sábado, 5 de outubro de 2024

Os cinco sentidos

Os cinco sentidos são portais para o mundo, mas também para dentro de nós próprios. Eles ligam-nos às nuances mais sutis da existência, revelando camadas de sensações que, muitas vezes, passam despercebidas no turbilhão da vida.

O tato é o primeiro sentido a manifestar-se, o mais primitivo. É sentir a textura de uma flor entre os dedos, o calor reconfortante de uma mão que se entrelaça na nossa, ou o abraço acolhedor de uma manta numa noite fria. O toque lembra-nos que somos feitos de matéria, mas também de afeto, de vínculos que se expressam na pele.

O olfato é memória. O cheiro do café fresco, da terra molhada pela chuva, ou do perfume que traz de volta um momento perdido no tempo. É a magia silenciosa que nos transporta para longe, para perto de quem fomos, de onde estivemos, e das histórias que nos marcaram.

O paladar revela o prazer e a simplicidade da vida. Uma fruta doce que explode na boca, uma comida feita com carinho, um sabor familiar que nos acolhe. Cada sabor é uma forma de comunicação íntima com o mundo e com o nosso próprio corpo, uma lembrança da beleza das pequenas coisas.

O ouvido convida a escutar mais do que palavras. É no silêncio entre os sons, no sussurro do vento, num riso distante ou no murmúrio de uma melodia, que encontramos a profundidade das emoções. A audição tem o poder de nos levar para dentro de nós mesmos, de nos fazer ouvir o que sentimos, mesmo quando o coração está em silêncio.

E o olhar? Ah, o olhar. É através dos olhos que o mundo se desenha em cores e formas. Mas, mais do que isso, é nos olhares cruzados que encontramos a verdade dos sentimentos. Um pôr do sol que deixa o peito apertado, o brilho nos olhos de quem amamos, a expressão contida de uma saudade — os olhos capturam o que a alma tenta esconder.

Cada sentido é uma porta de entrada para o mundo exterior, mas também uma jornada para dentro, onde ressoam as lembranças, os afetos e as emoções que nos definem. É nos pequenos detalhes, capturados pelos sentidos, que encontramos a poesia da vida.

1 comentário:

Pedro Coimbra disse...

O meu ouvido é um chato.
Não me dá sossego.
E dá-me muitas tonturas.