segunda-feira, 29 de junho de 2020

Racismo

Passei toda a minha vida convivendo com brancos e negros. Uma tia materna casou com um negro fula cujas feições eram as de um belo romano com a tez era profundamente escura. Não havia nele, uma restea da sangue de branco.
É verdade que a noticia surpreendeu a maioria de nós. mas os meus avôs maternos entenderam que a sua obrigação era defender a felicidade da filha e o casamento realizou-se com a mesma pompa e circunstancia de todos os outros. Dessa união nasceram dois primos lindos. Uma rapariga de pele mate, olhos azuis e carapinha loira. Linda com o céu dos olhos do meu avô. Um rapaz bem escuro, mas uma verdadeira estátua de beleza nas feições. Cabelo claro e bem liso como o da minha tia.
Ao longo da minha vida foram sempre os meus primos preferidos e nunca pensei na cor deles ou na do Pai que era um tio adorável.
Ambos casaram. Ela com um "café com leite", como lhes chamávamos, que tiveram duas raparigas brancas onde se não suspeitaria qualquer dose de negritude. Ele casou com uma sueca de quem tem dois belos rapazes que todos vemos como brancos. Um deles casaria com uma angolana claríssima e tiveram agora um filho mulato, mas de olho verde.
Conto-vos toda esta história de casamentos mistos, que a mim sempre me parecem normalíssimos, porque há dias, num jantar em que o tema foi abordado, uma senhora dizia que não era de todo racista - e ao longo da vida havia-o de facto demostrado -mas...há sempre um mas nestas historias familiares, não se sentia capaz de um envolvimento sexual com alguém de outra raça. Não era capaz e perguntava aos restantes que a conheciam bem, se era por isto, por esta incapacidade, que tinha de ser considerada racista. Que pensa o leitor?

HSC

16 comentários:

TERESA PERALTA disse...

Querida Helena penso que a sua amiga valoriza a identidade étnica em relações tão próximas como o envolvimento sexual- não primário - e que quanto a mim não será necessariamente uma atitude racista.
Bjo

Pedro Coimbra disse...

Casado com uma Oriental que posso eu pensar?
O amor escolhe raças, ascendências?
Que disparate!
As minhas filhas são a mistura perfeita, o melhor dos dois como diz a minha tia Belmira.
Boa semana

Adelaide Bernardo disse...

Bom dia, essa é sempre a grande dúvida: Até que nível de distanciamento/intimidade aceitamos o outro - independentemente de tudo? A questão poderá não ser pela cor, mas por um conceito de cultura e valores que temos tendência a associar. É preconceito? sim. É um facto de que não nos revemos nos valores culturais de outras sociedades? Sim. à partida, eu teria receio em envolver-me com alguém de cultura árabe. é certo que isto reflecte muito desconhecimento do é a cultura árabe, sim. Mas infelizmente vemos sempre apenas parte de uma realidade.
Mas é importante colocar-nos outra questão: quais os nossos limites de intimidade (física) e porquê? Também sempre tive retraimentos com fumadores e consumidores de um determinado nível de álcool, o que limitou a minha atracção por diversas pessoas muito interessantes. A isso chamamos o quê?
Outra questão ainda mais relevante é: damos-nos a oportunidade de conhecer alguém para além de primeiras impressões e ideias pré-concebidas?
Obrigada pela oportunidade de reflexão.

Anónimo disse...


È muitodifícil julgarcomo racista essa senhora, nas condições que descreve, Eu tenho um problema semelhante perante o cheiro natural de catinga dos negros. E tenho uma cunhada negra que diz ser incapaz de uma actividade sexual com um branco porque o cheiro dos arianos a repugna. No entanto, quer uma quer outra , além deste pormenor que não é de somenos importância, têm comportamentos que muitos nõ racistas deviam ter. Como julgar alguém com um problema destes? Racista?Porquê? POr não suportar o cheiro da pele do outro?
Celia Alvarez

Anónimo disse...


Namorei na Faculdade um jovem negro pelo qual me senti sexualmente atraída. Durante algum tempo foi muito bom. Mas a partir de certa altura o seu cheiro começou a incomodar-me, Falei-lhe o assunto e ele confessou-me que tinha o mesmo problema que eu atenuava por usar perfume. A relação acabou e hoje sei que do meu lado o cheiro da pele natural dos negros me é muito pouco suportável. Só mesmo isso nos afasta. Serei racista por isto?

Anónimo disse...

Sendo branca, isso não impede que existam muitos homens brancos com quem nunca me relacionaria intimamente, por incompatibilidades maiores ou menores, desde físicas a espirituais. Isso não significa que eu os discriminasse, no emprego, socialmente, ou mesmo num círculo mais restrito.
Um amigo, branco, contou-me que gostava muito de uma conhecida nossa, branca, mas que a relação se tornou impossível porque não aguentava o cheiro dela, e garantiu que não se tratava de falta de higiene.
Por esse mesmo motivo, no que se refere ao caso que refere neste post, só conhecendo os comportamentos em geral, da sua amiga, para além do comportamento íntimo, se poderia perceber se existe algum tipo de racismo.
Por exemplo, se a sua amiga impedisse uma filha, ou um filho, de formarem um casal com um rapaz negro, ou uma rapariga negra, nesse caso, seria racismo, sim.

