quinta-feira, 29 de novembro de 2012

União de facto presidencial

Os franceses andam preocupados com uma questão doméstica maior. Qual? A de saber que título oficial atribuir à companheira de Hollande. A senhora não gosta de ser apelidada de "première dame" e sugeriu que fosse chamada de " l'atout coeur de France" ou "la première journaliste de France".
Mas serão os juízes que terão de resolver este magno problema de lhe dar um nome e de lhe definir o estatuto. 
Porquê? Porque Valerie terá apresentado uma queixa por "atentado à vida privada" ** contra os autores da sua biografia, intitulada " La Frondeuse" (Editions du Moment), Alix Bouilhaget e Christophe Jakubyszyn, na qual ela se define como jornalista, antes de se apresentar como "la compagne de M. François Hollande, président de la Republique" ou mesmo como "une personnalité publique ou parapublique".
Ora estas duas asserções servem para apoiar a tese de "que existe um interesse em se ter informação tanto sobre a sua vida privada como sobre a sua vida pública, dado que existe um laço entre as duas. Laço que, aliás, se manifesta pelo facto de Valerie possuir um staff, um escritório, e representar a França no exterior". Ora esta situação está longe de se enquadrar na simples jornalista do Paris Match que Trierweiller pretende continuar a ser.
O termo parapublique só existe para as empresas. Assim, a menos que os juízes concordem com a dita expressão, terão de criar uma nova categoria social que dê um estatuto à companheira do chefe de Estado. 
A resposta só se saberá a 10 de Dezembro, dia da citação perante a 17ª camara do tribunal de grande instância de Paris.
Ora aqui está uma matéria protocolar que a França terá de ver resolvida, sobretudo, face a países que não reconhecem o valor jurídico das uniões de facto.

** Aquele "ataque à vida privada" é, sobretudo, fundamentado na revelação feita no livro, a uma anterior ligação de Valerie com um político de direita.

HSC

10 comentários:

rmg disse...


Para além do lado protocolar da questão num Estado de direito que não está só neste Mundo e muito menos lhe dita as regras acharia interessante que fôsse a senhora a sugerir o estatuto que lhe convém nesta matéria .
Mas "l'atout coeur de France" é delirante e "la première journaliste de France" só peca pela modéstia .

margarida disse...

Com licença: a senhora é complicadinha e já causou embaraços demais ao presidente. Homessa! Por liberais que sejamos, ele há estatutos que estão acima das nossas brotoejas - se quer assumir-se ao lado dele, que se case e acabe lá com tanta confusão, carago!
'Admiro' é a pachorra do senhor Hollande para estas coisinhas tontas da madame...
:(

Maria disse...

Como estamos em tempos de "reformular" tudo o que está instituido mas deixou de interessar......reformula-se a categoria social - passam de amantes, a quê?

Anónimo disse...

É um assunto tão importante, comparado com a crise, que até faz esquecer esta...

patricio branco disse...

o problema está em a sra não gostar do 1º dama, que seria o adequado e resolveria o problema. claro que é isso o que ela é na pratica. mas deve haver precedentes em frança e noutros paises.

Anónimo disse...

este assunto, de a senhora ficar ofendida pela forma como é tratada e querer outra forma, parece-me ser um bocadinho (para não dizer muito) pretencioso!!!
há tempo e pessoas para tudo!
beijinhos,
lb/zia

Gaivota Maria disse...

Com tantos problemas que a França está ater também, é perfeitamente ridícula esta posição da madame. Basta o "Maîtresse". Tout court mas o que exprime a realidade

Anónimo disse...

Isto, cara HSC, é de desconfiar que seja a velha senhora a desafiar os seus limites de tolerância...:

é ci-ú-mes margarida?
'que se case' - mas que é isso?
nem se casa quem decida
só amar ser compromisso

quem pra quem amor é chefe
bodas quer mas é com efe

(sai censura? enfin bref...)

Anónimo disse...

La Frondeuse significa desajustada, mas se em França é reconhecido à união de facto valor jurídico, então é o protocolo quem está desajustado.

Até aqui Valérie tinha toda a minha simpatia. Mas hélas!

'Primeira jornalista de França' é demasiado modesto como já aqui foi comentado, e 'cartão de trunfo de França' ('l'atout coeur de France') apesar de poder ser um trunfo na manga, não é uma expressão à altura, uma expressão como direi, suficientemente gongórica.

É por isso urgente criar uma nova categoria protocolar. Imaginem se Valérie Trierweiler em representação da França se desloca a Ilhéus, o que não fará a DªDoroteia.

Anónimo disse...

Nova categoria protocolar para união de facto, proponho: primeira dama de facto.
La Première Dame en Fait.

O facto de vivermos uma tremenda crise não significa que não possamos pensar sobre outros assuntos.

À parte os exageros de Madame, este assunto não é tão fútil como parece.