domingo, 17 de fevereiro de 2013

Ai! Fé a quanto obrigas...

O Padre de Cantanhede desafiou-me para ir participar das Conversas Quaresmais, num debate com o Prof João Duque, sobre o tema "A Fé convive com a dúvida".
Por razões de trabalho - ando estafada -, por ser difícil num mesmo dia fazer 450 Km, pelo tema impor alguma exposição da minha forma de viver a espiritualidade, por ter que fazer uma gravação de manhã e dispor de pouco tempo, tudo apontava para que dissesse que não. Porém o Padre Luis Francisco decidiu esperar, confiando que eu conseguisse conciliar tudo.
Perante isto e, confesso, porque estava curiosa de ouvir João Duque - já lá haviam estado Freitas do Amaral, Bernardino Marques, Folheais, Jorge Wemans e outros nomes sonantes - fiz-me à estrada. A minha cunhada mais nova, que também é economista, decidiu que me acompanhava e lá fomos.
Cantanhede é uma acolhedora cidade. O Auditório do Centro Paroquial, enorme, estava cheio e a conversa foi muito curiosa porque o caminho religioso dos dois convidados não podia ser mais distinto. João Duque nasceu praticante e eu baptizei-me aos 20 anos muito consciente do que fazia.
Gostei muito do que ouvi do meu companheiro de aventura, que explicou como tentava compatibilizar os seus principios religiosos com o ensino de matérias cuja expressão monetária e financeira poderia coloca-las no campo do "pecado". Foi muito instrutivo ouvi-lo.
Eu falei do meu percurso, dos tombos que dei, das vezes que desesperei, mas também da força de quem sempre quis acreditar. Seguir o caminho da Fé é, muitas vezes, doloroso. Mas até hoje não vacilei. Oxalá me mantenha assim até ao meu último suspiro.
Finalmente e talvez o mais importante, foi a participação activa do público que, se não fosse o adiantado da hora, por ali teria ficado mais tempo. As cidades de província são hoje polos culturais que muitos desconhecemos. Este tipo de encontros dá bem a medida de como nos fomos sabendo transformar, sem que tenhamos plena consciência disso. Felizmente para muito melhor, na maioria dos casos!

HSC

7 comentários:

Isabel disse...

É uma pena que muitas vezes só se vê Lisboa e Porto.
O interior existe e tem ânsia de cultura. E acontecem coisas bonitas por cá!
Desejo-lhe uma boa semana.

Anónimo disse...

Cara Helena, só para partilhar aqui quanto estou perto.
Sempre a Fé que afirmo se entrelaça com a dúvida.
Sempre.
De bem nova até hoje.
A Fé não é uma fezada nem uma varinha mágica.
Aprofundar a minha Fé tem sido o diálogo e a exposição da dúvida.
E esta forma de dizer a Fé, ainda que seja um caminho interrogado e árduo, torna-nos mais iguais a todos os homens e mulheres.
Naturalmente, um dia qualquer, um minuto, sei lá, havemos de trocar mais algumas palavras/experiências.
Agradeço muito que tenha colocado esta questão no seu blog.

Teresa Frazão

Raúl Mesquita disse...

O meu corpo, a minha alma e o meu espírito procuraram mas as instituições religiosas fecharam-se-me antes de entrar nelas.

Raúl.

Anónimo disse...

Olá D. Helena,

certamente, terá sido um serão bem interessante.

também aprecio conversas de Fé, Fé saudável e tolerante, não aquela que tenta "prender" e converter" a toda a força aquele que encontra pela frente.

Há pouco tempo, fui ouvir o Bispo do Porto a falar, D. Manuel Clemente. É sempre agradável ouvi-lo, aprecio muito pessoas inteligentes e abertas.

Um cumprimento afectuoso para si.

Cláudia

Anónimo disse...

Para Raúl Mesquita

Sou Teresa Frazão.

Só para lhe dizer que há "instituições" (falo da Igreja Católica, só porque aí me encontro) gente muito, mas mesmo muito acolhedora. Se quiser um conselho, é preciso saber "quem" e "onde".
Mas só mesmo se quiser.
Deus conhece bem melhor do que nós todos os caminhos.

"Em casa de meu Pai há muitas moradas"

Teresa Peralta disse...


É verdade, "seguir o caminho da Fé é muitas vezes doloroso". No entanto, procurando a resposta na Palavra de Deus, nos seus princípios e valores, acabamos por encontrar a força necessária, que nos permite, voltar a acreditar...
A Fé tem sempre mais sentido quando ligada ou transposta, especialmente para a Esperança, e principalmente, para Caridade. Mesmo com algo de Naif, foi sempre este, em geral, o sentido convicto que procurei dar à minha religiosidade cristã.
Muito grata, estou eu, pelas suas partilhas que me ajudam, sempre, no meu dia a dia...
Boa noite, com um grande abraço.

Maria de Sousa Pinto disse...

Vivendo a dois passos de Cantanhede, uma lamentável distracção impediu-me de tomar conhecimento atempado da sua presença nesse espaço de debate que já deixou marcas bem positivas nessa terra que tem dedicado uma atenção especial à cultura, ao debate de ideias...
A sua presença veio abrilhantar a já assinalável lista de personalidades que por ali têm passado!
Mesmo não tendo estado presente, congratulo-me pela sua disponibilidade em se deslocar a local fora dos circuitos mais habituais onde acontecem "coisas interessantes"!
Espero e desejo poder um dia, pelo menos, trocar consigo umas palavras ainda que breves e dar-lhe um abraço!
Beijinho, Helena!