Embora goste muito de
vender os meus livros pertenço a um mundo em que me revejo no sucesso dos meus
amigos. Não sou escritora, sou cronista e, quando muito, autora. Nunca me
apresentei como escritora porque bitola pela qual me meço é muito alta.
Por isso, as crónicas em que falo de livros ou de filmes são meras opiniões pessoais que partilho com
quem me lê. Mas não deixo de falar dos livros de que gosto, sobretudo quando
são escritos por amigos.
Hoje falo da Fado da
Severa e da sua autora Maria João Lopo de Carvalho.
A Severa vivia longe
dos salões onde as damas e as joias eram legítimas. O seu mundo, sórdido, mas
apaixonante, era aquele onde se cantava e batia o fado. Ninguém o conhecia
melhor do que a Severa, filha de cigano e de meretriz. Do pai herdaria a
morenez do rosto e o sangue quente. Com a mãe aprenderia a profissão e as artes
de seduzir os homens,
Foram muitos os que
passaram na sua vida. Apenas um lhe
deixará a sua marca. Foi o Conde de
Vimioso. É esse amor proibido que a Maria João narra - pela boca da Severa -,
não se subtraindo à linguagem da época e da classe social da sua protagonista.
É uma história de luz e sombra dessa Lisboa e da
indomável Severa, a cigana que inventou o fado, a mulher que vendeu o corpo -
mas que nunca vendeu a alma.
4 comentários:
Se os políticos fossem honestos não prostituíam a alma.
( Apreciei muito o P. esta noite na TVI ! ).
Melhores cumprimentos.
Admiro a MJLC que se prepara e investiga. Gostei do Camões e gostei deste. Não percebo porque é que outra escritora de romances históricos com alguns erros vende mais do que ela...
Obrigada querida helena que tanto admiro e que é mais do que mãe Para mim ! Obrigada queridaos leitores
Admiro muito a MJLC que decidiu e bem escrever sobre personagens nacionais, sejam elas de que origem social forem.
Já li a Severa. Parabéns à Dra Helena por divulgar a obra dos outros . Poucos o fazem, a não ser que sejam os chamados críticos literários - são pagos para isso - e parabéns à MJLC pelo rigor com que escreve!
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