sexta-feira, 30 de junho de 2017

Morreu Simone Veil


Tinha 89 anos e uma vida que poderia ter ficado pelos fogos crematórios de Auschwitz. Chamava-se Simone Veil e se a França está de luto em sua memória, muitos serão aqueles, fora do país, que, como eu, lamentam profundamente o seu desaparecimento. Devo a esta Mulher uma abertura de espírito que talvez não tivesse, se não tido a sorte imensa de me cruzar com ela. 
A Europa também devia estar de luto. Mas, como a memória é cada vez mais curta, acredito que poucos a recordem hoje, pese embora, tenham múltiplas razões para saberem de quem se trata. Podia, até, ter sido Presidente do seu país. Mas a sua obstinada independência sempre lhe limitou esse caminho e foi pelo seu pé que decidiu afastar-se, há alguns anos, da vida política e até da vida pública. 
Sobrevivente do Holocausto, foi a primeira mulher presidente do Parlamento Europeu e antiga ministra da Saúde francesa, é a ela que se deve a despenalização do aborto em 1975. Agora dá-se pouco valor a esse facto, porque, para o bem e para o mal, está tudo à nossa disposição...
Quem, como eu, teve a oportunidade de falar com ela, só pode recordá-la como uma das mais interessantes e extraordinárias mulheres do seu tempo. E estar-lhe profundamente grata pelo que ela conseguiu para todas nós.

HSC

quinta-feira, 29 de junho de 2017

Agora...o "passa culpas"

Chegámos ao 12.º dia após a catástrofe. Nem uma demissão: todos continuam nos seus cargos. Mas o passa culpas a que assistimos na televisão e que aqui previ, mostra bem o que podemos esperar do futuro.
Na Comissão Parlamentar aconteceu no mesmo. A ministra, cujo rosto não havia sido preparado para as luzes da ribalta televisiva, foi submersa por uma onda de perguntas, a que na maioria dos casos não soube responder. E isto quando já se sabe, que desde a Protecção Civil, ao SIRESP e ao MAI, tudo teve falhas? 
Constança Urbano de Sousa apenas continuava a repetir que não se demitia porque isso não resolveria nada. Há um ano atrás, quando estava de férias, ouvi-a dizer o mesmo, numa situação semelhante, mas menos grave.
Será que a senhora ministra desconhece o que se chama de “responsabilidade política”?

HSC

quarta-feira, 28 de junho de 2017

Miguel Beleza


Ontem fui à missa de corpo presente por intenção de Miguel Beleza, um meu colega que tinha 67 anos e uma boa parte da vida para viver. Nunca fomos íntimos, mas trabalhámos juntos no Banco de Portugal e posteriormente a profissão e amigos comuns, haviam de  proporcionar que nos encontrássemos mais vezes.
Para além da sua enorme competência tinha um raro sentido do humor, muito pouco frequente em pessoas que ocuparam os cargos que ele ocupou.
Há menos de quinze dias trocámos um abraço a propósito da estima que ele tinha pelo meu filho Miguel. Mal eu sabia que duas semanas depois abriria a televisão com a noticia da sua morte, numa altura em que o país ainda poderia contar com as suas opiniões desassombradas. Vai fazer falta às centenas de amigos que ontem encheram a Igreja do Campo Grande, numa prova iniludível do apreço que lhe dedicavam.
Que descanse em paz!

