sábado, 25 de março de 2017

Nós e os nabos...


Não sei se os políticos que aceitaram a quota dos 33% de mulheres no poder, vão ou não, às compras para a casa. As outras - as pessoais - acredito, cada vez mais, que vão com prazer, numa aproximação ao modelo tradicional feminino, do qual nem se dão conta.
Mas, admitindo que o supermercado e a praça possam ser do seu conhecimento, fico surpreendida que não falem do altíssimo preço que hoje atingem os produtos alimentares, nem da vergonhosa parcela de bens importados. Porque, se vão às compras, certamente já terão visto que Marrocos vende feijão verde duro que nem corno, pelo dobro do nacional, que as bananas da Colombia substituíram muito mal as nacionais e que os nabos atingiram preços inadmissíveis. O que até é chocante, porque a nossa produção de nabos deve ser das maiores da Europa e isto só para falar do velho continente...
Pergunto a mim mesma se o aumento do consumo privado, de que tanto se fala na salvação da economia nacional, não verá o seu valor um pouco diminuído, face a este aumento de bens importados. 
Torna-se muito cansativo, hoje em dia, abastecer a dispensa. Porque, quem como eu, que só em desespero de causa, compra produtos importados a preços impraticáveis, o tempo que se perde é incalculável. São voltas e voltas às bancas para encontrar frutas e legumes portugueses e, na maior parte dos casos, a procura torna-se infrutífera, dado que nem sempre os encontramos.
Não sei se é o dinheiro que a geringonça diz ter devolvido, se é a fraca remuneração da poupança, ou se é o aumento, em flecha,do turismo, que explicam esta situação. Mas que ela contribui para que o nosso dinheiro desapareça num ápice e valha cada vez menos, disso não há muita dúvida. E não é preciso sermos economistas para nos darmos conta deste facto. Mas, talvez seja preciso ser-se nabo, para ignorar esta situação...

HSC

19 comentários:

Dalma disse...

HSC, claro que as bananas da Colômbia/ Equador substituem mal as da Madeira, só que as da Madeira são muitas vezes quase ao dobro do preço das primeiras, além de que estas últimas só se vendem em parte do ano ao contrário das outras!! E para algumas famílias o preço conta!
Quanto aos nabos, os vegetais claro, o meu "mordomo" não compra porque detesta o sabor e como felizmente não tenho que ser eu a fazer compras, não sei a cotação dos mesmos, mas acredito que estejam caros!

Silenciosamente ouvindo... disse...

Drª. Helena, estava a ler o texto deste seu post e a verificar
que também a srª. drª. se queixa do mesmo que eu. Até pensei que
de repente me teria tornado "desgovernada" mas a falar com algumas
pessoas amigas, todas nos queixávamos do mesmo.Todos os meses se
gasta mais e se tem que ir às reservas. Concordo com o que escreveu,
compra-se mais caro e de pior qualidade. Eu ainda tenho a possibilidade de ir a um mercado de rua, onde as pessoas que cultivam
vão vender, mas cada vez menos, porque terem que fazer escrita,
quando muitos pouco ou nada sabem escrever, também os afastou...
Enfim, a vida não melhorou não.
Bom fim de semana.
Os meus cumprimentos.
Irene Alves

Helena Sacadura Cabral disse...

Dalma
Sorte a sua não ter de ir às compras! Se eu fosse descrever a actual lista de produtos alimentares provenientes do estrangeiro ficaria assombrada.
Quanto à banana da Madeira foi um exemplo. É que aí vale a pena pagar mais caro: o sabor é completamente diferente e o produto é nacional. Se for explorada, ao menos o dinheiro fica no país!

Dalma disse...

HSC, eu/nós temos a preocupação de comprar "grown in Portugal", porque podemos. Mas a maior parte da população não o faz, uns pq não podem, outros porque não cuidam!

Dalma disse...

Gostava de discordar da I. Alves, que diz que os mercados de rua são mais baratos! Discordo em absoluto e por experiência. Agora aqui no Parque das Nações há um mercado desses todos os sábados, ontem fui lá e comprei seis maçãs, pequenas e "ranhosas" que me custaram 1.90! Claro que eram sumarentas e doces e certamente melhores do que as do C. ou outra G.S.
Também tudo o resto tinha preços superiores aos do supermercado, porque a pesar de não ser eu a fazer as compras, às vezes vou com o meu "mordomo" !
Além disso, ou pelo menos neste daqui, os vendedores não têm já o aspeto rural e mais ou menos pobre daqueles que vinham vender os excedentes de uma agricultura de subsistência. Esses que não sabiam ler nem escrever já mal existem no negócio! Duas das vendedoras aqui no parque são mulheres já detentoras de um razoável inglês que mantêm uma conversa escorreita com a clientela de outros lugares!
Comprar/vender por atacado é sempre mais barato, logo o consumidor fica a lucrar, pelo menos em preço!

Anónimo disse...

Gosto de comer ao "pequeno-almoço" antes do café-leite, um prato variado de fruta. Só agora me apercebo onde ela é produzida: Uvas - Chile; bananas - Equador; morangos - Espanha; kivis - Israel; laranja, ah, esta é do Algarve...Quero dizer que apenas como uma pequena quantidade de cada espécie... kkkk

Unknown disse...

QUE NÃO É PRECISO SER ECONOMISTA, CONCORDO, SOU PROVINCIAMO, MAS COM GENTE QUE NÃO SABE DISTINGUIR UMA COUVE-FLOR DE UMA CALINHA TAMBÉM NUNCA MAIS VAMOS A LADO NENHUM.

Anónimo disse...

