domingo, 20 de setembro de 2020

Radioactive


Para tudo há uma primeira vez depois da quarentena. Comigo, foi ir ao cinema, saudosa que estava de uma sala escura, uma tela grande  e uma companhia  com quem de vez em quando trocasse comentários. Já tinha algumas saudades de o fazer, após seis meses de fome!
Como no livro as "Mulheres que amaram demais" tinha feito uma pequena biografia da Madame Curie, decidi que iamos ver a sua história transcrita para o cinema e compara-la - grande ousadia da minha parte... - com o que eu havia escrito!
A película é mais triste e mais pesada, embora seja um excelente trabalho de análise de uma mulher cientista que nos meados do século passado amou, casou e conseguiu depois de muitas lutas que lhe fossem atribuidos dois premios Nobel. Um, o da Física, em colaboração com o marido, que antes lhe fora negado e mais tarde retribuido, e o da Química, já a solo. 
Foi uma vida inteiramente dedicada à ciência, num tempo em que às mulheres não eram reconhecidas quaisquer competências, para além da maternidade e do servilismo ao marido, garante fiel da subsistência doméstica.
A fita tem uma visível preferencia pela figura do marido e dá de Marie a ideia de uma mulher dura consigo e com os outros, como modo de se impôr. Na minha pequena biografia - e eu investiguei bastante para a escrever - esta faceta existe, mas não é tão explosiva. Possivelmente a verdade temperamental da cientista estará no meio das duas.
Gostei francamente do filme por ele tentar dar o lado humano, pessoal, intimista da vida de Pierre e Marie Curie, a qual apesar de ter nascido na Polonia, sempre se sentiu como se  fosse francesa, país onde morreu e onde também foi, por razões amorosas, odiada, mas  cientificamente venerada.
Vale a pena ir ver o filme. Não para se divertir, mas para se cultivar e, quem sabe, ficar a conhecer melhor a luta das nossas avós, para que possamos hoje estar na ciência lado a lado com  os nossos colegas homens. E vale a pena, embora seja melancólico, ver a adaptação da nossa viva amorosa, profissional e social às novas condições resultantes da pandemia.
Estar de mão dada, cochichar um comentário, partilhar emoções ali estão vedadas. É pena mas possivelmente já não será no meu tempo que isso voltará...

HSC

6 comentários:

Dalma disse...

H.S.C, não será no seu tempo que se voltará a ver um filme de mão dada?! Está a ser muito pessimista, acho eu. Havemos de nos vacinar, de nos imunizar e desde que tenhamos uma mão amiga voltar a fazê-lo. Coragem e bons pensamentos! D.

Anónimo disse...

Gosto muito desta atriz Rosalyne Pike. Sempre me impressionou na história de Marie Curie o facto de ter sido a primeira mulher a ser admitida na universidade, em Paris, e também a primeira mulher a ganhar o Nobel. Mas não teve uma vida fácil, embora tenha tido o apoio de cientistas homens. Impressiona-me o que os humanos fazem posteriormente com as descobertas, as repercussões da descoberta da radioactividade foram nada mais nada menos do que a bomba (Hiroshima, etc). Não sei se o filme trata isto.

Anónimo disse...

No confinamento habituei-me a ver cinema em casa, e tenho visto bons filmes. O último foi «Parasitas» de Bon Joon Ho, hilariante. Já não consigo ir a salas e cinema. A atriz Rosamund Pike é uma das minha favoritas e nasceu no mesmo dia que eu, no mesmo dia e ano, mas não temos mais nada em comum, ehehh!

Pedro Coimbra disse...

Li a biografia há já muitos anos.
E agora quero ver o filme.
Tenha uma boa semana

Helena Sacadura Cabral disse...

O filme Parasitas é uma película notável!

Anónimo disse...

🌷