HSC

terça-feira, 27 de junho de 2017

Agora ...a Caixa Negra da Proteção Civil

O jornal Público que teve acesso aos dados da "caixa negra" da Proteção Civil revelou o caos que rodeou o combate ao incêndio de Pedrógão Grande. 
Desse relato fica claro que o sistema de comunicações de emergência, o tristemente famoso SIRESP é, outra vez, o suspeito de serviço.
Ao final da tarde de sábado, dia 17, quando as chamas ganharam fôlego e começaram a chegar mais pedidos de ajuda, "as comunicações falharam quase por completo, impedindo o socorro às populações. E causaram o caos entre as diversas forças envolvidas no combate".
Apesar destas informações serem do conhecimento do primeiro-ministro desde dia 23 do corrente, o certo é que só ontem à noite a ministra Constança Urbano de Sousa, fez sair um comunicado no qual o "MAI exige respostas rigorosas ao funcionamento do SIRESP". Só que isso não basta. Talvez o mais importante seja saber como ele é gerido.
Porque senão fica um laivo de suspeita de que o Governo só terá  decidido engrossar a voz quando soube que um jornal ia publicar, umas horas depois, aquilo que a ministra e o primeiro-ministro já sabiam há vários dias, mas ainda não nos tinham dito.
As respostas que o PM já conhece parece não deixarem dúvidas sobre o que falhou. Que, em síntese, se resume a factos: o SIRESP não funcionou, a GNR não tinha meios, os avisos do IPMA foram desvalorizados, a estrutura da Proteção Civil teve/tem problemas.
Entretanto, no Parlamento, prepara-se uma comissão técnica independente para apurar o que falta e a ministra pede ainda mais inquéritos...
Torna-se cada vez mais evidente que será muito difícil, perante o que já se sabe - e sobretudo perante 64 mortos - não retirar consequências políticas do que se passou. A ministra da Administração Interna tem a cabeça no cepo, assim como o seu secretário de Estado. Mas, suprema ironia, Constança Urbano de Sousa pode acabar por sair do Governo por causa de um sistema de comunicações que foi comprado pelo primeiro-ministro, quando este era MAI. É a política na sua forma mais trágica!

HSC 

segunda-feira, 26 de junho de 2017

Agora...falta o apoio psicológico

Como era de esperar o INEM trouxe consigo o apoio psicológico de emergência tão necessário em época de catástrofes. Mas num rápido zapping que, no escritório, fiz sobre mais uns comentários acerca dos fogos, apercebi-me que a urgência tinha passado e, com ela, teriam ido os psicólogos do INEM.
Ouvido um especialista sobre o assunto, este afirmava que a interrupção deste tipo de apoio poderia ser fatal e conduzir a eventuais suicídios, nos casos de pessoas mais frágeis.
Parece que hoje iria haver uma reunião - ah! as reuniões é que nunca falham - para decidir como e quando e de que modo se irá processar este apoio. Mas duvido que se consiga leva-lo a casa de cada um. E se assim não for, é muito claro que a maioria das pessoas não encontrarão coragem de pôr pés fora de casa e interiorizarão uma dor infinda, sem solução!

HSC

sábado, 24 de junho de 2017

Agora... é sem limites e sem medos.

Nas palavras dirigidas ao semanário Expresso, o Presidente da República pede que seja apurado "sem limites ou medos", tudo o que se passou no inferno dos fogos.
A expressão "sem limites" e "sem medos", agora usada por Marcelo, difere bem do seu assertivo e categórico  “era impossível ter feito mais”, usado há uma semana.
A expressão hoje utilizada era a que eu esperava dele, nesse sábado, quando, pela primeira vez, se dirigiu aos portugueses.
Chegou a altura em que o Presidente enfatiza que é tempo de se apurar - estrutural ou conjunturalmente - o que possa ter causado ou tido influência no que aconteceu ou na resposta dada. É tardia a intervenção, mas correcta. 
É esta a atitude que todos esperamos dele. Como esperamos que ele seja o garante – já aqui o referi antes –, o atento observador de que nada disto terá sido em vão. Que esqueça, por momentos, os consensos impossíveis  - ele conhece, melhor que ninguém, os partidos que temos - e “exija, lembre, insista”, que os mortos merecem ser honrados.
O Presidente da República não define prazos, mas pode e deve estar vigilante de que é preciso não deixar esvaziar o significado, ou retirar utilidade às conclusões. E, se o não fizer, se por momentos o descurar, creia que nada nem ninguém lho irá perdoar. Nem o seu crédito de afecto...
Quanto a António Costa exige-se-lhe que peça responsabilidades a quem as possa ter tido, atenta a hierarquia daqueles a quem o assunto respeita. Sem apelo nem agravo. Porque a morte é das poucas prerrogativas que, em política, pode ser tremendamente adversa.

HSC

quinta-feira, 22 de junho de 2017

E agora?

