Havia confiança, cumplicidade, e a sensação de que nada poderia romper aquele momento. Sabíamos que, por mais que a vida nos levasse a lugares diferentes, aquela memória permaneceria intacta, como uma fotografia escondida no fundo de uma gaveta, esperando ser redescoberta.

É curioso como as lembranças são feitas de detalhes tão simples. Uma data exata, talvez, já não importe tanto. Afinal, lembrar não é reviver os minutos, mas os sentimentos que ficaram. O que marca, no final, não é quando aconteceu, mas como, então, nos sentimos - e este é o tipo de lembrança que o tempo não apaga. Por isso não esqueci!

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sábado, 9 de novembro de 2024

UM HERÓI

Ontem estive, com o meu filho, presente num momento muito especial.

A Marinha Portuguesa e o seu Ministro da Defesa celebraram, com dignidade, a promoção, a titulo póstumo, do meu tio, Comandante Artur de Sacadura Freire Cabral, a Contra-Almirante. Fizeram, por isso, entrega das respetivas insígnias, braçadeiras e boné.

No centenário da morte trágica de Sacadura Cabral estas distinções - também o Grau de Grã Cruz da Ordem de Camões de Portugal - culminam uma forma de reconhecimento nacional pela suas qualidades de coragem, audácia, rigor e patriotismo, a travessia aérea que ele e o Almirante Gago Coutinho fizeram de Portugal ao Brasil e que foi uma etapa notável na historia mundial da aviação e na da aviação naval portuguesa.

Como familiar direta serei, orgulhosamente, a fiel guardiã deste nobre espólio!

As Tuas Mãos

As tuas mãos guardam histórias que só elas sabem contar. Nas linhas e curvas dos dedos, estão esculpidos os rastros do que viveste e as marcas do que sonhas. São mãos que carregam um mapa invisível, traçado por dias de sol e de chuva, pelas alegrias e pelas lutas silenciosas.

Com as tuas mãos, construíste e cuidaste. Elas aprenderam a tocar e a consolar, a abraçar o mundo à tua volta, sem palavras. Quando seguram outras mãos, é como se transmitissem uma mensagem muda, mas poderosa, de força, carinho e presença.

Há nos teus gestos um eco de quem tu és, uma linguagem própria que fala de uma generosidade infinita e de um desejo de moldar o mundo. São como extensões do teu coração, sempre prontas a agir em harmonia com aquilo em que acreditas. E mesmo nos momentos de repouso, guardam a energia de quem ainda tem muito a fazer, muito a dar.

As tuas mãos são a prova viva de uma jornada que continua. E, também, das carícias que nas minhas deixaste!

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sexta-feira, 8 de novembro de 2024

Talvez um dia.

Talvez um dia a gente se esbarre de novo, em algum canto inesperado da vida, e troque um sorriso tímido, quase sem jeito, daqueles que carregam um universo inteiro de histórias não contadas. Talvez um dia, os olhares se cruzem com aquele brilho que só existia quando ainda havia esperança, quando as possibilidades eram tantas que a gente se perdia em todas elas.

Talvez um dia o tempo decida ser gentil e traga de volta as risadas, os momentos que ficaram presos em fotografias e memórias, congelados num espaço que só pertence a nós dois. Quem sabe, naquele momento, possamos entender melhor o porquê de termo-nos encontrado, encantado, e, depois, partido cada um para seu lado, carregando um pouco do outro dentro de si.

Talvez um dia você se lembre de algo que só eu sabia, de uma música que só nós dois entendíamos, de uma frase que era só nossa. E talvez esse dia chegue no meio da correria, do café da manhã apressado, entre uma reunião e outra, o seu pensamento escape para um passado que nunca foi concluído, uma história que ficou em aberto.

Talvez um dia a saudade vire algo leve, um sorriso discreto, uma lembrança que aquece sem doer. E quem sabe, naquele instante, nós percebamos que, mesmo separados, fomos parte de um caminho importante, um pedaço bonito de um tempo que não volta mais, mas que sempre vai existir dentro de nós.

Talvez um dia.

