quinta-feira, 12 de março de 2020

A quarentena portuguesa

Eu sei que somos um povo privilegiado. Temos seres especiais como Mourinho, Ronaldo e Centeno. Temos praias maravilhosas e verdes como poucos se encontram. Temos serviços em que somos muito bons e um clima de encantar. Mas não sabemos prever, nem aprender com a história nossa ou dos outros. Por isso, temos fogos e inundações que dão origem a belos discursos mas não mudam em nada os nossos hábitos. Incluindo aqueles quem têm a responsabilidade de governar.
Itália, europeia, constitui um bom exemplo do que se não deve fazer. Era de prever tudo o que aconteceu, conhecendo-se o apetite dos chineses por aquele país. Mas ninguém pensou nisso. 
E claro, porque havíamos nós de pensar, se a doença não havia ainda cá chegado? Tinhamos Fátima a proteger-nos, Senhora que é sempre muito invocada por ateus nestas alturas. Assim, como é proibido proibir, o Covid 19 chegou cá de mansinho, mas com uma curva exponencial de infectados que não para de subir. 
Como é que isto aconteceu?Porque era esperado que acontecesse e, por isso, as medidas agora adotadas ainda não chegam para o que está para vir. Ou seja, por muito anti democrático que pareça, o nosso país só sairá data epidemia, se tiver a coragem de proibir certo tipo de comportamentos sociais. É que a liberdade individual vale muito pouco quando é o colectivo que está em risco!

HSC

4 comentários:

Anónimo disse...

Agora o tempo é de medidas drásticas que protejam as pessoas. Para grandes males, grandes remédios.

Pedro Coimbra disse...

Foi esse o "segredo" de Macau.
Há mais de um mês sem casos, depois de debelados 10 "importados", as medidas de prevenção e contenção mantêm-se em vigor.
Respeito por nós e pelo outro.
E quem pisa o risco tem consequências.
Quarentena(s) obrigatória(s) e possíveis implicações criminais.
Bom fim-de-semana

Anónimo disse...

Desde o início que a prioridade é, ou devia ser, a luta contra o COVID-19, mas não existem fórmulas nem proibições milagrosas.
Além disso, apesar de o conhecimento, tanto científico, como social, deste novo vírus, avançar rapidamente, o desconhecimento ainda é elevado.
Por isso as medidas vão sendo introduzidas, à medida que a informação vai aumentando.
Há quem ache que as escolas já deviam ter sido encerradas.
Mas encerrar as escolas, se acaba com uns problemas, traz novos problemas: os pais perdem um terço do salário para cuidarem dos filhos em casa, os filhos ficam a cargo dos avós, grupo de risco.
Também o isolamento social, diminui o consumo, princípio que sustenta a economia portuguesa.
Mesmos os supermercados, se neste momento beneficiam de um aumento significativo de consumos, posteriormente sofrerão de consequente baixa de consumos.
Na minha opinião (uma entre as opiniões de muitos outros) devia ter-se apostado na realização de testes, e na triagem das entradas no país.
Mas espero que a tónica não seja o aproveitamento político, obsceno, desta grave situação.

Anónimo disse...

Em meados de Fev. apanhei um táxi e, falando com o taxista, perguntei-lhe se estes profissionais tinham recebido orientações relativas ao Corona vírus, da respectiva direção.
Respondeu-me com alheamento e perplexidade, não percebia o que eu queria dizer.
Disse-lhe: cuidados relativos à lavagem das mãos, como fazê-lo, várias vezes ao dia, não colocar as mãos na cara (olhos, nariz, boca), usar ou não usar máscara, limpar (pelo menos diariamente) o taxi, desinfetando as superfícies, portas, manípulos, puxadores, etc.
Mantendo o alheamento do início, respondeu-me com leveza e desinteresse «ah isso são tudo exageros dos jornalistas, morrem muito mais pessoas de gripe».
Fiquei a pensar que mais do que o pessimismo tão apontado como característica-mor dos portugueses, existe em Portugal uma oscilação marcada entre uma excessiva leveza e um peso excessivo (descontração ou pânico) ambos alheados da situação concreta.