Terminaram os três dias de luto e o minuto de silêncio. Amanhã ou depois, os fogos terão eventualmente terminado. E ficará apenas a gente indispensável ao rescaldo dos mesmos. As televisões irão progressivamente voltando ao futebol e aos debates de arredonda mês. Por mais dois ou três dias ainda se citará o desastre.
Depois cada uma daquelas povoações ficará submergida num silêncio pesado, trágico, ensurdecedor. Os presidentes das câmaras virão a Lisboa tentar que se não esqueçam deles.
E no que resta de cada aldeia, algumas pessoas ficarão silenciosas à espera de que se lembrem delas. Outras irão, finalmente, cair em si e no drama de terem perdido tudo. Ficarão tristes e sem forças para reagir. Outras, ainda, irão para as Igrejas que restam, rezar ao Senhor.
E pouco mais se saberá desse pequeno mundo que, durante semana e meia, esteve sob os holofotes. Em compensação as " cabecinhas pensadoras", a elite que nos dirige, enfim, os especialistas, dedicar-se-ão a pensar o problema até ao próximo mês de Junho de 2018, porque há autárquicas e é preciso fecha-los num gabinete e calar o assunto.
E agora? Agora, é isto que se vai passar...

HSC

quarta-feira, 21 de junho de 2017

Agora, um minuto de silêncio


Depois dos três dias de luto nacional seguiu-se, hoje, um pouco por todo o país, um minuto de silêncio pelas vítimas dos incêndios. No Parlamento os trabalhos desta quarta feira foram mesmo substituídos por uma sessão solene de pesar pelas vítimas dos fogos de Pedrogão Grande e de solidariedade pelas famílias e bombeiros.
Eu percebo a intenção deste tipo de solenidades, mas, confesso, elas deixam-me sempre uma sensação de desconforto, porque se pretende que representem uma unidade política nacional que não existe e porque é algo forçado, dado que, neste momento, não é de silêncio que as pessoas directamente afectadas mais precisam.
Quando passar o mediatismo deste trágico acontecimento é o silêncio que o vai substituir. Silêncio pesado, insuportável.
É por isso que este minuto antecipado tem, para mim, um sabor demasiado amargo.

HSC

segunda-feira, 19 de junho de 2017

Três dias de luto

No Domingo, Luís Marques Mendes, no seu comentário habitual na SIC, dizia que tinha sido um crime contra o país não só acabar com os serviços florestais e com a rede de guardas florestais, como terem sido afastados da liderança da gestão e defesa da floresta, os engenheiros florestais, cujo conhecimento técnico seria essencial na prevenção e combate aos fogos.
Todos sabemos a partir de que altura os incêndios começaram a devorar o país e porquê. De ano para ano é sempre a mesma “conversa”. Chegam, até, a anunciar-se verbas e programas para tal combate, esquecendo que o essencial é investir na prevenção. O resto é favorecer um negocio que vive deste tipo de incúria.
A primeira causa dos incêndios em Portugal é a manifesta ausência de uma política para as florestas. É, aliás, esse facto que explica que o pais tenha, só ele, mais  fogos do que o conjunto dos quatro países europeus constituído pela Espanha, França, Itália e Grécia.
É por isso que três dias de luto nacional são, para muitos, aquilo de que não deveríamos necessitar, uma vez que este padrão de comportamento já em 2005 tinha sido registado!

HSC

domingo, 18 de junho de 2017

O nosso garante

Há períodos na vida das pessoas em que o esforço que se lhes pede é superior às suas forças. O que sofreram e estão a sofrer as vitimas deste malogrado incêndio, deixa de rastos o nosso país. Sobretudo, pela forma como as coisas ocorreram.
Não é altura para divisões nem para os partidos se aproveitarem do que aconteceu. É altura para pensar em solidariedade e cada um de nós prescindir um pouco do que tem para ajudar aqueles que tudo perderam. Mas é, também, altura de pensar e de não fazer afirmações controversas.
Ouvi as palavras do nosso Presidente sobre a tragédia de Pedrogão Grande. E julgo que se excedeu ao afirmar, de forma categórica, que "era impossível ter feito mais". Percebo a sua intenção. Mas a sua posição no país impõe-lhe responsabilidades especiais. E, em casos como este, antes do apuramento de tudo o que se terá passado, é prematuro e pode ter consequências sérias, fazer este tipo de declarações.
As palavras que eu esperava ouvir do Presidente, para além do conforto para com os que sofrem e de louvor para com os bombeiros, era que esta tragédia, no futuro, não se repetirá, porque ele, Marcelo, será disso o nosso garante.

HSC

sexta-feira, 16 de junho de 2017

Esse tempo...


"...Helmut Kohl morreu hoje. Nunca falei com ele mas conheço muito bem o seu papel na História da Europa e do seu país. E também sei, porque o ouvi a alguns que com ele privaram ou acompanharam de perto a sua ação, que foi uma personalidade a quem nunca foram indiferentes os interesses de Portugal, que soube entender as nossas razões, que nos ajudou, com compreensão, em momentos delicados da nossa adesão e participação no processo europeu.