Anónimo disse...

Em geral temos o nosso «par ideal» - alto, moreno ou loiro, com sentido de humor, etc. Mas, na maior parte das vezes, acabamos por nos apaixonar por alguém que não tem nada a ver, ehheh.
É o meu caso- o meu companheiro tem estatura média, não é bonito, mas tem charme, e o ingrediente fundamental foi o seu sentido de humor e a sua maneira de estar, tranquilo e bem disposto.
E conheço quem se tenha apaixonado por uma rapariga mulata, quando isso estava completamente fora dos seus planos.
Há pessoas que se sentem atraídas por pessoas semelhantes, há outras que se sentem atraídas por pessoas muito diferentes.

Anónimo disse...

É racista quem defende a superioridade genética de um grupo, é xenófobo quem defende a supremacia nacionalista. Estes valores dão origem ao fechamento, ao afastamento (em vários graus que vão até à repulsa) físico, económico, psicológico e social.
No caso do racismo, o mecanismo de domínio social, baseia-se na discriminação e no preconceito raciais que, por sua vez, se baseiam no desconhecimento, na ignorância do grupo excluído, e são criadas ideias-feitas, em certos momentos da história, instituídas até como (pseudo) científicas.

Anónimo disse...

A «raça ariana» simplesmente não existe, hoje está completamente desacreditada.
A antropologia e a biologia vieram mostrar, no séc. XX, que a ideia da «raça ariana», com origem no séc. XIX, nada tem de científico, não passa de um mito, uma construção social, baseada em critérios arbitrários, supostamente a linhagem mais «pura», e superior, dos humanos- altos, fortes, claros, inteligentes.
A genética, com a sequenciação do genoma humano, mostrou que existem pequenas diferenças entre os grupos a que se chamava «raças», os seres humanos são incrivelmente semelhantes, existem mais diferenças entre os indivíduos, dentro de um mesmo grupo, do que entre grupos raciais.
O biólogo Lewontin, no séc. XX, considerou 7 grupos raciais: os euroasiáticos ocidentais (onde se incluem os portugueses), os africanos, os asiáticos orientais (onde se incluem os chineses), os sul-asiáticos, os nativos americanos, os oceânicos (os havaianos, etc) e os nativos australianos.
«O Mito mais Perigoso do Homem: a Falácia da Raça» livro do antropólogo Ashley Montagu

Anónimo disse...

Era o que faltava sermos obrigados a ir para a cama com alguém que nos repugna... No entanto, da maneira que isto vai, acho que já faltou mais para sermos obrigados a isso...

Anónimo disse...

Há quem continue sem acordar. Neste mundo, há décadas e décadas, já milhões de pessoas foram obrigadas a ir para a cama com alguém por quem sentiam repugnância! E hoje luta-se para denunciar essas situações, e para que sejam consideradas crime!

Dalma disse...

HSC, eu sou”racista”não quanto á cor da pele ou origem, mas sim ao comportamento em sociedade!

Anónimo disse...

[...]-Se mantivermos a cor da pele escondida sob o pêlo grosso dos chimpanzés, é mais provável que nossos ancestrais hominídeos Australopithecus afarensis a tenham esclarecido. - A Raça Humana. Uma coisa é uma versão biológica da(s) raça(s) e outra, seu impacto social; uma refutação do primeiro. Não altera a eficiência do último. Embora não haja raças propriamente descrito, o racismo é indubitável. Alguns psicólogos sociais levantaram a questão de se os vieses que gozam ou não da ampla aceitação social podem ser considerados vieses. ...alguma maneira de delinear o espaço do racismo é baseada nos assuntos sobre os quais que este recai. Allport, um dos psicólogos sociais que mais lidou com o assunto, responde com força ao tema em varios comentarios: um preconceito não é uma avaliação negativa de um desvio social, mas é um fato psicológico objetivo que pode ou não ser socialmente condenado...!
PS-..."[...] excelente artigo da Dra. Helena S. Cabral, para um resumo analítico desses problemas. Un mural socio-familiar inspirado en grandes ejemplos. Muito obrigada[...].--Morgadinha dos Canaviais

Anónimo disse...

Dama D'Oiro

Quem vê cores nas almas ( like raiwnbow) não vê cores nos seres humanos.Já chegou LÁ...

https://youtu.be/R_MXH2pvPdY


Ghost

redonda disse...

Parece-me estranho que se generalize quando numa relação próxima deverá contar a pessoa - posso por exemplo achar que prefiro morenos e apaixonar-me por um louro. Por isso é que a afirmação dela me surge como estranha e sem sentido.

Helena Sacadura Cabral disse...

Cara Redonda

Há situações inultrapassáveis. Eu posso preferir louros -prefiro - e até apaixonar-me por um negro. Mas se o odor me repelir, eu não consigo estabeleer um relacionamento sexual. E neste caso , seja ele louro ou moreno. O odor é de facto, a nivel da intimidade, algo profundamente perturbador e praticamente inultrapassável.