No tempo que atravessamos e a que curiosamente apelidamos de "novo normal", há algo que me impressiona profundamente. É o abandono a que muitos de nós ficámos sujeitos, sobretudo após a pandemia. Esta, se por um lado, obrigou ao corte quase total com os nossos amigos e aos hábitos que com eles mantínhamos, por outro, veio obrigar os membros de algumas famílias a um convívio permanente, debaixo do mesmo teto, para o qual não estavam preparados. O que, de certo modo, também acentuou o isolamento de que muitos careciam para suportar o dia a dia. Assim, as medidas de controle da doença, trouxeram consigo movimentos contraditórios, que só acentuaram uma forma de vida propícia ao isolamento.
Análise séria e acutilante, humorada ou entristecida, do Portugal dos nossos dias, da cidadania nacional e do modo como somos governados e conduzidos. Mas também, um local onde se faz o retrato do mundo em que vivemos e que muitos bem gostariam que fosse melhor!
domingo, 17 de julho de 2022
Abandono ou isolamento?
É este sentimento que o Cardeal Tolentino abordou numa interessante entrevista concedida ao jornal Público e que me atrevo a referir neste texto, porque. afinal, a sua preocupação é também a nossa, de que o isolamento possa vir a conduzir, sobretudo nos jovens, a um estádio de analfabetismo nas relações.
Mais do que a solidão, o que esta situação permitiu detectar foi a vulnerabilidade da sociedade em que vivíamos, na qual não nos demos conta de que estávamos doentes e não sabíamos, como o Papa Francisco salientou recentemente.
Com efeito, esta, de "qualquer modo, ainda se define em relação ao outro, ao desejo ou a nostalgia de uma presença". O isolamento é pior, é uma forma de solidão negativa, de desagregação própria e consequentemente da sociedade em que estamos inseridos..
Então o que é que nos pode pedir o futuro? Ou, de outro modo, como é que podemos encarar esse futuro? Para o Cardeal o futuro pede-nos uma capacidade de ler com maior realismo o que somos e o que podemos ser. E exige seguramente uma maior consciência do limite.
Mas para isso, cada um, cada pais, cada continente, terá que olhar sem defesas o passado, encarar sem preconceitos o presente e sonhar o futuro que desejamos para o mundo. Mas sabendo que esse objetivo só se alcançará, um dia, pela educação e pela solidariedade. Porque, como disse acima, é preciso ter consciência dos limites.
Nós sabemos muito pouco sobre nós próprios. Mesmo quando julgamos que nos conhecemos, um pequeno incidente externo a nós, pode por em causa esse conhecimento e revelar que os fios que nos ligavam a uma serie de pessoas, deixou de existir. É nessa altura que se tem consciência da necessidade de "criar um novo futuro" em que cada fio se liga aos fios dos outros de uma forma mais consistente e verdadeira.
É possivel? Francamente, não sei. É necessário. E para os que pensam como eu, a esperança faz parte integrante da vida!
HSC
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6 comentários:
Em Macau continuamos reféns.
Agora já não da pandemia mas da intransigência das autoridades que insistem na busca do impossível.
E, quase três anos depois, estamos muito piores que no início.
O Mundo pulou e avançou como dizia importa.
Macau parou.
Boa semana
Muito complicada a vida atualmente.
Tenho 75 anos e meu marido 79, sem filhos e com
a famíliaa mais nova toda no estrangeiro. Há dias
meu marido esteve muito doente e enquanto esperávamos
pelo resultado de um exame pela minha cabeça "desfilou tudo"
e nada era bom, o que significa que do futuro não espero
nada de bom e então só pedia para ter capacidade de aceitação
e de conseguir viver com o que possa vir.
Os meus cordiais cumprimentos.
Irene Alves
Como dizia o poeta.
Como é que apareceu aquela frase?
Esta coisa tem vontade própria?
Senhora,há sempre uma doce presença ao nosso lado
https://youtu.be/gVLt_JxV5ds
Ambrósio
🌷
Estou consigo nas suas preocupações. Realmente este "novo mundo" assusta. Resta-nos a esperança que faz parte da vida. Com todas as incertezas que nos assolam todos os dias.
Abraço. Tenha uma boa noite
Maria
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