No tempo em que nos amámos, o
mundo parecia girar noutro ritmo, como se o tempo se dobrasse sobre si mesmo
para nos dar mais espaço. Cada olhar trocado carregava a promessa de um
infinito, cada toque era uma celebração silenciosa de algo que sabíamos ser
precioso. Não era preciso dizer muito; as palavras nasciam de um lugar
profundo, onde as vozes se entrelaçavam com as emoções e se dissolviam em
sorrisos, em suspiros.
Lembro-me das tardes em que
nos perdíamos em conversas intermináveis, em que o som das nossas risadas
enchia o ar como a música de fundo de uma história que só nós conhecíamos. O
mundo lá fora continuava a seguir o seu curso, mas nós vivíamos num refúgio
secreto, onde os dias eram tecidos com a leveza das brisas e as noites,
iluminadas pelo brilho do que sentíamos.
No tempo em que nos amámos,
éramos imortais, ou pelo menos assim parecia. Havia uma simplicidade no estar
junto, uma certeza que dispensava questionamentos. Caminhávamos lado a lado,
sem a necessidade de segurar as mãos a todo o momento, porque o coração já
estava seguro, entrelaçado ao do outro, batendo no mesmo compasso.
Mas o tempo, que antes era
nosso cúmplice, passou a fazer-se sentir de maneira diferente. Aos poucos, as
horas que outrora voavam começaram a pesar, como se tentassem lembrar-nos da
sua existência. Ainda havia amor, mas ele já não habitava o mesmo lugar. O
espaço entre nós, antes preenchido por uma sintonia perfeita, foi se alongando,
até que nos vimos distantes, separados por aquilo que não se via, mas que era
inegável.
O tempo em que nos amámos deixou marcas profundas, tatuagens invisíveis que ainda carrego comigo. E mesmo que o amor tenha mudado de forma, ainda guardo com carinho aqueles momentos, onde o mundo parecia dobrar-se sobre si mesmo para nos abrigar. Foram tempos em que o eterno parecia possível, e por isso, jamais serão esquecidos."
1 comentário:
Quando as memórias são doces valeu a pena.
Tenha um excelente fim-de-semana
Enviar um comentário