quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Perguntem-lhes

Como não ouvi o discurso do Senhor Presidente da República à Nação - tinha-vos aliás, já incitado, por questões de sanidade mental, a fazer o mesmo, por ocasião da faladura do Senhor Primeiro Ministro, que também não maculou os meus ouvidos - hoje, quando tornei ao mundo das notícias fiquei perplexa. De facto, as interpretações das palavras pronunciadas eram tão díspares, que eu duvido que todos tenham escutado a mesma mensagem...
Percebi que aqui, como na América - sendo "culta e versada" já havia postado, em tempo oportuno, sobre a matéria -, o Orçamento era um berbicacho. Nada que se não esperasse de um lado e do outro do Atlântico. Lá o acordo não é ainda total. Aqui a baralhada parece-me grande porque Sexa Prof. Cavaco Silva deu, respeitosamente, uma no cravo e outra na ferradura, para usar uma tão sábia versão popular daquilo que os eruditos apelam de justiça de Salomão. Com efeito, e uma vez mais, caberá ao Tribunal Constitucional - o único que tem poderes retroactivos - a tarefa de dirimir as questões suscitadas não só pelo supremo chefe do país como pela oposição.
E o Tribunal Constitucional que, no ano findo, tendo em atenção a crise, "tolerou" um Orçamento que continha algumas disposições inconstitucionais, vai ter agora de ser menos tolerante, porque dois anos seguidos da mesma estória seria, digamos, no mínimo, incompreensível...
Assim, o Dr. Gaspar já deve andar a ver onde irá arranjar os milhões que pode/deve ser obrigado a devolver. Numa rápida primeira análise não vejo qualquer Fundo a que possa deitar a mão. Sócrates usou o Fundo de Pensões da PT e Passos já usou o Fundo de Pensões dos Bancários.
Como já chorámos tudo o que havia a chorar e não pudemos ir para o Brasil, no fim do ano, afogar mágoas, proponho que se peça àqueles que, sendo governo, banqueiros ou comentadores e para lá foram, o favor de nos indicarem o caminho. Porque eles, decerto, hão-de saber...

HSC

16 comentários:

Anónimo disse...

Concordo em absoluto com o seu texto, estimada Helena.

Cumprimentos e bom ano.

Anónimo disse...

Cara Helena,

Os voos para o outro lado do Atlântico estavam mais que esgotados, mas, nos últimos dias, fiquei tão esperançada em ter de volta os meus subsídios que até mudei de semblante... É como se estivesse a passear em Copacabana!

Não ouvi qualquer discurso (PR e PM)... Talvez, por isso, ande tão bem disposta neste início de 2013.

Isabel BP

Anónimo disse...

Se forem céleres na resposta, talvez ainda cheguemos a tempo do Carnaval!
;)

Um beijinho,
Vânia

Maria disse...

Como os fundos já foram à vida devem ainda restar algumas gordurinhas para o Dr. Gaspar.
Com tanto pedido de fiscalização do orçamento enviado para o TC, sem pedido de urgência, quando o TC se pronunciar já devemos estar em meados do ano....
Só ouvi o discurso do Senhor PR , bordoada pra cá, bordoada pra lá. O que muitos portugueses desejavam não aconteceu, para ser sincera não me surpreendeu. Quanto ao que disse o Senhor PM fiz questão de não ouvir, para nauseas bastam-me as que me incomodam devido a úlcera.

Cptos
Carmen

Pôr do Sol disse...

Com esta inteligente/cinica promulgação vamos perder mais uns seis meses...

Anónimo disse...

brilhante análise sobre o discurso do presidente e suas consequencias!!!
os que se passearam pelo brasil na passagem de ano são a expressão nítida de como as "gorduras" do governo davam para cobrir os milhões que o gaspar começa a procurar...
um grande abraço e (take care! hoje vi-a na sic e pareceu me que está a precisar de muito carinho!),
lb/zia

Anónimo disse...