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UM GRANDE FILHO ADOTIVO

Meu querido Zé, o filho que adotei pelo coração.
Muito obrigada pelo que dizes da nossa amizade. É de facto especial. Se hoje sei o que é um computador a ti te devo. Se entrei na blogosfera a ti te devo. Enfim, se hoje público, uma boa parte deve-se a tudo o que me ensinaste, como ferramenta essencial à escrita. Mas devo-te muito mais. Devo-te todas as descomposturas que, de modo filial, ouvias mas eram dirigidas ao meu filho. E que tu amenizavas por seres o melhor amigo dele. Meu querido Zé serás sempre o filho que escolhi pelo coração adotar.
Mil beijos desta mãe adotiva, que te adora e, sobretudo, te respeita e admira!

quarta-feira, 6 de novembro de 2024

A CRIATIVIDADE

A criatividade é uma habilidade humana essencial, caracterizada pela capacidade de inovar, imaginar e transformar ideias em algo novo e significativo. Ela não se limita às artes ou à produção estética; está presente em todas as áreas do conhecimento e do quotidiano. A criatividade é o motor por trás de descobertas científicas, soluções de problemas complexos, empreendedorismo, de novos produtos e até mesmo das relações interpessoais. É o que nos permite olhar para uma situação com um novo olhar, combinando elementos que antes pareciam desconectados e criando algo único a partir disso.

Historicamente, a criatividade foi, muitas vezes, vista como um dom natural, algo restrito a alguns poucos indivíduos com “talento inato”. No entanto, estudos na área de psicologia e neurociência demonstram que todos possuem um potencial criativo e que ele pode ser aprimorado e incentivado. Como um músculo, a criatividade se fortalece com o uso. Atividades que desafiam o cérebro, como aprender algo novo, experimentar formas alternativas de fazer tarefas diárias ou até mesmo questionar padrões preestabelecidos, estimulam a flexibilidade mental, essencial para o processo criativo.

O ambiente e as condições também influenciam a criatividade. Lugares com diversidade de ideias, culturas e pontos de vista, em que as pessoas se sentem livres para expressar as suas ideias sem julgamento, tendem a ser mais propícios à inovação. Além disso, momentos de repouso, descontração e até de introspeção podem ser fundamentais para o surgimento de novas ideias, pois permitem que o cérebro processe informações de maneira livre e fluida.

Num mundo em constante transformação, a criatividade torna-se ainda mais valiosa. Ela permite não apenas acompanhar as mudanças, mas também antecipá-las, moldá-las e gerar avanços que beneficiem a sociedade como um todo. Ser criativo, hoje, significa ser capaz de se adaptar a novas realidades, resolver problemas inéditos e contribuir para um futuro mais inovador e diversificado. A criatividade, portanto, é mais que uma habilidade. É uma forma de enxergar o mundo e agir sobre ele. É uma combinação de coragem, flexibilidade e disposição para arriscar. É a chave para uma vida plena, rica em descobertas e realizações, e um dos mais poderosos motores do progresso humano.

terça-feira, 5 de novembro de 2024

Como Lidar com o Medo do Futuro e a Ansiedade?

Viver o presente: Uma das práticas mais recomendadas é o mindfulness, que ensina a estar no momento presente e a aceitar o que não podemos controlar. Isso ajuda a reduzir o peso de possíveis preocupações com o futuro.

Planeamento realista e flexível: Embora seja impossível prever o futuro, criar planos que sejam ajustáveis pode oferecer um senso de controle. Estabelecer metas alcançáveis e ajustar expectativas pessoais, ajuda a reduzir o medo do incerto.

Desenvolvimento de resiliência: Fortalecer a capacidade de lidar com mudanças e desafios é uma das melhores formas de enfrentar a ansiedade. Isso envolve aprender com os erros, criar uma rede de apoio e estar aberto a novas experiências.

Procurar ajuda profissional: Em casos onde a ansiedade sobre o futuro se torna incapacitante, a terapia psicológica, principalmente a terapia cognitivo-comportamental (TCC), é recomendada. Técnicas como reestruturação cognitiva ajudam a desafiar e modificar pensamentos negativos e catastróficos sobre o futuro.

