Passo meses a fio sem ir ao cinema. Depois, bom, depois entro numa espiral e vou ver quatro ou cinco filmes de uma vez. Quando era mais nova gostava de fazer duas sessões seguidas. Começava na das nove e meia e pegava-lhe a das onze. O mundo era mais tranquilo nessa época e ninguém tinha medo de andar de carro à noite. Hoje continuo a gostar de fazer o mesmo, mas já não me aventuro a voltar sozinha para casa de madrugada ...
Neste pacato Domingo que antecede o Carnaval decidi ir ver o "Quem quer ser bilionário?", um filme britânico, muito violento, que decorre em Mombay, na India, e que, uma vez mais, fala de discriminação. Numa India que, hoje, é em simultâneo, um dos maiores centros financeiros e um dos maiores aglomerados de miséria humana.
O ritmo da obra é alucinante, mostrando esse lado miserável sem qualquer complacência. Parece que as autoridades do país não terão gostado especialmente do retrato feito pelo realizador. Mas para nós europeus é a chance de conhecer uma realidade que nos devia fazer acordar para a profunda injustiça que existe no mundo actual. Na India dos marajás talvez estas imagens não chocassem tanto. Mas, na época das democracias, como pode manter-se uma tão desigual distribuição da riqueza?
Num só fim de semana duas fitas falam de duas faces duma mesma realidade: a intolerância e a miséria. Não sei dizer qual é pior. Sei apenas que, afinal, muitos de nós, eu incluída, nos queixamos "de barriga cheia". Dá que pensar...
H.S.C
Sem comentários:
Enviar um comentário