Depois dos três dias de luto nacional seguiu-se, hoje, um pouco por todo o país, um minuto de silêncio pelas vítimas dos incêndios. No Parlamento os trabalhos desta quarta feira foram mesmo substituídos por uma sessão solene de pesar pelas vítimas dos fogos de Pedrogão Grande e de solidariedade pelas famílias e bombeiros.
Eu percebo a intenção deste tipo de solenidades, mas, confesso,
elas deixam-me sempre uma sensação de desconforto, porque se pretende que
representem uma unidade política nacional que não existe e porque é algo
forçado, dado que, neste momento, não é de silêncio que as pessoas directamente
afectadas mais precisam.
Quando passar o mediatismo deste trágico acontecimento é o
silêncio que o vai substituir. Silêncio pesado, insuportável.
É por isso que este minuto antecipado tem, para mim, um sabor
demasiado amargo.
HSC
6 comentários:
Show quando a tragédia ainda não terminou?
De um mau gosto confrangedor!
Obviamente que há muito de encenação...
Quando tudo passar, as televisões de virarem
para outros acontecimentos, as pessoas ficam
mais pobres e mais sós.
E será que algum dinheiro "das campanhas"
vai chegar aos seus bolsos?
Os meus cumprimentos.
Irene Alves
Estimada Dra. Helena,
Concordo plenamente. Temo que o silêncio sem soluções reais se prolongue no tempo. Como escreveu Lampedusa, "é preciso que tudo mude para que tudo fique na mesma"....infelizmente.
A minha cunhada era prima do bombeiro que ontem foi a enterrar, junto às campas da Mãe e dos Avós dela. A família é de Sarzeda de S. Pedro e tem um fábrica de texteis que felizmente não ardeu. Mas morreram funcionários que lá trabalhavam. Uma tristeza, uma calamidade que nunca mais se esquece. Se quiser fazer caridade prefiro pedir à minha cunhada directamente que a faça e mando-lhe o dinheiro. Não confio nestas ONGs e autarquias, desculpem. Tb acho que os minutos de silêncio seguidos de palmas são ofensivos. Deviam era exaltar mais o heroísmo deste bombeiro que poderia ter ido embora com o camião e saiu dele para socorrer pessoas nos seus carros em chamas. Deixou mulher e filho. Ainda há uma semana tinha estado em casa do meu Irmão a ajudar a montar uma baliza para os miúdos. Custa muito ver estes telejornais de fala baratos a explorar a desgraça alheia. Nem abro a TV.
Sempre foi assim, é e será...mas digo mais: a maioria do dinheiro angariado irá para lugar incerto.
Pobre de quem perdeu tudo incluindo a vida e ou familiares.
Bem ao estilo português foi dado o alerta de que anda a saquear as casas de aldeias evacuadas.
Tudo muito triste e não são minutos de silêncio e blás, blás que irão resolver o quer que seja!
Um abraço
Virgínia
Não pode estar mais certa. Penso o mesmo e sei muito bem a quem vou entregar o dinheiro. A uma empregada que me ajudou a criar os filhos e ficou sem nada.
Abraço
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