Sou amiga e gosto muito do Daniel e da Natália
Proença de Carvalho. Conheço-os há tantos anos, que não consigo localizar no
tempo quem nos apresentou. Sim, porque, creio, devemos ter sido apresentados
algures, lá muito para trás.
Há dias, recebi o seu último livro -
"Justiça, Política e Comunicação Social" - Memórias de um Advogado -,
acompanhado do convite para assistir ao seu lançamento, no Auditório da
Fundação Champalimaud.
Só se estivesse doente é que não iria. Felizmente
fui e estou muito feliz por ter ido. Explico-me. A apresentação da obra
decorreu num ambiente que eu chamaria de uma junção do lado institucional com o
dos velhos amigos. Havia um sentimento de liberdade entre os convidados, que
misturava muita gente conhecida - que ocupa ou ocupou lugares de destaque -,
mas que ali estavam, sobretudo, pela amizade que as ligava ao autor. Era o caso
de Marcelo Rebelo de Sousa, do General Ramalho Eanes, de Pinto Balsemão e
muitos outros que partilharam a vida de Daniel.
Falo dos apresentadores. A primeira , Leonor
Beleza fez o discurso que se esperava da anfitriã, que nunca deixa de referir
os laços pessoais que a ligam ao autor. O segundo, o poeta Manuel Alegre que,
do meu ponto de vista deveria manter-se como bom poeta que é, disse o que se
poderia esperar que dissesse. Finalmente Miguel Sousa Tavares, que eu ouvia
pela primeira vez, depois da sua escusa ao jornalismo, encheu de brio os
corações atentos. Falou de todos nós portugueses, dos que estavam mencionados
no livro e nos outros. E a mim, que até nem pertenço ao grupo das suas
simpatias, deixou-me profundamente tocada. Talvez tenha sido uma das melhores
apresentações a que assisti! Daniel encerraria agradecendo a todos com aquela
inata capacidade de cativar os outros. Por fim, sem que se esperasse - pelo
menos eu - Marcelo Rebelo de Sousa, falando enquanto Presidente da Republica,
encerrou bem a comemoração.
Mas, surpresa das surpresas uma canção em fundo
de jazz, começaria a fazer-se ouvir enquanto o palco girava e aparecia a
orquestra dos amigos que sempre o acompanharam nessa diversão / compensação que
para si e para eles sempre foi a música. Seriam uns momentos de puro deleite
para quem como eu, já tinha no passado assistido a outras mais familiares.
Confesso que vim para casa de alma cheia. De saudades,
do tempo em que a pandemia me afastou deles, e que só compensei no estreito
abraço que consegui dar-lhes. E também de ter gostado tanto de ouvir alguém,
como o Miguel, finalmente me parecer ser a pessoa que sempre julguei que ele
fosse, mas que escondia atrás daquela que me costumava irritar.
Obrigada Natália e Daniel por ter tido a
demonstração de que continuava a estar entre os vossos velhos amigos. Porque
foi também isso -a amizade- que ali se celebrou!
HSC