Só por isso, dá-me gosto dizer que ainda sou do tempo de Helmut Kohl."

                          in http://duas-ou-tres.blogspot.pt/


Também eu sou do tempo de Helmut Kohl que foi, talvez, o primeiro político que verdadeiramente me interessou, pela sua ideia de reunificar a Alemanha dividida nas suas entranhas pelo muro de Berlim. 
Vivi no seio de uma família em que se falava muito dele. Uns apreciando, outros nem tanto, como era normal nesse tempo, em que coexistiam anglófilos e germanófilos.
A sua morte, hoje, lembrou-me a casa dos meus avós e o meu irmão mais velho, recentemente falecido. E, confesso, por uns minutos, tive saudade desse tempo e da calma com que as questões políticas, então, se discutiam...

HSC

quarta-feira, 14 de junho de 2017

À Maria Helena Sequeira


Só hoje consigo escrever umas linhas sobre a Maria Helena, tal a comoção que a sua morte me causou. Embora não a conhecesse, selecionei-a para vir trabalhar comigo na Aeronáutica Civil e, esses anos que passámos juntas, haviam de sedimentar uma amizade que nada, nem a distancia quebrariam. 
Trabalhámos e viajámos muito. Mas, sobretudo, tivemos uma cumplicidade à prova de bala. Conhecia-a como Maria Helena Sequeira, o seu apelido de solteira. Assumiria o nome de Serras Gago pelo casamento e, por causa deste, teve de ir viver para Paris, criando um hiato na nossa relação, já que, quando ela voltou, começava eu a ir para lá. Mas a alegria com que nos víamos era sempre a de outrora, como se nos tivéssemos despedido na véspera.
A Maria Helena, economista como eu, era um coração de ouro que tentou realizar-se plenamente na maternidade do seu único filho, o Frederico, a quem proporcionou uma esmerada educação assente em tudo o que de melhor esteve ao seu alcance. São os dois que se vêm na foto acima, por ocasião dos 30 anos deste último.
Conhecemo-nos muito bem. E eu só me penalizo de não ter sabido, a tempo, da doença que em seis meses a matou. Desde então, volta, não volta, lembro-me do muito que ela ainda tinha por fazer. Nomeadamente, tomar nas suas mãos a sua vida e o seu destino, e, finalmente, viver!

HSC

terça-feira, 13 de junho de 2017

Lá vamos cantando e rindo...


Num país pequeno como Portugal, convém aos governantes terem uma a consciência aguda de que a prudência não é uma virtude mas uma necessidade; a formalidade institucional não é um protocolo de antanho, ultrapassado, mas sim uma táctica perante os poderosos do mundo e o sentido de Estado está longe de constituir um patriotismo bacoco e deve, pelo contrário, ser a mais valia de um País que não pode esbanjar recursos na hora de se fazer valer.
Tudo isto vem a propósito da decisão, em 2017, que o Presidente do Brasil teve o desplante de tomar, ao considerar-se suficientemente à vontade para anular os encontros que tinha marcado – num 10 de Junho -, com o Presidente da República e o Primeiro-ministro de Portugal.
Ou estou muito enganada, ou esta atitude releva de um menosprezo inqualificável por Portugal, em particular tratando-se de Temer, um presidente cuja cabeça está segura apenas por um voto.
Não acredito que tal cena fosse possível, por exemplo, com um Dr Mario Soares e não compreendo como o duo que nos rege, se deixou enredar numa situação deste tipo, continuando a sorrir como se nada tivesse acontecido. É que há limites para tudo. Até para o sorriso!

HSC

Nota A Sra D. Dilma já cá tinha vindo para dizer dizer que não investia em Portugal, porque só o fazia em paises com "triple A". São de topete, estes "nossos amigos"...

segunda-feira, 12 de junho de 2017

Igreja: Santo António (11)


É um dos santos mais amados do mundo. Não só por católicos, mas também por muçulmanos, budistas e hindus, que a ele rezam. Nasceu no ano de 1195, em Lisboa.
Falamos de Santo António, filho de uma família nobre que lhe deu como nome Fernando. António foi o nome que escolheu, quando decidiu seguir os passos de outro grande santo, Francisco de Assis. Foi um homem culto, um fino teólogo, uma pessoa muito atenta aos problemas sociais. Atribuem-se-lhe muitíssimos milagres. Morreu em Pádua, em 1231, onde chegou após muitas vicissitudes.
Pouco menos de um ano após a sua morte, o papa Gregório IX proclamou-o santo. Todavia já em vida era grande a sua fama de santidade.

