Uma boa parte das familias deve andar preocupada com as medidas sanitárias, que irão ser impostas para o chamado periodo das férias. Crentes ou não, esta Festa que se aproxima, entrou na tradição nacional, tal como aconteceu com os feriados religiosos católicos que tinham vindo para ficar.
Mas o homem põe e o destino dispõe, presenteando-nos com esta pandemia que todos, no inicio, julgaram ser apenas uma epidemia. Também aqui o inesperado surgiu e o mundo, que se vai finando aos poucos, viu aparecer uma segunda vaga. E os pessimistas dizem que a terceira ainda virá antes que as vacinas vençam o combate.
Assim, valia a pena que, com alguma antecedância, pudéssemos saber que rumo dar às nossas vidas e famílias que, suponho, numa maioria significativa não sairá de casa. O que representa uma enorme mudança nas nossas tradições e com ela uma profunda solidão para todos aqueles que reuniam o clã familiar à sua volta. Mas a mudança não fica por aqui. Na passagem do ano, não eram os de sangue que reuníamos, mas sim os amigos que, como se sabe, são a "familia escolhida".
Pois bem. A entrada em 2021 não irá poder decorrer nos moldes habituais, porque as regras de segurança social o não irão permitir. Parece evidente que a junção destas duas soluções, irá provocar situações muito delicadas. Ora é isto que devemos, justamente, ter em conta. E não esquecer que, muito provavelmente, a nossa maneira de viver no futuro não será mais igual à que antes levávamos. Aceitar isso como um facto consumado e prepararmos-nos para uma "nova normalidade", vai ser indispensável se quisermos continuar a saber ser felizes.
Trata-se de uma evolução semelhanta àquela que vivemos quando nos preparamos para a reforma. Vamos ter de encontrar vias de satisfação que compensem o que perdemos e desenvolver caminhos que nos mantenham a alegria e a esperança. Acredito que saberemos faze-lo. Uns porque crêem e a espiritualidade os ajudará. Outros, porque não acreditando, sentirão necessidade de inventar as ferramentas de que necessitem para encontrarem o seu caminho. Outros, ainda, porque a ânsia de viver se sobrepõe à vontade de morrer.
Esta pandemia, se por um lado nos esvaziou, levando-nos os entes queridos, por outro lado, permitiu-nos olhar para dentro de nós e confrontar-nos com o nosso "eu verdadeiro", aquele que não precisa de se esconder atrás da mascara social que, por vezes, constituia a sua vida. Oxalá sejamos capazes de fazer esse milagre!
HSC