Cada vez se
fala mais se divulga que as boas notas não garantem o sucesso. A mim preocupa-me este discurso, porque me
parece que estamos a cair no risco de uma cultura de laxismo — aquela
ideia de que "não preciso me esforçar", "tá tudo bem ser
medíocre", ou "não importa o que eu faça". Isso pode ser
extremamente prejudicial, ainda mais num momento delicado como o que
Portugal (e muitos outros países) atravessam neste momento de crise económica,
desemprego jovem, baixos salários, fuga de cérebros…
Mas o ponto
central não é este. Quando se diz que “não é preciso ter boas notas para se
vingar na vida”, não se está a defender o desleixo ou a preguiça. Está a
defender-se algo novo que vale a pena pensar e que é a pluralidade de
caminhos.
O nó
górdio reside no
facto do sistema muitas vezes transmitir uma mensagem: “Se não fores bom
aluno, estás lixado.” E isto, simplesmente, não é verdade.
Mas o outro
extremo - o do "não preciso estudar nada, a escola não serve pra
nada" - também está errado. Talvez o que esteja a preocupar-me,
seja o risco de que isto se transforme numa desculpa para não nos esforçarmos.
O
equilíbrio, a meu ver, está aqui:
- Valorizar o esforço, o trabalho, o aprender — seja
na escola, num curso técnico, a trabalhar num café ou a montar um negócio.
- Respeitar diferentes tipos de
inteligência e talento, que muitas vezes a escola tradicional não reconhece.
- Lutar contra a ideia de que só
há um modelo de sucesso.
Em
Portugal hoje…
Com tantos
jovens desmotivados, salários baixos e um ensino que nem sempre conecta com a
vida real, é fácil cair na apatia. Mas a solução não é exigir boas notas
como única medida de valor, nem dizer que nada importa.
A solução,
talvez, seja:
- Criar uma cultura de esforço com
propósito.
- Mostrar que estudar pode valer a
pena, sim — mas que há outras formas válidas de aprender.
- E, acima de tudo, ensinar os
jovens a acreditar que o seu valor não se mede só em números.
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