Ora José Socrates, por uma qualquer razão que só ele conhece decidiu, na última semana, falar dia sim dia não, num assunto sobre o qual apenas se devia ter pronuciado uma vez. Pior: na mesma semana, uma série de juristas de nome, apareceram a defender a seriedade do antigo ministro do Ambiente e actual PM. Como se partissem do princípio que aquela seriedade estava em causa. E esquecendo que "pôr em causa" não é "estar em causa".
Tamanha insistência num assunto que está a ser investigado só lhe é adversa, porque as pessoas começam a interrogar-se sobre as razões de tão inexplicável procedimento. A verdade tem que ser apurada, silenciosamente, pelos orgãos competentes. E o "ruído" que Socrates trouxe à comunicação social, com os vários comunicados, era perfeitamente desnecessário. Para ele e para nós.
Um governante sabe perfeitamente quais são os riscos que corre quando envereda pelo caminho da política. Em Portugal e no resto do mundo, a exposição pública é total. Abrange, mesmo, a família por mais injusto que isso seja. E quem escreve estas linhas sabe do que fala.
Socrates já deu provas de ter uma enorme capacidade de resistência ao desgaste. Se assim é, porque não corta cerce estes "apoios" que só o menorizam e não aguarda, silencioso e despreocupado, uma investigação que, sabe, o irá ilibar?
Os seus conselheiros servem, afinal, para quê? Ignoram que, em comunicação, falar demais é o pior aliado?
H.S.C