quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Dioríssimo...

Há várias fidelidades na vida de cada um de nós. Umas, duram uma eternidade. Outras, nem tanto. A minha Mãe foi, desde que a conheci, fiel a dois perfumes, um de inverno, outro de verão.
A minha fidelidade foi um pouco diferente, pois segui-lhe o exemplo, mas alarguei o conceito. Assim, tenho dois preferidos para cada uma das duas estações. Claro, que pelo caminho, vou cometendo pequenas infidelidades, quase sempre ligadas a presentes que me dão. Ao contrário da minha progenitora que, nem nessas situações, se permitia tal liberdade.
Mas estas constâncias levam por vezes a situações estranhíssimas. A minha primeira essência chamava-se Dioríssimo. Usei-a durante 25 anos. Até ao dia em que a abandonei e troquei por uma daquelas que agora uso. Mas as razões desse abandono não foram, nunca, para mim, muito claras. E várias vezes pensei que, um dia, talvez a retomasse, na esperança de que com o retorno desse odor, outras lembranças igualmente agradáveis viessem com ele.
Ha dias dei vazão ao dito sonho e consegui comprar um frasco pequeno de Dioríssimo. Não foi fácil encontra-lo e quando o pedia notava na empregada um olhar  de certa complacência perante a antiguidade. 
Na intimidade da minha casa, abri o frasco. O aroma surgiu de imediato. Mas o prazer anterior não. Pareceu-me muito doce e até algo enjoativo. 
O perfume, a fragãncia, eram os mesmos de sempre. Mas eu não era já a mesma mulher...

HSC

13 comentários:

maria isabel disse...

Tudo tem o seu tempo,a sua idade e as suas situações.
Há coisas que associamos a determinada fase da vida e por lá ficam.Agora não são a mesma coisa.
Foi-se aquele mistério.
Também me acontece

Anónimo disse...


Helena,
mudam-se os tempos, mudam-se os gostos!
Sempre adorei caracois, era capaz de os comer todos os dias.
Hoje é petisco se comer uma vez, já fico satisfeita.
Vamos lá entender estas coisas...
Não conheço o Dioríssimo, mas pelo que diz, deve fazê-la viajar no tempo, existem certos perfumes que nos fazem recordar, pessoas, lugares, sinto o mesmo.
Para as suas infidelidades , aconselho o nº19 Poudré da Chanel, é suave e fresco, o meu eleito para o verão.

Carla

Virginia disse...


Ao olhar para as fotos da embalagem de perfume, lembrei-me logo da minha Mãe, que também tinha um desses - ou mais? - na sua cómoda, que ela chamava de toilette.
Muitas vezes, enquanto adolescentes, - éramos seis raparigas - íamos ao quarto dela, antes das festas roubar-lhe um pouco daquele odor, na mira de que algum rapaz se sentisse atraído por tal perfume e a noite estivesse garantida ;-)

Anónimo disse...

Como eu a compreendo, aconteceu o mesmo comigo. Outro perfume, mas anos mais tarde já não era mais o "meu" perfume. Porque será que a vida nos muda até nesses pequenos "meus". As lembranças que os aromas nos trazem mudam ou nós é que mudamos e nos deparamos com a dura realidade que já não somos mais quem os usou?

Anónimo disse...

:-)
Não sou muito dada nem a perfumes, nem a fragrâncias, não que não goste, simplesmente o meu nariz não se dá ...
Só muito ocasionalmente é que uso e em pequeníssimas doses.

Cláudia

Susana Fonseca disse...

Acredito que continue a ser a mesma mulher na sua essência, mas com um gosto mais apurado para essências de outrém...Bjs

Anónimo disse...

Há de facto perfumes que marcam uma época da nossa vida.
Um beijinho
FL

Anónimo disse...

Toc...toc...toc ...posso entrar para deixar um presente ao mundo feminino?
Tenham um bom final de tarde com aromas especiais.
http://youtu.be/auSo1MyWf8g

Para a Alice em particular.

Enigma :-)

Antonieta Barona disse...

Mudam-se os tempo, mudam-se as vontades, todo é feito de mudanças....
Eu tb deixei as fidelidades dos odores duma juventude que há muito passou para os cheiros muito suaves, e que até são imperceptíveis a mim própria. Só quando dispo uma camisa e por vezes a aproximo do nariz sinto o perfume (água de colónia) que uso. Agora até vou roubando alguns perfumes (belissimos) que oferecem ao meu marido ...
O que há anos seria impensável fazer.

Maria do Porto disse...

Eu também sou fiel aos perfumes e só cometo algumas "infidelidades" quando, também me oferecem. A família e amigos mais chegados não se enganam!
A minha Mãe usou toda a vida, Verão ou Inverno, o CHANEL Nº5.
Eu, com os cheiros que me são familiares, recordo certas épocas, transportam-me aos sítios onde vivi esses tempos. Serão todas as pessoas assim?
Adorei o perfume deste post :=)

Isabel Mouzinho disse...

Também eu fui, em tempos, dada a essas fidelidades. E usei, anos a fio, Trésor, ou Anais, Anais, em tempos ainda mais remotos.
Hoje, seria incapaz de usar qualquer deles.
E tornei-me mais "inconstante", embora basicamente escolha sempre as fragâncias de Armani, ou Boss.
Mas, curiosamente, gosto que os homens se mantenham fiéis ao seu perfume de sempre. Porque os associo também a determinados aromas, sei lá. Bom, e acho que é melhor para por aqui...

Beijinho, Helena!

Anónimo disse...

Curioso. Gosto de perfumes frescos, colónias suaves. Por vezes mudo apenas para descongestionar, porque continuo fiel, só desisto se a fragrância deixa de existir.
E no entanto aprecio cheiro de terra e erva molhada, o cheiro húmido das manhãs de nevoeiro invernoso, o cheiro aconchegante da lenha a queimar na lareira, o cheiro fresco dos eucaliptos...o cheiro de cada pessoa.o cheiro de descascar tangerinas. E tantos mais.

Ältere Leute disse...

Usei-o durante vários anos; agora - já há algum tempo, aliás, - vario bastante ( tenho sempre as embalagens pequenas, para poder mudar mais depressa ). As minhas alunas - 11ª/12º anos, já grandinhas,- divertiam-se a adivinhar qual era o daquele dia, quando eu circulava a corrigir trabalhos.
Mas há sempre um em reserva: Dolce & Gabana. O Dioríssimo começou a "pesar-me" ao avançar na idade ...