Os
cinco sentidos são portais para o mundo, mas também para dentro de nós
próprios. Eles ligam-nos às nuances mais sutis da existência, revelando camadas
de sensações que, muitas vezes, passam despercebidas no turbilhão da vida.
O
tato é o primeiro sentido a manifestar-se, o mais primitivo. É sentir a
textura de uma flor entre os dedos, o calor reconfortante de uma mão que se
entrelaça na nossa, ou o abraço acolhedor de uma manta numa noite fria. O toque
lembra-nos que somos feitos de matéria, mas também de afeto, de vínculos que se
expressam na pele.
O
olfato é memória. O cheiro do café fresco, da terra molhada pela chuva,
ou do perfume que traz de volta um momento perdido no tempo. É a magia
silenciosa que nos transporta para longe, para perto de quem fomos, de onde
estivemos, e das histórias que nos marcaram.
O
paladar revela o prazer e a simplicidade da vida. Uma fruta doce que
explode na boca, uma comida feita com carinho, um sabor familiar que nos
acolhe. Cada sabor é uma forma de comunicação íntima com o mundo e com o nosso
próprio corpo, uma lembrança da beleza das pequenas coisas.
O
ouvido convida a escutar mais do que palavras. É no silêncio entre os
sons, no sussurro do vento, num riso distante ou no murmúrio de uma melodia,
que encontramos a profundidade das emoções. A audição tem o poder de nos levar
para dentro de nós mesmos, de nos fazer ouvir o que sentimos, mesmo quando o
coração está em silêncio.
E
o olhar? Ah, o olhar. É através dos olhos que o mundo se desenha em
cores e formas. Mas, mais do que isso, é nos olhares cruzados que encontramos a
verdade dos sentimentos. Um pôr do sol que deixa o peito apertado, o brilho nos
olhos de quem amamos, a expressão contida de uma saudade — os olhos capturam o
que a alma tenta esconder.
Cada sentido é uma porta de entrada para o mundo exterior, mas também uma jornada para dentro, onde ressoam as lembranças, os afetos e as emoções que nos definem. É nos pequenos detalhes, capturados pelos sentidos, que encontramos a poesia da vida.
1 comentário:
O meu ouvido é um chato.
Não me dá sossego.
E dá-me muitas tonturas.
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