HSC

sábado, 10 de junho de 2017

O dia de Camões

"...A idade traz-nos outros saberes e outros sabores e li, reli e voltei a reler deliciada a fantástica epopeia de um povo fantástico cujas façanhas, apesar de se terem perdido um pouco na memória do tempo, poderão renascer a qualquer momento, qual fénix a quem basta uma acha em mão apropriada.

Pela história relatada por Camões aceito bem o dia de Portugal, o dia da Raça, mas aceito ainda melhor que o 10 de Junho seja para sempre indissociado de Camões e da nossa Lusitanidade."

         Comentário de Maria Dulce Fernandes no blog Delito de Opinião

O extracto que acima reproduzo aborda um tema que considero muito importante. Para mim, o 10 de Junho foi, sempre, o Dia de Camões. De facto, há muito quem pense que o dia de Portugal deveria ser o 5 de Outubro, data da fundação da nacionalidade e do Tratado de Zamora, quando Leão reconhece a independência de Portugal. 
A propósito da data, a Patrícia Reis recorda e bem, no seu texto para o Porto Canal, que "este 10 de Junho, celebrado na cidade do Porto, é porventura um momento para pensar se temos uma estratégia cultural que acompanhe o facto de Portugal estar na moda, ter tão bons indicadores ao nível do Turismo, e se apostamos ou não em quem insiste em ser agente cultural, artista plástico, escritor, músico, etc.
Há ainda uma reflexão adicional que deveremos fazer, sobretudo num país que parece estar cada vez mais deslumbrado pela juventude: apoiamos ou não apoiamos os mais velhos que contribuem significativamente para este património que é nosso, a Cultura Portuguesa?"
Faço minhas as suas palavras já que, hoje, temos um Ministro da Cultura que, além de excelente diplomata, é um dos poetas vivos que mais aprecio.

HSC

quinta-feira, 8 de junho de 2017

A Junta de Freguesia da Estrela


Sou um bocado avessa a escrever sobre assuntos autárquicos. Mais ainda, desde que o simpático Presidente Medina me pôs os cabelos em pé com os trânsitos invertidos na Avenida da Liberdade. A partir da data em que essa medida foi adoptada, fujo do Marquês como diabo da cruz
Mas não posso deixar de referir aqui, a Junta de Freguesia da Estrela, na qual agora estou integrada, não por ter mudado de morada - quem me dera sair da Lapa e ir para Campo de Ourique - mas porque a nova reorganização tal determinou. 
O seu Presidente, Luis Newton - que não tenho o prazer de conhecer -, preocupa-se em me manter informada de tudo o que se passa de importante na área a que pertenço. E a verdade é que, por causa disso, hoje sei muito mais do que antes sabia. O livrinho que regularmente recebo na minha casa, dá-me uma série de notícias que, de outro modo, talvez me passassem ao lado.
A zona em que vivo tem, sobretudo, problemas na calçada. Fiquei a saber que posso tirar uma foto, identificar o local e enviar para a Junta, que tem piquetes para este tipo de intervenção.
Assim e até que tenha a oportunidade de o conhecer pessoalmente, os meus parabéns, senhor Presidente, pela atenção que nos tem dispensado e que se estendem, naturalmente, a toda a sua equipa!

HSC

quarta-feira, 7 de junho de 2017

Custa a acreditar neste novo mundo!


"La donación de 320 millones de euros que anunció el pasado marzo la Fundación Amancio Ortega para la renovación de los equipos de diagnóstico y tratamiento del cáncer en los hospitales públicos españoles no se ve con buenos ojos desde muchas asociaciones de usuarios de la sanidad pública.
El lunes pasado la Asociación para la Defensa de la Sanidad Pública de Aragón mostró su rechazo a la donación de 10 millones que la Fundación Amancio Ortega acordó con la Comunidad Autónoma de Aragón. El colectivo explica que no es necesario "recurrir, aceptar, ni agradecer la generosidad, altruismo o caridad de ninguna persona o entidad".
"Aspiramos a una adecuada financiación de las necesidades mediante una fiscalidad progresiva que redistribuya recursos priorizando la sanidad pública", afirma el grupo.
Esta asociación no es la única que se ha opuesto a este donativo. La semana pasada se hizo pública la donación de 17 millones a la región de Canarias, y la Asociación para la Defensa de la Sanidad Pública de esta comunidad criticó la actuación."

