domingo, 21 de janeiro de 2024

SER OUTRO

No crepúsculo da realidade, quando as sombras dançam entre a luz ténue, emerge a possibilidade de ser outro. Não um mero disfarce ou uma máscara efémera, mas uma metamorfose profunda, uma transmutação da essência que nos define. A jornada de se perder para se encontrar, de mergulhar nas camadas mais profundas da própria identidade e emergir como uma obra-prima reimaginada.

Imagine-se um mundo onde cada indivíduo tem a capacidade de trocar de pele, não apenas trocar de roupas, mas de se despir da própria personalidade e habitar temporariamente o ser de outrem. Uma dança caleidoscópica de identidades, uma sinfonia de experiências entrelaçadas, onde o eu se dissolve para dar espaço a um eu plural, composto de fragmentos de outros.

Nesse universo de ser outro, não há julgamento, apenas uma aceitação incondicional da complexidade humana. Almas dançam entre corpos, experimentando a riqueza da diversidade de perspetivas. O tímido conhece a audácia do destemido, o artista descobre a lógica do cientista, e o amante sente as cicatrizes do solitário. Uma troca constante de histórias, de sonhos, de dores e alegrias.

Ser outro não é uma fuga da própria existência, mas um mergulho profundo na vastidão do ser. É entender que, por baixo das diferenças superficiais, todos compartilhamos uma humanidade comum. É descobrir que, ao vestir a pele de outro, podemos compreender melhor a dança intricada da vida.

Entretanto, com essa dádiva vem a responsabilidade. A consciência de que cada metamorfose deixa uma marca, uma impressão duradoura na teia interconectada da existência. Ser outro é uma arte delicada, uma dança equilibrada entre a preservação da própria essência e a absorção das nuances alheias.

Ao aventurar-nos no reino do ser outro, desvendamos a magia de se perder para se encontrar. Descobrimos que a verdadeira riqueza reside na diversidade, na capacidade de enxergar o mundo através de olhos diferentes. Em cada troca de pele, abraçamos a unicidade de cada jornada, construindo uma tapeçaria vibrante e intrincada de histórias entrelaçadas.

2 comentários:

Pedro Coimbra disse...

Porque é que em fundo julgo ouvir Imagine de John Lennon?
Tenha uma excelente semana

Anónimo disse...

🌹