Hoje assisti, ao fim da tarde, no Auditório do Hospital da Luz, ao relançamento do livro "ÓSCAR e a Senhora Cor-de-Rosa", de Eric-Emmanuel Schmitt, editado pela Marcador, numa tradução da actriz Lídia Franco. Na mesa estava um painel constituído pela Isabel Galriça Neto, a tradutora, o João Gonçalves editor e a Laurinda Alves que fez a apresentação da obra que, parecendo para crianças é, como o Tintin, para gente dos sete aos setenta anos.
Por norma, fujo dos hospitais como diabo da cruz, mas neste sinto-me em casa. Conheço e estimo muito o seu director clínico, Prof. José Roquette - não sei como, mas há vinte anos que continua um belo homem - e um dos meus três Arcanjos de eleição dirige a Unidade de Cuidados Paliativos. Os outros dois são, como já aqui tenho referido, o Pedro Abreu Loureiro e a Isabel Almasqué. O primeiro cuida do meu coração e a segunda dos meus belos olhos.
Quando a Galricinha - é assim que a trato - me convidou para estar presente aceitei, sabendo que o tema me podia fazer tremer a voz, caso participasse na conversa. O que, de facto, aconteceu. Mas quem, como ela, abre sempre os braços a toda a minha família quando andamos mais tremidos, merecia isso e muito mais. Assim, com estes pilares, ir lá não me custou nada e vim mais rica do que entrei. De vida, não de dinheiro.
O livro serviu para um debate muito enriquecedor sobre a morte, que, como se sabe, é a única garantia certa que temos. Depois de tudo o que por lá se disse vou ler a obra com muito interesse. É que, no fundo, ela trata de uma luta por morrer com dignidade.
Ora a Isabel Galriça Neto fez desta luta a sua vida profissional. Só é pena que outros hospitais, nomeadamente os públicos, não façam o mesmo e olhem esta área de actividade como algo de que que apenas os ricos podem dar-se ao luxo de usufruir. Mais do que um problema economicista trata-se de um problema de vontade governamental. Vontade e respeito por quem tem a vida a prazo.
HSC
Por norma, fujo dos hospitais como diabo da cruz, mas neste sinto-me em casa. Conheço e estimo muito o seu director clínico, Prof. José Roquette - não sei como, mas há vinte anos que continua um belo homem - e um dos meus três Arcanjos de eleição dirige a Unidade de Cuidados Paliativos. Os outros dois são, como já aqui tenho referido, o Pedro Abreu Loureiro e a Isabel Almasqué. O primeiro cuida do meu coração e a segunda dos meus belos olhos.
Quando a Galricinha - é assim que a trato - me convidou para estar presente aceitei, sabendo que o tema me podia fazer tremer a voz, caso participasse na conversa. O que, de facto, aconteceu. Mas quem, como ela, abre sempre os braços a toda a minha família quando andamos mais tremidos, merecia isso e muito mais. Assim, com estes pilares, ir lá não me custou nada e vim mais rica do que entrei. De vida, não de dinheiro.
O livro serviu para um debate muito enriquecedor sobre a morte, que, como se sabe, é a única garantia certa que temos. Depois de tudo o que por lá se disse vou ler a obra com muito interesse. É que, no fundo, ela trata de uma luta por morrer com dignidade.
Ora a Isabel Galriça Neto fez desta luta a sua vida profissional. Só é pena que outros hospitais, nomeadamente os públicos, não façam o mesmo e olhem esta área de actividade como algo de que que apenas os ricos podem dar-se ao luxo de usufruir. Mais do que um problema economicista trata-se de um problema de vontade governamental. Vontade e respeito por quem tem a vida a prazo.
HSC
7 comentários:
Os cuidados paliativos são, na economia actual, um peso. Não dão lucro. Não aumentam os números da produtividade. Gastam muitos recursos. Precisam de muitos profissionais. Etc. As administrações hospitalares não querem, como não querem os doentes que gastam mais. A nossa sociedade está doente e não reage. Mata a dignidade humana a troco do que quer que seja...
~inês
Bom dia, querida Drª Hlena:
O título parece, de facto, interessante: lê-lo-ei assim que tiver uns tempinhos livres.
Quanto ao facto de a senhora não gostar de hospitais... como a entendo! Em meados deste mês de Janeiro, estive com gripe e senti-me mesmo muito alta (falta de forças, febre alta, mau estar pelo corpo todo) enfim, uma gripe com tudo a que tive direito. Ao fim de dois dias, como estava cada vez pior, fui ao hospital, a uma urgência. Nem queira imaginar as figurinhas que fiz... quando a minha mãe saía de ao pé de mim, amuava logo, acho mesmo que ainda ficava pior... ;)
Quanto aos médicos que referiu, Pedro Abreu Loureiro e Isabel Almasqué, fazem ambos um excelente trabalho com certeza a senhora tem um coração de ouro e um olhar lindo, lindo...
Um beijinho,
Vânia
Alem do mais a medicina e neste caso o saber por detras dos cuidados paliativos deveria ser patrimonio universal.
Se eu decidisse planitar certo tipo de papoilas ou fazer bolinhos de haxixe para reduzir as dores chamavam logo a policia, nem tenho esse direito e entendo que poderia ser perigoso. Espero, contudo, que me devolvam de forma mais trabalhada e pensada aquilo que tanto a natureza como o trabalho e experiencia de imensa gente nos legam.
Querida Helena
A minha mãe partiria sempre.
Tinha 95 anos.
Mas o carinho, o conforto e os cuidados médicos dessa équipe aliviaram, adoçaram-lhe o momento da despedida. E como ela merecia que fosse assim...
Depois, os cuidados connosco e com os netos, sabendo como ela era importante para todos nós.
Permita-me acrescentar aqui a Dra Rita Abril e a Enfermeira Ana Guedes, grandes profissionais e grandes corações, hoje também nossas amigas.
Oásis de humanidade que se vão encontrando na vida, até quando a morte é o motivo. Bem hajam.
Era tão bom que se multiplicassem.
Minha querida ERA UMA VEZ
Fiquei muito contente com as suas palavras. Mais um elo que nos une!
Oscar e a Senhora Cor de Rosa tem sido para mim uma companhia de há uns 5 anos para cá saboreando cada carta... Ofereci-o aos meus filhos, uma vez que penso que a juventude deve saber conviver com o mistério da morte!
Que feliz me sinto por falar neste tema tão real e delicado. Obrigada linda Doutora Helena!
Todo o carinho da.
lb/zia
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