Maria (publicamente anónima)
Drª Helena! Mais uma vez obrigada pelo seu discurso sábio e que me ensina sempre qualquer coisa.
Mais mensagem menos mensagem proferidas pelas pessoas que ocupam os mais altos cargos da Nação...peço desculpa... ouvi e não percebi...desconcentração da minha parte...
Quanto aos senhores que foram no fim do ano ao Brasil, pelo que li nas notícias, mais do que nos indicarem o caminho eu preferia que alguns não tivessem encontrado o caminho para voltar…
Obrigada pela sua analise
Maria M

Um Jeito Manso disse...

Aposto, Helena, que quando acabou de escrever estava a rir, com aquele seu sorriso de naughty girl.

Eu, pelo menos, quando acabei de ler o que escreveu, estava.

Um abraço, Helena.

Anónimo disse...

Concordo plenamente com a opinião da Drª Helena: Eu fiz questão de não ouvir nem o discurso do PM, nem do PR.
Deixem-nos ser felizes, por favor!

Anónimo disse...

Seria interessante saber-se mais sobre estes 2 personagens obscuros e carregados de mediocridade, Prof. Cavaco e Dr. Gaspar, ambos financeiros e curiosamente passados pelo crivo do BP.Seria bom conhecer o seu percurso académico e profissional(boas notas não querem dizer nada!).
Alguém nos pode ajudar? Nunca com intenções de denegrir, mas apenas dar alento a nossas almas atormentadas.
Por vezes suspeito estarem possuídos de alguma insanidade mental.
JM Correia

jp disse...

Os nossos reis magos - a troika Gaspar , Pedro , Relvas- já devem estar fartinhos de saber como vão acertar as contas - baixam o preço do trabalho - bons reis e doces romãs!

Anónimo disse...

Há certos governantes que têm muito pouco respeito pelo contribuinte, sobretudo quando lhe pede sacrifícios avultados. Isto a propósito de férias de certos governantes passadas fora do país, em hóteis de luxo. Nada tenho a que quem quer que seja gaste o seu dinheiro como bem entenda. Todavia, no caso particular de um governante que integra um governo que exige os tais múltiplos sacríficios ao pagode, mandaria o bom senso e respeito pelos tais contribuintes que fosse mais discreto e por aqui tivesse ficado, como a maioria do tal pagode fez. Isto não é de agora. É recorrente, infelizmente. Já tinha sucededido no anterior governo. Esta cultura de total indiferença e desrespeito pelos eleitores e contribuintes é, lamentavelmente, uma característica desta revoada de políticos que, há uns anos a esta parte, vem desgovernando, plácida e serenamente, a Nação.
Quanto ao PR, subscrevo o comentário de MST, esta semana. S.Exa demorou um ano a chegar ás mesmas conclusões a que muitos antes já tinham chegado (incluído do seu Partido). Resta esperar o que o TC irá decidir.
Por fim, seria de todo inteligente se o governo atentasse naquilo que um outro Tribunal, neste caso o “de Contas”, apontou e referiu.
Quanto à forma de colmatar o que poderá vir a implicar uma decisão de inconstitucionalidade de determidadas normas do OE, poder-se-ia, por exemplo, adoptar algumas medidas, entre outras: acabar com todos os assessores dos gabinetes ministeriais (Bagão Felix, já em tempos, numa entrevista na Sic mencionou isto), recorrendo os membros do governo aos seriços competentes dos respectivos ministérios; acabar com as viaturas para todos os funcionários do Estado (e Câmaras, etc), sendo que os governantes só teriam esse direito exclusivamente no exercício das suas funções, nem sequer para se deslocarem de casa e para casa (como sucede noutros países europeus); deixar de se recorrer a escritórios de advogados, como vem, despudoradamente, sendo feito; extinguir ainda mais Institutos; criar um sistema fiscal mais justo e equitativo, onde quem mais detém, mais paga (o actual não corresponde); taxar as operações de bolsa, os prémios de accionistas e designadamente dos administradores das grandes empresas e bancos; aumentar o IRC da Banca e nesse sentido, impôr aos banqueiros um imposto especial de riqueza, visto estarem a benefeciar de resgates pagos com o dinheiro dos contribuintes; etc, etc. Acabar com as regalias dos Deputados (depois de os ter reduzido a uns 150, p.ex, a Holanda tem cerca disso, com mais habitantes),no que respeita à utilização de viaturas, chefes de gabinetes, subsídios diversos, etc. E, se calhar, ir-se-ia buscar uma boa maquia que poderia resolver a possível "brecha" resultante de uma qualquer decisão do TC.
Bom Ano e Saúde, Drª HSC!
P.Rufino

Anónimo disse...