                                                      in El Mundo

Nem me dei ao trabalho de traduzir, porque se lê e se compreende. O que não se compreende, é a recusa elitista da Associação para a Defesa da Saúde Pública de Aragão em aceitar dinheiro, cuja finalidade se destinava à melhoria do sistema de saúde publico espanhol, no tratamento do cancro.
O que pensarão desta recusa todos aqueles doentes oncológicos a quem a referida doação poderia mitigar o seu sofrimento? Inacreditável, de facto, até onde a ideologia pode levar certas pessoas...
Amancio Ortega, filho de um ferroviário, começou a trabalhar aos 14 anos. Hoje é o dono da Inditex que possui marcas como a Zara, Massimo Dutti, Oysho, Zara Home, Kiddy's Class, Tempe, Stradivarius, Pull and Bear, Bershka e foi considerado pela Forbes o homem mais rico da Europa e um dos homens mais ricos do mundo.
Se o mundo não está louco, decerto que para lá caminha...

HSC 

terça-feira, 6 de junho de 2017

E continuar a pensar...


«A vida é um contínuo "olá" e "adeus"» e há sofrimentos que não se conseguem explicar."
                                                     Papa Francisco
HSC

Para pensar...

«No fim de tudo, a Felicidade com maiúscula compõe-se de minúsculos actos felizes; de agradáveis sensações passageiras; de um razoável estado de saúde; de expectativas positivas diante de um futuro sempre aziago, ainda que não totalmente tenebroso; de alguém que goste de ti; de um amigo que está disposto a ajudar-te; de pequenos prazeres inerentes aos cinco sentidos corporais.»

                                  Manuel Vicent, no El País

HSC


domingo, 4 de junho de 2017

Certas mulheres

Gosto francamente de ser mulher e não me lembro – nem no tempo dos feminismos exacerbados – de, alguma vez, me ter passado pela cabeça, a vontade de ter nascido homem.
Mas concordo que há certas mulheres que fazem perder a paciência a um santo – incluindo a mim, que estou longe de ser santa – com a obsessão que têm de mostrar que, agora, “ a força está do lado delas”. É que, de facto, ainda não está.
Mas, do mesmo modo que um rico não alardeia a sua riqueza e um bem nascido não refere o seu berço, também me parece que não será necessário ou desejável, que uma mulher sinta necessidade de afirmar um “poder” que, sendo hoje maior, está  longe de ser o que algumas apregoam.
Um dos motivos porque gosto de pertencer ao meu género, é justamente esse direito – que esse, sim, já me é reconhecido - à diferença. E é esse direito a ser diferente, que, no fundo, sempre me afastou da masculinização das mulheres no campo profissional.
Gosto de ter um olhar feminino sobre o mundo que me cerca, a sociedade que me rodeia, os colegas com quem trabalho, as pessoas com quem me relaciono. Enfim, até gosto de mostrar esse lado, à vertente masculina da minha própria família.
Porque é essa visão de género que constitui um dos aspectos mais importantes da minha verdadeira liberdade. E desta, eu não tenciono abdicar!


HSC

sábado, 3 de junho de 2017

A vida

Sempre entendi que aquilo que nos ensinam nas escolas deveria servir para que aprendêssemos a viver. É que muito para além das matérias ministradas – umas obrigatórias, outras não – que constituem meras ferramentas para, num futuro, arranjarmos um emprego, elas deveriam preparar-nos e ajudar-nos a descobrir o nosso caminho e a ética com que o iríamos percorrer. Dito de outro modo, o ensino e a educação ajudar-nos-iam a tornarmo-nos melhores “pessoas”.
Infelizmente, se assim não foi no meu tempo, nos dias que correm as coisas não se alteraram muito na sua essência. Podem mudar-se as matérias e podem mudar-se as formas como as mesmas são ministradas, mas enquanto a preocupação central do ensino for, apenas, ministrar conhecimento - necessário, mas não suficiente – a escola ou a universidade não formará homens e mulheres. Formará advogados, engenheiros, economistas ou médicos, mas não conseguirá preparar pessoas. E é destas “pessoas” que também têm uma profissão, que a sociedade necessita, para não ficar reduzida a núcleos de meros tecnocratas, cuja existência, na sua grande maioria, está longe de ter o que apelido de vida!

HSC