quarta-feira, 18 de setembro de 2024

Talvez discriminação

A recente decisão de disponibilizar a nova vacina contra a COVID-19 exclusivamente para os maiores de 85 anos nos Centros de Saúde levanta um debate importante sobre discriminação etária e o direito universal à saúde. Embora se reconheça a necessidade de proteger as populações mais vulneráveis, como os idosos, essa medida pode ser interpretada como excludente para outros grupos igualmente necessitados de proteção, como pessoas com doenças crónicas ou condições imunológicas fragilizadas, mas que não se enquadram na faixa etária determinada.

A restrição pode gerar um sentimento de injustiça em pessoas que, apesar de estarem em idades inferiores, enfrentam riscos significativos para a saúde. Essa discriminação por idade pode ser vista como uma falha em atender de maneira equitativa a população em geral, promovendo a ideia de que apenas os mais velhos merecem essa prioridade, enquanto outros grupos vulneráveis ficam desamparados.

Além disso, a decisão também reforça a perceção de que políticas de saúde pública, muitas vezes, falham em contemplar a diversidade das necessidades de diferentes segmentos da população. Embora a intenção seja reduzir a sobrecarga no sistema de saúde e direcionar os recursos de forma eficiente, é fundamental que as estratégias sejam mais inclusivas e baseadas em critérios de vulnerabilidade mais abrangentes, garantindo que ninguém fique desprotegido em situações de crise sanitária.

Por fim, políticas que parecem discriminar ou segregar grupos da população, tendem a causar divisões sociais, promovendo o descontentamento e a desconfiança nas autoridades de saúde. A vacinação - a menos que existam razões de natureza clínica  que o justifiquem - deve ser acessível a todos de maneira justa e equitativa, sem gerar o sentimento de que alguns têm mais direito à saúde do que outros.

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