«No tempo em que as mulheres não votavam, fazíamos guerras por
elas. Agora que elas votam, fazemos guerras pelo petróleo. Será isto um
progresso?»
Devo confessar que esta frase, de Boris Vian, citada pelo Pedro Correia
no Delito de Opinião, fez-me sorrir. É que o mundo mudou muito desde a morte do
seu autor, que nascido em 1920, faleceu em 1959.
Hoje as mulheres votam, são donas do seu destino, trabalham e a guerra
do petróleo continua na ordem do dia.
O seu autor ícone do surrealisno e do anarquismo, engenheiro, poeta,
tradutor e cantautor francês que mantém uma enorme modernidade na sua obra, nesta pergunta
parece reveler um qualquer machismo escondido que, nos tempos que correm, me causa alguma estranheza.
Ou eu estou muito nova - e não estou -, ou o Boris Vian envelheceu mais do
que dizem os anos que sobre ele passaram…
HSC
HSC
6 comentários:
concordo plenamente, boris vian destorce o papel das mulheres nesse comentario. triste é que ainda haja quem pense da mesma forma!!!
abraco amigo,
lb/zia
Não sei se as mulheres já serão assim tão donas do seu destino...
Boris Vian seria talvez mais um produto do seu tempo do que da ideia que dele fazemos , nós todos que nascemos na 1ª metade do século passado (portanto há muito , mesmo muito tempo) .
De qualquer modo era oriundo da classe média-alta e nascido em Ville d’Avray e alguma presunção por ali andava , ainda que isso não lhe retire um grama de mérito no amor ao jazz que me ajudou a construír .
Ainda ontem , ao ver noutro blog um artigo sobre o livro de Annie Pastor “Les pubs que vous ne verrez jamais. 100 ans de publicites sexistes, racistes, ou tout simplement stupides…” , me lembrei de como isto tudo parece longínquo e afinal foi ontem ou , quanto muito , anteontem .
O facto é que à época era normal , tão normal que os publicitários o usavam para aumentar as vendas (e aumentavam).
Há dias li uma entrevista de Jean-Paul Sartre (falecido em 1980) em que ele contava que em miúdo era frequentemente vítima de “bullying” (não encontrei tradução decente para isto em português nem em francês e , de qualqer modo ,
arriscava-me a um “Ah! O que ele quer dizer é bullying!”).
E acrescentava que para se defender tomava a iniciativa e ele próprio atacava antes de ser atacado outros miúdos ainda mais indefesos que ele .
Imagine-se isto dito à luz do que se pensa hoje e lá ía o Sartre para o “Recycle Bin”
da História .
Seja como fôr , de um ao outro , os últimos tempos só me têem trazido desgostos ...
Cara Loira
As que não são casadas e são independentes economicamente, creio que sim.
As outras, depende muito do marido que escolheram e da liberdade que alcançaram...
de facto, não vejo bem a relação entre uma coisa e outra, homens, mulheres, votar, petroleo, opinião anarquica para não dizer pouco coerente.
b v um daqueles artistas que a frança produz e que fazem um pouco de tudo.
mas um excelente musico e cantor (le deserteur, monsieur le president, je vous ecris une lettre...) como escritor na verdade não conheço, nada li.
Boris é simpatizante do surrealismo, tem uma escrita pessoal, difícil de etiquetar, mas não me parece que possa ser considerado 'um ícone do surrealismo'.
O que diria André Breton?
Enviar um comentário