terça-feira, 29 de janeiro de 2019

Era uma vez...


Era um dia de calor, em Junho, quando recebi um telefonema de uma senhora dizendo-me que o Dr Rangel me pedia que passasse pelo seu escritório. Não conhecia ninguém com esse nome e não consegui arrancar da secretária qualquer indicação sobre a razão de tal convocatória. Um pouco duvidosa lá marquei um dia.
Como não me sentia muito segura, tratei de saber quem seria a pessoa e de que se ocupava. Afinal, percebi que era alguém que conhecia mal, da Radio e que só não identifiquei de imediato porque estava, como acontece a muito boa gente, longe do meio radialista.
No dia da reunião lá confirmei as  minhas parcas informações. Sedutor, rápido e firme disse-me que gostaria que eu fosse a autora e a imagem de um programa televisivo. Na altura, o convite deu-me um ataque de riso.
Com efeito eu só fizera televisão com a Teresa Guilherme, que confiando nas minhas capacidades, mas sem me conhecer, me entregara um espaço de comentário no seu Chá das Cinco - julgo que era assim que se chamava - que não tinha corrido mal, mas me não habilitava a mais do que isso. Respondi que não, nem pensar! Mas, perante a insistência, entendi que se pedisse caro, o assunto ficaria resolvido. E ficou. Com surpresa minha, as condições foram aceites. 
O programa "Segredos" iria, assim, para o ar a 11 de Outubro, ou seja, cinco dias depois de abrir a primeira estação televisiva privada em Portugal. Começaria aí uma carreira na área da comunicação que, até hoje, nunca mais parou. E foi à Sic que fiquei para sempre ligada até ao dia em que de lá saí, de forma um pouco deselegante e com um grau de mágoa que, até hoje, não esqueci. Nunca mais, desde então, pisei a estação. Foi com Daniel Oliveira, de quem gosto muito, que quebrei, por uma única vez, essa posição, aceitando ir ao Alta Definição.
Quando ontem assisti ao fechar das portas em Carnaxide - onde até tenho uma arvore plantada - senti uma espécie de aperto no coração. Ficavam ali algumas das minhas melhores recordações. Das pessoas e do ambiente.
Tenho grande admiração pelo patrão Francisco Balsemão que soube arriscar, muita saudade dos defeitos e qualidades de Rangel, que aprendi a conhecer e a certeza de que a Sic de Daniel Oliveira é um projecto bem diferente daquele que temos tido até aqui e que tem tudo para vencer nessa "guerra de audiências", que todos criticamos mas acabamos por aceitar! 

HSC

7 comentários:

Silenciosamente ouvindo... disse...

O tempo passa veloz e como me lembro bem
do dia da estreia da SIC e agora que mudou
de instalações e não só, vou seguir com
atenção a nova SIC.
Os meus cumprimentos.
Irene Alves

Pedro Coimbra disse...

Recordações para quem está distante de Portugal mas viveu esses tempos.
Que o Daniel Oliveira tenha muito sucesso neste novo desafio!

Trendy Lisbon disse...

Uma estação que fica na nossa história, seja qual for o seu futuro e novos caminhos. Esses momentos de há 26 anos marcaram todos, é a grande vantagem de quem é pioneiro e um dia teve a ousadia de arriscar. Que venham muitos mais :)

Anónimo disse...

Lembro-me do primeiro dia da SIC.
Desse dia pouco resta. Saibamos, no entanto, parabenizar quem ao longo de todos estes anos fez algumas coisas muito boas, diferentes até. Pena que 'o raio do share' tenha tomado conta das vontades e dado lugar a algumas mediocridades das quais é cada vez mais difícil fugir.
A nós, telespectadores, vale o telecomando. Usemo-lo adequadamente.

Recordo-me do 'Chá das Cinco' tal como do 'Segredos'. Saudades, é certo.

Um abraço para si, caríssima Helena.

Anónimo disse...

Cara Helena
Recordo-me bem dos "Segredos". Foi o primeiro programa de entrevistas da Sic e a Helena levou lá pessoas bem interessantes. Acompanhei, depois, a sua carreira.
Muitos de nós, aliás, comentamos porque é que anda afastada da televisão. Era uma brisa de boa disposição sempre que aparecia. Não lhe devem faltar convites! Essa sua gargalhada vale ouro, cara amiga!

Anónimo disse...

Dra Helena eu estou como o Anónimo das 16:22. Já é tempo de voltar a deliciar-nos com a sua gargalhada inconfundível e esse sentido do humor que tanto a caracterizam!

Anónimo disse...

A SIC está a transformar-se de facto!