 Conclusão

O medo do futuro e a ansiedade são respostas naturais ao desconhecido, mas quando descontroladas, podem prejudicar a qualidade de vida e limitar a capacidade de aproveitarmos o presente. A busca por autoconhecimento e a prática de estratégias saudáveis são passos importantes para transformar o medo do futuro em um incentivo para o crescimento e a adaptação, em vez de uma fonte de sofrimento.

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segunda-feira, 4 de novembro de 2024

O Medo do Futuro e a Ansiedade

O medo do futuro e a ansiedade estão profundamente interligados, sendo temas centrais nas discussões sobre a saúde mental contemporânea. Esse medo é uma das raízes mais comuns da ansiedade e pode levar a um estado de preocupação constante sobre o que ainda está por vir. Vou explorar alguns dos aspetos principais dessa relação e as formas de lidar com ela.

1. O Medo do Futuro: Por que surge?

Incerteza: O futuro é incerto por natureza. Não temos controle absoluto sobre o que vai acontecer, e esse desconhecimento pode gerar insegurança e medo.

Expectativas sociais e pressões: Muitas pessoas sentem que precisam "ter tudo resolvido" em relação ao futuro. Essa pressão pode ser intensa, principalmente em períodos de transição, como entrar na vida adulta, na fase de aposentação ou quando há alterações significativas, como um novo emprego ou uma mudança de cidade.

Medo de fracassar: Pensamentos de que as coisas podem não sair como planeado ou de que podemos não ter o que é necessário para lidar com situações futuras geram uma ansiedade que frequentemente se reflete na forma de medo.

2. Ansiedade como Consequência do Medo do Futuro

A ansiedade é uma resposta natural do corpo a esse tipo de medo. O cérebro, ao perceber uma ameaça (mesmo que seja uma ameaça futura e abstrata), ativa o sistema de "luta ou fuga", que nos deixa em estado de alerta.

Esse estado de alerta constante, quando prolongado, leva a uma situação de ansiedade generalizada, onde até as atividades simples do dia a dia, podem causar desconforto e apreensão.

Estudos indicam que essa ansiedade não resolvida e não tratada pode desencadear outros problemas psicológicos, como insónia, estresse crónico e até depressão.    Segue amanhã

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Realidade virtual que se confunde com a Realidade

A Realidade Virtual (RV) tem evoluído de forma impressionante, aproximando-se cada vez mais de uma experiência sensorial que engana os sentidos e desafia nossa perceção da própria realidade. No conceito mais avançado, a RV é uma simulação tridimensional altamente interativa que permite aos usuários se sentirem imersos em ambientes artificiais quase indistinguíveis do mundo real. Graças ao progresso em áreas como gráficos, inteligência artificial, haptics (tecnologia tátil) e sensores, estamos a aproximar-nos de um ponto em que a linha entre o que é virtual e o que é real, fica cada vez mais ténue.

Uma das maiores contribuições para esse nível de realismo são os headsets de alta resolução, que não apenas exibem imagens visuais realistas, mas também acompanham cada movimento do usuário em tempo real, reduzindo os desconfortos e aumentando a sensação de presença. Sensores táteis e luvas hápticas permitem que os usuários sintam texturas e até a resistência de objetos virtuais, intensificando a sensação de imersão. Em ambientes projetados para experiências multissensoriais, elementos como som espacial, temperatura e até cheiros são incorporados, criando uma realidade virtual que engana múltiplos sentidos simultaneamente.

A aplicação deste tipo de tecnologia vai além do entretenimento, ganhando destaque na medicina, educação, arquitetura e em simulações de treinamentos de alta complexidade. Médicos podem praticar procedimentos cirúrgicos em corpos virtuais, e engenheiros conseguem visualizar modelos das suas criações numa escala realista antes mesmo de iniciar a produção.

