Há uma melancolia silenciosa na ideia de que nada é para
sempre. Às vezes, isso nos pesa, como se tudo o que amamos pudesse escorrer por
entre os nossos dedos, sem aviso. Outras vezes, parece libertador, como se as
dores, as feridas, as ausências, também tivessem um prazo de validade. Nada
permanece do jeito que conhecemos — nem nós, nem o mundo ao redor.
Os momentos que parecem eternos — um sorriso, um olhar que
diz mais do que mil palavras, aquele abraço que traz aconchego — um dia vão se
dissipar no ar. As pessoas que amamos podem partir, perder-se, seguir por
caminhos que não cruzam mais os nossos. E nós, presos ao inevitável fluxo do
tempo, seguimos como andarilhos, tentando segurar pedaços do que já foi.
Mas talvez haja beleza nisso. Talvez a efemeridade seja o que
dá valor ao que vivemos. Talvez seja o fim iminente que torna o presente tão
precioso. É no breve que se aninha a intensidade; é no efêmero que o
extraordinário surge, sutil, mas marcante.
Se nada é para sempre, então cada segundo é único. As
despedidas ganham uma profundidade que só o fugaz permite. As chegadas tornam-se
celebrações do reencontro, sabendo que podem ser as últimas, e cada instante ao
lado de quem amamos vira um presente que não se repete.
Há uma suavidade na aceitação de que a vida é um contínuo
movimento de chegadas e partidas. Nada dura, mas, paradoxalmente, é isso que
deixa cada pequena eternidade gravada em nós. O que vivemos não se apaga — se
transforma. E, mesmo que o tempo passe, levando com ele tudo o que achamos que
temos, a verdade é que nada se perde por completo.
Nada é para sempre. Mas, enquanto dura, é tudo o que temos. E talvez seja isso que torne a vida, por mais breve que seja, tão cheia de significado.
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