quarta-feira, 23 de outubro de 2024

Como nos olhamos anos depois

Anos depois, olhamo-nos com uma mistura de estranheza e de familiaridade. Enxergamos a versão de nós mesmos que existia num tempo distante, quase como se fôssemos duas pessoas diferentes. Aquelas escolhas, os medos e as certezas que pareciam tão inabaláveis agora parecem quase ingênuos ou desnecessários. O que um dia foi essencial talvez tenha perdido o peso, e o que parecia insignificante agora carrega um valor profundo.

Vemos os sonhos que tivemos — alguns realizados, outros deixados pelo caminho — e nos perguntamos como nos deixamos ser moldados pelas circunstâncias, pelas mudanças, pelas surpresas da vida. Aquela versão antiga de nós, cheia de vontades e esperanças, ainda vive em algum lugar dentro de nós, mesmo que um pouco desgastada pelo tempo.

Com o passar dos anos, aprendemos a olhar para nós mesmos com mais compaixão. O que antes era motivo de arrependimento ou crítica, agora pode ser visto com uma dose de compreensão. A pessoa que éramos fez o melhor que podia, com o que sabia e com o que tinha. E hoje, enquanto olhamos para trás, entendemos que não chegamos aqui apesar do que éramos, mas por causa disso.

Há uma certa doçura em perceber que a jornada nos moldou de formas que nem imaginávamos. E, embora o reflexo de quem fomos não seja mais o mesmo no espelho, ele ainda nos pertence. É uma lembrança viva de tudo o que vivemos, amamos, perdemos e aprendemos.

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