Há dias uma amiga dizia-me, a sorrir, que se os seus três maridos se juntassem para falar dela, nenhum deles retrataria a mesma pessoa. E explicava a razão. Com efeito, depois de pensar no que determinara o seu divórcio, prometera a si própria não repetir os mesmos erros. E fê-lo.
Só que, por bizarria do destino, a mulher em que ela se transformou no segundo casamento seria a ideal para o primeiro e a mulher que ela fora neste seria afinal aquela que, no fundo, o segundo desejaria ter tido. Resultado, de nada lhe serviram as transformações por que passara e o segundo divórcio acabaria por chegar.
Desta vez a conclusão que tirara é que cada um deve ser aquilo que verdadeiramente é e não aquilo que os outros gostariam que fossemos.
Mulher independente resolveu não fazer drama do que lhe acontecera, nem duvidar de si própria. Assim, investiu na carreira, na família e nos amigos. Era um ser humano "bem resolvido", como agora costuma dizer-se.
Nunca quis que tivessem pena dela. Dizia muitas vezes "pena porquê? Cada um faz as suas escolhas. Se houve erro, a solução é mudar de rota. Exactamente como acontece quando nos enganamos no caminho".
Os anos foram passando e muitos amigos olhavam a segurança e a liberdade com que vivia com uma ponta de inveja.
Uma década passada, a nossa amiga havia de encontrar a sua alma gémea, numa altura em que já ninguém pensa que isso exista ou mesmo que tal seja possível. Partilhava, finalmente, a sua existência com alguém que gostava dela, dos seus defeitos e das suas qualidades sem lhe cortar a liberdade de ser quem era.
Dividiu dez anos a vida com este homem. Enviuvou há menos de um. Está serena e de bem com a vida. Dizia-me, com um vago sorriso que, apesar de o destino lhe ter reservado um final precoce, também lhe dera, em dez anos, muito mais do que aquilo que ela tivera na vintena que duraram os seus dois anteriores casamentos.
Existem, de facto, pessoas cuja vocação é não se deixarem abater, por mais partidas que o destino lhes teça. E que constituem uma amena brisa na tempestade das suas vidas. Abençoadas!
HSC
13 comentários:
É de pessoas assim, que gosto de estar próxima: positivas!
Uma boa semana!
Abençoadas mesmo!!!!!!
Beijinho
FL
Há quem fique preso no momento da perda.
Embora nao esqueça todos os momentos bons que viveu, não consegue superar a perda que sente como injusta...
Bem haja quem o consegue fazer. Sabe ser feliz !
interessante história que mostra confiança no casamento e na vida familiar, tambem o esforço de melhorar, de nos corrigirmos continuamente, etc
claro, não ficamos a saber a parte dos 3 maridos nos insucessos ou sucesso dos casamentos
Há de facto muita gente que fica com uma pedra no sapato e a remoer na sua anterior ligação e isso não me parece saudável.
Eu já tive 2 relacionamentos e 2 encantamentos, sou amigo de todas, porquê ter de acabar zangado?
Já estou pronto para o próximo relacionamento/encantamento, que mais dia menos dia vai acontecer, venha ele.
É bom saber ser feliz...
É preciso ser forte e resistente para continuar sorrindo mas eu, "cum saber de experiência feito", acredito mesmo que erros não são condenações. Não há idade para calçar chinelos, e o amor (seja lá isso o que for) pode demorar a encontrar. A mim, a tristeza e a pena, tal como a culpa, incomodam-me!
Luísa Moreira
HSC, fora do contexto do seu post, mas como não sabia outra forma de lho fazer chegar, junto o link de uma entrevista do Papa Francisco que sei muito apreciar.
http://www.youtube.com/watch?v=JGbEHX3fmXY
Aceitar os defeitos e qualidades e não querer moldar o outro (a) como gostaria que fosse, será esta a formula? Talvez! ...)
Caro Patrício Branco
Eram todos bons rapazes. Só que os dois primeiros apareceram na vida desta minha amiga no timing errado...
Caro António Almeida
Assim é que é. Para a frente é que é o caminho!
Se não apareceu ainda, amanhã aparece. Está nas cartas!
:-))
Cara Luisa
Tristeza e pena não lavam a alma a ninguém!
Dalma
Bem haja! Já a conhecia mas agora pude guarda-la!
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