domingo, 2 de junho de 2019

Falar demais...

Marcelo excedeu-se ao afirmar ontem na FLAD, a Fundação Luso Americana para o Desenvolvimento, que “há uma forte possibilidade de haver uma crise na direita portuguesa nos próximos anos" e defendeu que, num tal contexto, o seu papel "é importante para equilibrar os poderes".
Marcelo comentava os resultados das eleições europeias de domingo numa intervenção em inglês, declarando que Portugal tem agora "uma esquerda muito mais forte do que a direita" e que "o que aconteceu à direita é muito preocupante".
Quanto à esquerda, o chefe de Estado referiu que "o PS fortaleceu a sua posição, e quem se sabe se isso acontecerá de forma ainda mais profunda nas próximas eleições legislativas", podendo vir a ter "diferentes possibilidades" para formar maioria, além de PCP e BE, "porque outros partidos estão a crescer" – numa clara alusão ao PAN.
"Portanto, disse, há uma forte possibilidade de haver uma crise na direita portuguesa nos próximos anos. Isto, para ser muito realista, o que explica porque razão o equilíbrio de forças está como está. 
E um bocadinho também por que é que o Presidente, pelo menos neste momento, é importante para equilibrar os poderes", acrescentou.
O chefe de Estado admitiu, à saída da FLAD, que o equilíbrio de forças entre esquerda e direita, após as eleições legislativas, possa influenciar o seu papel como Presidente da República e a sua decisão sobre uma recandidatura.
E defendeu que "é muito importante haver um equilíbrio nos dois hemisférios da vida política portuguesa, para não haver um desequilíbrio muito para um lado, relativamente a outro".
"Agora, só o resultado das legislativas é que permitirá dizer qual é o equilíbrio a que se chegará em Outubro e, depois, qual é o papel que o Presidente terá até ao fim do mandato, e se isso influenciará ou não a decisão sobre a recandidatura", acrescentou. 
Questionado sobre o que é que entende que muda no seu papel num cenário de crescimento da esquerda face à direita, o Presidente da República respondeu que "as legislativas serão apenas em outubro" e que antes disso "é prematuro falar da evolução do sistema partidário português e também do papel do Presidente".

Com uma abstenção de 68%, Marcelo falou demais. Nada garante que em ambiente de legislativas, se repita o quadro das europeias. E falar da crise da direita sem se pronunciar sobre o que se passou no PCP, ou no aparecimento dos novos pequenos partidos ou até no seu próprio papel como PR, parece-me manifestamente exagerado...

HSC

6 comentários:

Unknown disse...

Acontece que no PCP,já nas Autárquicas se notou,ao contrario do CDS. Assunção Cristas tem que repensar a sua "agressividade" no parlamento,o aparecer em tudo o que é notícia a comentar e recomendar ao Nuno Melo que aquela forma de fazer campanha,está ultrapassada. Muito mau,e as pessoas estão atentas. E a abstenção não foi tão grande,os cadernos eleitorais têm que ser limpos,com tanta informatização não se percebe.

Dalma disse...

Realmente excedeu-se, e muito!

Pedro Coimbra disse...

Marcelo Rebelo de Sousa, por mais que tente, não consegue deixar as vestes de comentador político.
E deixa esse comentador político sobrepor-se ao Presidente da República.
Tenha uma semana muito feliz

Anónimo disse...

Pois eu também acho que falou demais. Mas não me espanta.
Quanto às legislativas, é bem provável que haja um fosso ainda maior. E crescimento de pequenos partidos, ou melhor dizendo, pequeno partido, acredito também que a subida seja até maior. O interesse e curiosidade estão a crescer. Muito. E de facto as mentalidades estão a mudar.
A ver vamos.
P.

Silenciosamente ouvindo... disse...

Não gostei desta intervenção do PR.

Com uma abstenção tão grande, sem esperar

pelo resultado das legislativas não há

capacidade de grandes análises.

Já agora o PR podia ficar calado mais 4 meses.

Os meus cumprimentos.

Irene Alves

Anónimo disse...

Este Marcelo é um ridículo, fala de tudo o que não deve e quando deve cala-se. Alguém lhe ouviu a voz aquando da crise dos professores há umas semanas, sobre os escândalos dos deputados, sobre a CGD, sobre o Berardo ou o Vítor Constâncio, sobre os ministros ps arguidos num caso de corrupção ou sobre os prémios milionários na TAP?? Ele é o maior populista que o país já teve, mil vezes antes a austeridade e sobriedade do Cavaco.