Todos os caminhos indicados pelo MFI aos povos do mundo endividados levam ao mesmo beco.

ERA UMA VEZ disse...

A insustentável leveza de um "mas"
-----------------------------------

Quando eu aprendi gramática, o "mas" sendo uma palavra tão pequena e adversativa, parecia-me quase insignificante naquela ladaínha que cantávamos de cor(conjunções,advérbios,rios,afluentes linhas férreas,produções, reis, cognomes...)

Ontem, com os ouvidos atestados de política, de razões, de profecias, de discursos...dei comigo a pensar que TUDO o que nos está a acontecer está refém de um simples "mas"...

Pois que o orçamento é injusto e ainda por cima ineficaz, pois que o Governo compra bancos em dificuldades para a gente pagar(já não bastava o outro),pois que vai vender o que falta na Feira de Carcavelos, pois que a coligação já "não se fala" desde o ano passado(oh, oh) pois que até a UGT já amuou, os comentadores de todas as cores e de cor nenhuma dizem que isto está condenado, o povo está" chateado" e o acontecimento do ano foi o 15 de Setembro, pois que o Sr Presidente zangou-se tanto tanto que até ficou vermelho de indignação e esteve prestes a dizer ao outro "olha que eu ponho-te umas orelhas de burro e deixas de ser coelho" e agora para te chatear e parecer que ainda "mando um bocadinho" vais pó constitucional...(leia-se vais pa tribunal)Pois que até o Sr.Prof.Dr.Durão(imagine-se) disse com voz doce qualquer coisa como"vá lá, seus palermas, peçam mais tempo, maior folga, um tempo de carência para deixar a economia florir...vão pagando mais suavemente e a coisa resolve-se, lá diz o povo " o tempo tudo cura"...

Ai,bolas, preciso de respirar...

Ou seja, já toda a gente percebeu. Então, quer dizer: É agora, atenção,pára tudo, vai acontecer, espera aí,há sempre uma saída pelo menos uma (enquanto é tempo)Atenção!VAI ACONTECER.

Não? Mas não, porquê???
Por causa do "MAS"

Porque, depois de todas as cartas em cima da mesa, não sei se até as da Maia,todos os discursos acabam da mesma maneira: MAS... O PIOR QUE NOS PODIA ACONTECER AGORA, ERA UMA CRISE POLÍTICA"( MAS MAS MAS)

Ai sim? Então isto é o quê?
Ah, ainda não é???

Faz-me lembrar a publicidade da Zon:
Há uma linha que separa...tal e tal e "fibra"
Pois é. Há de facto uma linha que separa o medo da coragem, a inteligência dos interesses, o crescimento da vontade de nos tornar pobrezinhos e fáceis de manipular...uma linha gigantesca que nos separa de alguns NOMES que aprendi a cantarolar nos tempos de escola.

Não estarei cá para ver... mas duvido que daqui a alguns anos alguém se lembre do nome destes políticos.Ou então, ainda se lembre, sei lá...

Há quem envelheça com o País às costas...que durma com ele junto ao travesseiro, eu sei (ou desconfio)

Às vezes é preciso dar um murro na mesa. E a democracia, há-de ter, tem de ter MELHOR ALTERNATIVA.Perdido por cem perdido por mil. E o que tem de ser tem muita força!Sabedoria do povo.E eu acredito!!!

Sem nenhum "mas".


Carlos Fonseca disse...

Excelente e arguto o seu texto, como de resto já nos habituou.

Se fosse capaz gostaria de o ter escrito eu, com uma pequena alteração: em vez de chamar Salomão à liça, chamaria antes Pôncio Pilatos.

Os meus cumprimentos.

Hélia Cruz disse...

Cara Helena,

Subscrevo totalmente tudo o que postou. Apenas gostaria de perguntar,será seguro seguir a indicação do caminho?
Sempre com amizade.