Mas o diabo
Vive que nem um nababo
E não acabo
Sem ficar brabo
Sonho amarrar-lhe o rabo
e lançá-lo ao gado preso num cabo
Para não brincar com o "nabo"

Gralhas

Anónimo disse...


Helena
Ao sábado vou à praça, costumo comprar numa vendedora que aposta em produtos portugueses, este sábado comprei feijão verde nosso a 1,99 € terrinho. Verduras a 1€, macãs 1,29 €, na praça de rua ainda se compra boas coisas a bons preços. Comecei a comprar bananas da Madeira há poucos meses por serem pequeninas, confesso que são muito mais saborosas que as outras.
Não gosto de fruta demasiado brilhante nem grande, aprendi com o meu irmão que quanto mais pequenina e feia a fruta mais saudável é.
Quanto às restantes compras sou fã dos produtos PD, boa qualidade/preço, e assim vou fazendo a gestão da casa.

Abraço
Carla

Unknown disse...

Como isto tudo está a transformar-se num nabal dos antigos cá vai um molhinho deles para a doutora Helena fazer o que quiser: Lembra-se daquelas pulseiras dos anos 50 do Século passado que tinham poderes magnéticos etc. e tal e não sei que mais, que afastavam o mau olhado, as bruxas, os lobisomens, e que nós riamos muito e chamávamos todos os nomes de marreta para cima a todos que as usavam?
Pois é. REGRESSARAM. Estão de novo à venda na RTP1...
Três, custam 90 Euros... uma ninharia.
COMO É QUE ISTO SE CHAMA?
Aniceto Carvalho

Helena Sacadura Cabral disse...

Carla
Numa semana comprei feijão verde nosso, liso a 1,99€. Uma semana depois, recusei-me a comprar a 3,99 vindo de...Marrocos!
Verduras a 0,99€ embaladas para sopa, mistura de brócolos, couve for e abóbora. Já pensou que na moeda antiga isto representa 200$00? E que a minha pensão em euros é menor do que aquela que recebia em escudos? Parece ladainha mas não é!
:-))

Pedro Coimbra disse...

Como o meu avô paterno e o meu pai, eu sou a "Maria" lá de casa.
A empregada nem diz à minha mulher o que é necessário.
Diz sempre aqui à "Maria".
Ao sábado vamos todos (eu, mulher e filhas) fazer as compras lá para casa.
Mas fica sempre a faltar qualquer coisa.
Não é complicado, é bom ter ideia do preço dos produtos que mais consumimos.

Anónimo disse...


Helena
Acho que quando compramos a 1 € e tal fazemos a analogia ainda que errada dos cento e tal escudos. E não ao valor real que são 200$00 e muitos.
Se víssemos feijão verde em escudos (400$00 ) achávamos caríssimo, como o vimos a 1,99 é barato, o que na verdade não é.
A moeda única só veio inflacionar os preços, é preciso estar atento ao valor real das coisas.

Abraço
Carla

Anónimo disse...

Bom Dia Dr Helena
No norte temos a "Fruta Feia",uma vez por semana vamos buscar o cabaz de legumes e fruta e só custa 3,50€.
São produtos com qualidade mas sem beleza
Muito bom

Dalma disse...

HSC, e pensava eu que só era a minha mãe, 95anos, que de vez em quando quer saber o preço em escudos! Mas de forma alguma podemos fazer essa equivalência, pois não tem qualquer paralelismo com a atualidade, tal como não tinham os escudos dos ordenamos que primeiro ganhei (1969 ) com os escudos dos dos meus últimos ordenados com essa moeda!

Exemplificando, com 4.500$ que foi o meu primeiro ordenado eu fazia todas as minhas despesas e ainda aforrava algum. Com os mesmos 4500$ em 2001 só davam para a renda da casa!
Não acho pois que possamos, comprando em € estar a convertê-los mentalmente em $, pois então, quem durante uma vida usou esta moeda, teria alguma dificuldade em comprar as tais verduras a 0,99€!

Helena Sacadura Cabral disse...

Caros comentadores fiquei impressionada com o vosso amor pelo euro!
Claro que um euro não é o mesmo que duzentos e tal escudos. Mas quando dei o exemplo, calculei que iriam reagir assim. Não calculei é que tomassem à letra o que eu disse. Admiti que me teria feito entender. O erro foi meu. Desculpem!
Antes dar uma gratificação de cem escudos era bom. Hoje dar uma moeda preta é uma vergonha...
Um dia explico os benefícios e malefícios da inflação e talvez então me faça compreender!
Há aos a casa de um irmão meu valia 175 mil contos. Hoje vale o equivalente em euros, apesar da alta do preço da habitação. E ele, esperto, vendeu-a!

Dalma disse...

Uma das coisas boas do seu blog é precisamente podermos contrapor as nossas opiniões!
Certamente as explicações da HSC, conhecedora da matéria, serão por nós, leitores, bem vindas.

Teresa disse...

Se a Dr. Hel.ena me permite respondo á "Dalma".Um esclarecimento, o mercado do Parque das Nações é de produtos biológicos, logo é mais caro, eu costumo ir ao do Campo Pequeno e também há no Principe Real!Também pode haver quem venda na rua e serem os preços "normais", mas se reparar, tem um toldo que diz "Produtos Biológicos". E concordo com a Dra. Helena, as nossas bananas da Madeira valem cada cêntimo:))

Ivaz disse...

Depois de ler o seu texto com o qual concordo totalmente ( como quase sempre, aliás) sinto-me uma previligiada!! Vivo numa cidadezinha do Minho e consigo comprar todos os legumes e muita fruta fresquinha vinda diretamente dos produtores... logo de manhã num supermercadinho de bairro chegam os legumes frescos e cheios de terra 😊!