Há coisas que ficam suspensas no tempo, como se tivessem
parado na beira de um talvez. São sonhos que chegaram perto demais da
realidade, mas recuaram um passo, antes de se tornarem verdade. Histórias que
tinham tudo para acontecer, mas escolheram o silêncio em vez da continuidade.
O que podia ter sido e não foi carrega um tipo de beleza
melancólica. É o perfume de uma flor que nunca abriu, o eco de uma música que
mal começou. Às vezes é um amor que não amadureceu, uma palavra que ficou presa
na garganta, uma oportunidade que passou sem avisar.
Mas talvez o que não foi também ensine — ensine a desejar com
mais coragem, a não deixar o medo decidir, a entender que nem toda ausência é
perda. Há caminhos que não seguimos, e mesmo assim, eles nos moldam.
O que podia ter sido e não foi continua vivendo dentro de
nós, em forma de lembrança, arrependimento ou sabedoria. É o espaço onde o
tempo não tocou, o espelho do que poderíamos ter sido — e, ainda assim, não
fomos.
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