Análise séria e acutilante, humorada ou entristecida, do Portugal dos nossos dias, da cidadania nacional e do modo como somos governados e conduzidos. Mas também, um local onde se faz o retrato do mundo em que vivemos e que muitos bem gostariam que fosse melhor!
sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013
Um dia...
Ainda não tenho aquelas mãos cansadas
Um dia virei a ter
Ainda não tenho as veias azuis à mostra
Um dia virei a ter
Ainda não tenho a cabeça branca
Um dia virei a ter
Ainda não esqueci que te amo
Um dia virei a esquecer
A olhar para ti
Sem te reconhecer
Um dia tu e eu
Havemos de envelhecer
E morrer
HSC
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21 comentários:
Liiiiiiindo!!!
Que essa dia ainda tarde...
Paula
Que lindo é envelhecer ao lado de quem amamos, mas Deus queira que nunca passemos pelo facto de olhar e não reconhecer, deve doer tanto ao que ainda se lembra!
Que envelheçamos os dois, mas que nunca percamos a lucidez!
bom fds
FL
Um dia... mas só daqui a muuuuuuuito tempo!
;)
Um beijinho e bom fim-de-semana,
Vânia
Um bonito poema.
Tive o privilégio de ter tido uns avós, paternos e maternos, extraordinários. No que aprendi com eles, do afecto e carinho que me deram, da companhia que deles gozei, do humor e boa disposição que me dispensaram, dos valores e princípios que me transmitiram, do que me deixaram escrito (ainda hoje tenho postais e cartas manuscritas deles, com palavras de um carinho e meiguice que comovem), enfim, tanta coisa!
Um dia partiram, para sempre, mas ficou-me aquele sentimento de uma saudade muito especial, daquela saudade por quem se sentiu uma ternura enorme em vida, dos momentos felizes que com eles passei (e e meus irmãos).
Ainda hoje, quando vou aos lugares onde passámos, juntos, tantos momentos especiais, sempre que posso nunca deixo de os “visitar”, onde ficaram a repousar para todo o sempre, e ali fico uns instantes, em silêncio, a pensar naqueles tempos, tempos de afecto que nunca mais voltarão. Mentalmente, converso com eles. E saio dali, confortado com as memórias que me deixaram.
O tempo passa e um dia, agora menos distante do que daqueles tempos de saudade, terei em comum com eles a tal doce velhice, a tal vida vivida, um conjunto de afectos, muitos, assim espero, recebidos e transmitidos. E poderei, tal como eles, partir em descanso.
Gostava de conseguir deixar a quem por cá ficar, idêntico afecto ao que eu sinto, ainda hoje, anos volvidos, por eles.
P.Rufino
Excelente ...
por favor continue
Que bela declaração de amor, querida Helena!
Há amores eternos que só fenecerão com a perda das capacidades mentais! Esse sublime sentimento vivifica, transforma, rejuvenesce! É a força que nos faz escalar o Everest, voar entre as nuvens ainda que ameaçadoras, enfrentar as vagas alterosas em dias de tempestade!...
Infeliz daquele que nunca sentiu o amor!
Beijinho!
Muito bom o poema. Mas há gente que não envelhece e não me refiro ao Peter Pan - Peixoto, estou a falar a sério e a pensar em si.
Que maravilhoso presente para ocupar o pensamento no fim de semana que agora começa!!!! Bem haja verdadeiramente!
O Dom de saber envelhecer tomando conhecimento das mudanças inevitáveis que sempre fazem parte da vida na sua fase final quando esta deixa-nos ir conquistando cada ano e estes passam a vertente dos 70, 80 e por vezes 90 anos... que vida linda!
Abraço grande,
lb/zia
Um dia, sim...
E escolhemos e lutámos talvez por uma cidade justa, em que vivêssemos uns e outros
em que respeitássemos as veias saídas, os cabelos brancos, todos os esquecimentos e dependências
e esperámos que fossem aceites e dignas as nossas veias saídas, os nossos cabelos brancos, esquecimentos e dependências desse dia
Teresa Frazão
Bom dia para as suas belas palavras.
Lindo:-)
Um grande beijinho para si, Helena.
LINDO!
Isabel BP
Muito triste se lermos de uma maneira, se lermos de outra, é lindo! Creio que li das duas ao mesmo tempo e tive ambos os sabores na boca. Creio que foi esse o objectivo do poeta, que é …?
Helena, obrigado.
Raúl.
Apenas acrescentaria ou morrer e o belo poema continuaria a rimar
Querida Helena
Já o mandei à nossa Jeitinho Manso mas, diante da sua "linda provocação"não resisti.
Desta vez chamar-lhe-ei com devoção apenas
SINAIS DO TEMPO QUE PASSA
Ontem fui ver o filme
finalmente
(faltava-me coragem)
mas o apelo cresceu e lá fui eu
só podia mesmo chamar-se AMOR
E ali estava a prova
que passaram muitos anos
Lembrei o tempo
em que aquele actor era o homem certo
lindo inteligente desejado
quando corria praia fora ao encontro da Annie
e o abraço deles nos arrepiava
e a música se colava a nós
e perdurava
enquanto o cão rodopiava na areia
De novo
a grande intimidade
"um homem e uma mulher" se amando
já não o mar mas a dor por perto
e um Jean Louis agora trôpego
mas ainda o homem certo
brutalmente condenado
ao "gesto" único
sublime
adiado
como se fosse o mais generoso e derradeiro abraço
E nós
que ainda "nos temos"
ali, em silêncio
de mãos dadas no escuro
como antigamente
sabendo que entre os dois grandes filmes
decerto envelhecemos
Todos nós envelhecemos, mas nem todos sabem fazê-lo. Gostei muito, muito mesmo, destas suas sábias palavras.
Que bonito,gostei.
Abraço
Isabel
Maria (publicamente anónima)
Que lindo poema! Obrigada pela partilha. Adorei!
Beijo
Maria M
Cara Helena,
Mais um dos seus belos poemas.
Sugere-me, que somos como as flores, brotamos, irradiamos luz e cor, murchamos, secamos, reduzimo-nos a pó e cedemos o lugar às nossas sementes.
Obrigada
Muito simples e por isso mesmo muito bonito :)
Beijinho
Isabel Mouzinho
Lindo, triste e real o poema. Um pouco de lógica "amacia" mais as lembranças. Deve haver medicamentos para este mal...
Obrigada Júlia
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