sábado, 3 de junho de 2017

A vida

Sempre entendi que aquilo que nos ensinam nas escolas deveria servir para que aprendêssemos a viver. É que muito para além das matérias ministradas – umas obrigatórias, outras não – que constituem meras ferramentas para, num futuro, arranjarmos um emprego, elas deveriam preparar-nos e ajudar-nos a descobrir o nosso caminho e a ética com que o iríamos percorrer. Dito de outro modo, o ensino e a educação ajudar-nos-iam a tornarmo-nos melhores “pessoas”.
Infelizmente, se assim não foi no meu tempo, nos dias que correm as coisas não se alteraram muito na sua essência. Podem mudar-se as matérias e podem mudar-se as formas como as mesmas são ministradas, mas enquanto a preocupação central do ensino for, apenas, ministrar conhecimento - necessário, mas não suficiente – a escola ou a universidade não formará homens e mulheres. Formará advogados, engenheiros, economistas ou médicos, mas não conseguirá preparar pessoas. E é destas “pessoas” que também têm uma profissão, que a sociedade necessita, para não ficar reduzida a núcleos de meros tecnocratas, cuja existência, na sua grande maioria, está longe de ter o que apelido de vida!

HSC

8 comentários:

Silenciosamente ouvindo... disse...


Subscrevo totalmente o seu ponto de vista.

Os meus cumprimentos.

Bom domingo.

Irene Alves

Pôr do Sol disse...

Cada vez se nota mais o propósito de anular o que ainda resta de humano no homem.

Exactamente como diz.Como não conseguem introduzir a inteligencia artificial nos robots, estão a transformar os nossos jovens em robots. Meras máquinas. Sem horarios, sem familia sem tempo para viver e, tambem sem cultura. Só lhes interessa a tecnologia sem sequer quererem saber como se chegou até aqui. Só pensam no futuro, sem pensarem que ele só assenta firme se considerarmos a historia.

Virginia disse...


Já não tenho um panorama real da escola de hoje, pois já me aposentei há quase dez anos, mas quando fui professora de Inglês e autora de manuais escolares, a ética e os valores estiveram sempre presentes nos programas e nos textos que escolhíamos. A vida futura era meta das actividades que sugeríamos. Nunca me lembro das nossas aulas serem mera transmissão de conhecimentos, eram activas, interactivas, debatiam-se temas, faziam-se rolepays, procurava-se recrear situações reais na sala de aula. Não acho que o ensino tenha piorado. O que piorou, de certeza, foi a educação básica das crianças e adolescentes que deve ser ministrada em casa e que infelizmente por força das circunstâncias, é muitas vezes descurada. Os pais querem que os meninos façam mil e uma actividades, desde que estejam entretidos e não os aborreçam. Não estou a generalizar, há excepções, claro.

Anónimo disse...

Completamente de acordo com a Virginia

Helena Sacadura Cabral disse...

Virgínia a minha amiga só está a esquecer um "pequeno" pormenor. É a nossa diferença de idades. No "seu tempo" já seria assim. No meu ainda não era...
Em 25 anos de ensino universitário, na forma muita coisa terá mudado. Mas foram poucos os colegas a quem eu vi a preocupação de ajudar a fazer do ensino uma militância de enriquecimento do aluno enquanto pessoa. Possivelmente a minha área seria menos propícia a tal preocupação!

Anónimo disse...



Helena

...enriquecimento do aluno enquanto pessoa.

Pois seria uma mais valia em todos os sentidos, há pessoas que precisariam de um curso intenso nesta máteria.

Abraço
Carla

Dalma disse...

HSC, eu sou do tempo da Virgínia e nessa altura nem todas as aulas eram como a Virgínia descreve, pois sempre houve bons, maus e muito maus professores. Tive três filhos e sobretudo por eles aquilatei a qualidade de ensino que então lhes era ministrado, tiveram colegas meus que eram péssimos professores que faziam ensino livresco, outros, pelo contrário, eram motivadores de conhecimento e ensinavam também valores de cidadania.
Hoje tenho netos na escola e sobretudo pela minha neta (12º ano) e em cuja análise eu confio plenamente, sei que continua tudo na mesma, o ano passado ensinaram-lhe Filosofia lendo o livro... o mesmo, este ano, para a Economia!!!
Eu, fui 36 anos professora e fui uma professora feliz, o que significa que ensinei com prazer e por prazer, muito para além da Geografia!

Mas HSC, é utópico que a Escola forme cidadãos com a ética de que fala. Na era da tecnologia em que estamos não é só a Escola a ensinar, mas todo um "mundo" que envolve os jovens que a frequentam! Estarei errada, na observação que faço?

Maria Eugénia disse...

Não podemos esquecer ou minimizar o papel da Família na educação das crianças. A Escola é apenas uma parte que tem de ser complementada com a educação dos Pais.
Poderá haver algumas lacunas no Ensino até porque os programas mudam conforme os governos, mas as responsabilidades têm de ser partilhadas.
Bj da Maria do Porto