Entretanto, esta semelhança com a realidade traz também questões éticas e filosóficas. Até que ponto é seguro, para a saúde mental, mergulhar em ambientes que se confundem com a realidade? Será que, ao cruzar a linha entre o virtual e o real, não corremos o risco de alterar nossa perceção do mundo físico? Essas perguntas revelam a complexidade da Realidade Virtual enquanto campo em expansão, que nos leva a explorar limites emocionantes e, ao mesmo tempo, desafiadores da experiência humana

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domingo, 3 de novembro de 2024

MIMOS NA DOSE CERTA

Imagine aquele momento em que se sente realmente amado e valorizado. Mimar alguém, ou ser mimado, pode trazer uma sensação calorosa de acolhimento e carinho que nós carregamos nos momentos difíceis. Esse mimo, que pode ser um abraço, uma palavra de conforto ou um gesto de atenção, reforça laços e faz-nos sentir seguros com quem amamos.

Quando se é tratado com carinho, isso dá uma base emocional forte. Pessoas que crescem sentindo-se valorizadas geralmente desenvolvem mais confiança em si mesmas, têm mais facilidade para expressar emoções e, em geral, tornam-se mais abertas para os outros. Então, receber ou oferecer mimos pode ser uma maneira linda de fortalecer essas relações.

O Outro Lado do Mimo

Por outro lado, existe um grande risco quando o mimo se torna exagerado. Se uma pessoa, especialmente uma criança, é constantemente mimada e não aprende a lidar com a palavra "não", pode acabar acreditando que o mundo sempre deve girar em torno dela. Isso não só dificulta a sua vida – porque, eventualmente, a realidade se impõe – como também acaba sendo prejudicial para os outros à sua volta.

Imagine alguém que está tão acostumado a receber tudo o que quer, que não desenvolve paciência ou tolerância com frustrações. Isso pode dificultar os relacionamentos mais tarde, seja na vida pessoal ou no trabalho. E no fim das contas, o que era para ser uma demonstração de amor, pode transformar-se num obstáculo para o crescimento pessoal e até para a convivência.

Encontrando o Equilíbrio

Então, o mimo é uma espécie de arte. Se dado na medida certa, faz um bem enorme, deixando a pessoa confiante, feliz e conectada. Mas, se for demais, pode acabar sufocando e criando dependência. O segredo está em demonstrar esse carinho, mas também em ensinar a importância dos limites. Afinal, amar é também preparar o outro para lidar com o mundo real. Mimos são essenciais, mas assim como tudo na vida, o equilíbrio é que faz a diferença.

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sexta-feira, 1 de novembro de 2024

O DIA DAS MEMÓRIAS

Hoje, relembro aqueles que amei e já perdi: os avós, os pais e um filho. A perda deles transformaria muito a minha vida, sobretudo a do último. Devo-lhes o que sou como ser humano, através do legado que, todos e cada um, me deixaram.
Neste dia, o silêncio parece ganhar uma presença, uma companhia que nos conduz para o encontro íntimo com as lembranças dos que já se foram. Não é uma data de celebração, mas de um reencontro calado com a saudade. É um dia em que se revive o abraço, o olhar e as conversas que ficaram gravadas na nossa memória e que, de alguma forma, continuam a ecoar dentro de nós.
E se visitarmos o cemitério, sentimos o peso da ausência e, ao mesmo tempo, a leveza das lembranças. Cada lápide conta histórias que nunca serão esquecidas, cada flor deixada é um tributo de amor, um pequeno gesto que eterniza aqueles que um dia compartilharam o mesmo mundo que nós. Mas para além das lápides, o Dia de Finados também acontece nos pequenos detalhes da nossa rotina, em cada memória que se acende e se faz presente, seja numa foto amarelada, num cheiro familiar ou numa música antiga que volta a tocar.
Este dia lembra-nos de como cada pessoa que passou na nossa vida deixou marcas profundas, como se tivessem esculpido com cuidado o nosso próprio ser. Mesmo que a saudade às vezes doa, ela também ilumina o quanto esses momentos e essas pessoas foram e sempre serão especiais.
Assim, nesta data permitimo-nos sentir tudo: a saudade que aperta, o amor que aquece, e a gratidão por termos compartilhado um pedaço de nossa caminhada com esses amores que se tornaram eternos.
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