sábado, 31 de março de 2012

Uma separação

Eu não tinha vontade de ver este filme. O título para mim era tudo menos motivador e as recomendações da intelectualidade cinéfila punham-me de pé atrás. Está feita a declaração de interesses.
Fui vê-lo com a minha cunhada e um filho, a convite deste último, que não descansou enquanto não nos levou.
Pois bem, escandalizem-se todos, incluindo a família que me acompanhou e gostou imenso. Eu detestei.
São duas horas e meia de um drama passado em terras do Irão de onde, creio, o seu realizador, Asghar Farhadi, será originário. Drama que envolve velhice, demência, relações frustadas entre marido e mulher, entre pais e filhos, entre superiores e inferiores, entre adolescentes e, enfim, também, o valor relativo atribuído à verdade.
Ou seja, todos os condimentos para uma obra prima ou para uma obra medíocre. Para muitos está classificada no primeiro grupo. Para outros, no qual me incluo, estará no segundo.
Passei, na minha vida pessoal, por uma separação. Ver esta película, fez-me imenso mal, trinta e vários anos depois de tal ter acontecido.

HSC

sexta-feira, 30 de março de 2012

Previsões do BdP



O Boletim Económico do Banco de Portugal reviu ontem em baixa as previsões para a economia nacional, a qual se admite que recue 3,4% este ano e que estagne no próximo.

O factor que mais contribui para a revisão em baixa foi a crise da zona euro, que pode deixar marcas mais profundas que as esperadas no comércio externo português

De facto as exportações são, em simultâneo, a maior esperança e o maior risco da economia portuguesa. O Banco de Portugal (BdP), admitiu ontem uma baixa na sua previsão para as vendas ao exterior.

Portugal tem tido nas exportações, o seu grande suporte e é com elas que terá de contar para que em 2012, a economia não recue ainda mais.

Este ano, "as exportações deverão manter um contributo determinante para sustentar a actividade, ainda que se anteveja um significativo abrandamento face ao crescimento robusto observado em 2011", diz o BdP, explicando que tal se deve à "deterioração marcada das perspectivas de evolução da procura externa".

HSC

quinta-feira, 29 de março de 2012

Mais outro corte

"A agência de notação financeira Moody’s cortou nesta quarta-feira o ratingde cinco bancos portugueses, quatro em um nível e outro em dois níveis, e confirmou o rating atribuído a duas instituições bancárias: o BCP e o Montepio".

Quando se lê uma notícia destas, já quase ficamos indiferentes. Agora, coube ao BES, BPI, CGD e Banif o corte de um nível e ao Santander o corte de dois níveis.
As razões da agência também não variam e baseiam-se numa "maior deterioração esperada da qualidade dos activos domésticos dos bancos e da sua rentabilidade tendo em conta a fraca perspectiva económica do país" a qual se deve "em parte às medidas de austeridade".
Como ninguém as cala na ofensiva dirigida ao euro, a única atitude possível é não lhes dar demasiada importância.
A mim, o que me preocupa é o que se está a passar aqui ao lado, na vizinha Espanha, que nos compra perto de 25% do que vendemos. E isto porque tudo o que o senhor Mariano Rajoy faça de disparates acaba por nos vir bater à porta também...

HSC

terça-feira, 27 de março de 2012

Doentio ou ignóbil?


"Strauss-Kahn acusado de cumplicidade em rede de proxenetismo"

Devo confessar que, muito tempo, fui uma admiradora do casal Strauss-Khan e Anne Sinclair, considerando que acabariam no Eliseu, nas próximas eleições. Como foi possível que tudo isto se tivesse passado e só agora viesse a público?

Como é que um homem com as suas qualidades intelectuais e, parece, tão doentia pulsão, não se submeteu a tratamento?

E como é que Anne Sinclair ignorava tudo, sendo casada com ele há tantos anos? Dá que pensar.

HSC

segunda-feira, 26 de março de 2012

As excepções são a regra...

"Num universo de 159 empresas públicas, só sete poderão pagar ao seu presidente o mesmo vencimento que aufere o primeiro-
ministro."

Foram quatro os critérios seguidos para a avaliação das empresas. O primeiro é o contributo do esforço público para o resultado operacional da empresa; o segundo é o volume de emprego; o terceiro é o valor do activo líquido da empresa e, o último será o volume de negócios. Tais critérios permitiram que as mesmas fossem classificadas em três escalões: A, B e C.

Assim, para as empresas do escalão A a remuneração do presidente será equivalente ao salário do primeiro-ministro, ou seja 5.300 euros mensais sem despesas de representação. No caso do grupo B, o salário corresponderá a 85% e no C o vencimento representará 80% do salário do chefe do governo.

Dentro do primeiro escalão,o A, estão sete empresas: Parpública, Refer, CP, NAV, Águas de Portugal, EGF - Empresa Geral do Fomento e EPAL. RTP, Empordef e Caixa Geral de Depósitos, mas o Governo já fez saber que, por motivos de concorrência, abrirá uma excepção para estes três últimos casos.

As novas regras prevêem ainda um regime especial para outras seis empresas - TAP, ANA, CTT, CP Carga, EMA e Parque Expo -, por estarem em processo de privatização, ou de extinção, optando-se assim pela manutenção da actual remuneração dos respectivos gestores, "tendo em vista a salvaguarda da estabilidade dos processos".

Na segunda classificação, a B, estão empresas como o Metro de Lisboa e do Porto, Estradas de Portugal, Parque Escolar e alguns centros hospitalares.

No último lugar da classificação, a C, estão a Lusa, Ogma, ANCP, Transtejo, entre outras.

Na mesma legislação fica também definido que os salários dos gestores hospitalares do Serviço Nacional de Saúde não vão ter as limitações impostas pelo Estatuto do Gestor Público, mas vão ser determinados por resolução própria.

É caso para dizer, como no ditado, que nesta embrulhada, as excepções é que fazem a regra...


HSC

domingo, 25 de março de 2012

A morte


Há pessoas que nos marcam para sempre, apesar de não pertenceram ao universo daqueles com quem privamos com frequência. É o caso de Tabucchi cuja morte, hoje, em Lisboa, me abalou.
Os seus livros acompanham-me há anos e são dos que, volta não volta, ficam uns tempos na minha cabeceira. O seu amor por Portugal enternecia-me imenso e provava à saciedade que se pode nascer num país e morrer noutro que se escolheu com o coração para ser também o nosso.
Por isso, quer a Itália quer Portugal ficaram mais pobres. Eu, pessoalmente, perdi alguém de quem gostava muito e que foi, muitas vezes, o companheiro de algumas das minhas dores. É o privilégio daqueles que lêem os grandes escritores!

HSC

quinta-feira, 22 de março de 2012

Ódio



Quem olhar para esta greve geral e ouvir o actual Secretário Geral da CGTP dizer, no horário nobre televisivo, que «é preciso fazer tantas greves gerais quantas forem necessárias até derrubar o Governo. (...) É preciso que este governo tenha que morrer.», tem perfeita consciência de que o seu tormento é a sombra de Carvalho da Silva, que ele não consegue fazer desaparecer
Felizmente muito poucos portugueses, grevistas ou não, se revêm nesta linguagem bélica de alguém que se diz representante "da classe operária e restantes trabalhadores" e não aceita, mas aproveita, os mecanismos da democracia representativa.
No nosso sistema democrático, há adversários políticos e não inimigos. A referência feita por Arménio Carlos à "morte", é um símbolo prenhe de ódio, desnecessário e profundamente lamentável.

HSC