quinta-feira, 29 de novembro de 2018

Passaram dez dias...


"Faz hoje dez dias, um troço de cerca de 100 metros de uma estrada confiada à guarda das entidades públicas - neste caso, a Câmara Municipal de Borba, sob a vistoria e supervisão da Direcção-Geral de Energia e Geologia e do Instituto da Mobilidade e dos Transportes - abateu tragicamente, sobre uma ravina de cerca de 80 metros que tinha sido cavada, junto a ambas as bermas, por empresas extractoras de mármore. O acidente - se é que podemos chamar-lhe assim - provocou a morte de cinco pessoas. Por mera sorte, não se registaram mais vítimas mortais: o abatimento ocorreu ainda sob luz solar e num momento de trânsito reduzido nesta via que ligava Borba a Vila Viçosa e onde costumavam circular autocarros escolares, entre muitos outros veículos. Até o cortejo da volta a Portugal em bicicleta ali passara dois meses antes.
Repito: decorreram dez dias. E, uma vez mais, ninguém se demitiu: todos continuam firmes nos seus postos. Apesar de haver sucessivos alertas, que remontam a 2002, de especialistas pertencentes a entidades como o Instituto Superior Técnico ou a Universidade de Évora a alertarem para os graves danos ali gerados por eventuais deslizamentos de terras, potenciados em situações de chuva contínua. Já em 2006 o Instituto Nacional de Engenharia, Tecnologia e Inovação classificara o local como zona de "alto risco".
Tal como em Pedrógão, quando só outra devastadora série de fogos florestais, quatro meses depois, conseguiu desalojar a ministra Constança. Tal como em Tancos, onde o ministro Azeredo demorou mais de um ano a extrair consequências políticas do furto ali ocorrido e que ainda permanece por esclarecer na totalidade. É um padrão na nossa administração pública: a ética da responsabilidade rumou a parte incerta..."

    Excerto de um texto de Pedro Correia in Delito de Opinião

Protelei muito um post sobre este assunto, porque ainda me parece incrível acreditar na série de "acontecimentos", que vêm ocorrendo, de forma sistemática, no nosso país. Começámos o ano passado em Tancos e, de então para cá, não há mês em que não se verifique um "expectável" acidente, tantos os avisos que, tendo sido feitos, foram completamente ignorados.
Não sei como dormirão as pessoas cuja responsabilidade nestas situações foi totalmente alijada. Possivelmente, muito bem.
E os portugueses que sofrem as consequências das irregularidades cometidas, como é que se sentirão? Mal e abandonados, com certeza.
Passou mais de um ano sobre Pedrogão Grande e muito tempo sobre Tancos, para só falar dos mais emblemáticos. O que sabemos deles? O que aconteceu na realidade? Quais os resultados dos inquéritos? Quais os responsáveis? Quem se demitiu por iniciativa própria?
Passaram dez dias sobre o desastre entre Borba e Vila Viçosa. O que sabemos? Que morreram cinco pessoas...

HSC

sexta-feira, 23 de novembro de 2018

Forças Desarmadas Nacionais


Já não consigo estar actualizada com os desaparecimentos de equipamento nas Forças Armadas nacionais. Agora, parece que terão desaparecido de um navio mangueiras para defesa de incêndios, na sequência de outro desaparecimento anterior, neste navio, já nem sei de quê. É que, de facto, é difícil acompanhar todas estas "movimentações" feitas à luz do dia e aos olhos de toda a gente. Mas só se descobrem quando são precisas. O que me leva a duvidar sobre se haverá inventários regulares dos equipamentos!
Enfim, a continuarmos assim, caminhamos rapidamente para uma nova elite militar chamada de Forças Desarmadas Portuguesas. Nem Santa Engrácia faria melhor...

HSC

domingo, 18 de novembro de 2018

Nepotismo? Não, apenas tratar da vidinha...


"...Portanto, o PS já não tem organograma, só árvore genealógica. A saber: a nova secretária de estado Rosa Zorrinho é casada com o eurodeputado Carlos Zorrinho que já foi deputado no parlamento e secretário de estado; o ministro Vieira da Silva (que já foi várias vezes ministro, deputado e tal) é  casado com a deputada Sónia Fertuzinhos cuja filha é secretaria de estado adjunta de António Costa. Já Ana Catarina Mendes é secretária geral do PS (deputada e casada com o ex deputado Paulo Pedroso) e irmã do secretário de estado dos assuntos fiscais. O ministro Eduardo Cabrita (ex ministro adjunto) é casado com Ana Paula Vitorino que é Ministra do Mar e já foi secretária nacional do PS e secretária de estado.

Já a família de Carlos César é um estudo de caso. O presidente do PS e líder parlamentar, ex- presidente regional dos açores , é casado com Luísa, nomeada coordenadora dos Palácios da Presidência ainda durante o mandato do marido como presidente do Executivo Regional e, depois, já aposentada, nomeada, sem concurso público, coordenadora da estrutura de missão para a criação da “Casa da Autonomia”. O filho,  Francisco César,  é deputado regional nos Açores e preside à comissão parlamentar de Economia. A sua cara metade é chefe de gabinete da secretária regional adjunta para os Assuntos da Presidência, depois de ter passado pelo Grupo Parlamentar na Assembleia da República e por algumas câmaras. Já Guilherme Waldemar d’Oliveira Martins é secretário de Estado das Infraestruturas e filho de Guilherme d’Oliveira Martins, ex-governante do PS, ex-presidente do Tribunal de Contas e atual administrador da Fundação Calouste Gulbenkian, cunhado de Margarida Salema que preside à Entidade das Contas e Financiamentos Políticos que é irmã da deputada Helena Roseta, casada com o ex-ministro Pedro Roseta, cunhado do também ex-ministro António Capucho. Confuso ? Talvez um pouco. Mas há quem não se perca. Elisa Ferreira, administradora do Banco de Portugal (ex deputada, ex deputada europeia e ex ministra) é casada com Freire de Sousa que preside à Comissão de Coordenação do norte, e a ministra da justiça Van Dunem é casada com o ex-administrador da Caixa Geral de Depósitos, Eduardo Paz Ferreira. A ex ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa é filha de Alfredo José de Sousa, ex-provedor de Justiça. O ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, é filho do ex-secretário de Estado da Justiça de Vera Jardim. 
Nepotismo? Naaaaaa.... é natal, pessoal."

Joana Amaral Dias

Que dizer? No mínimo que esta árvore genealógica tem demasiados ramos e que ninguém parece preocupado com o que tal possa representar em democracia...
Quem assina é Joana Amaral Dias que poderia estender o exercício a outros partidos democráticos - a começar pelo que foi seu -, mas admito que, depois deste exemplo, seja difícil encontrar algum em que o compadrio não esteja presente!
Claro que nada disto é nepotismo. É, apenas, tratar da vidinha de cada um e dos seus!

HSC

quarta-feira, 14 de novembro de 2018

À portuguesa

Sou do Sporting e não aprecio nada Bruno de Carvalho. Feita esta "declaração de interesses" isso não me impede de considerar uma péssima imagem para a nossa Justiça que ele possa ter sido detido em casa, no Domingo e de, durante dois dias, não ter sido ouvido. Esta não me parece a forma mais correcta de actuar.

HSC

Esta Lisboa que eu amo...


Não me conformo com o desleixo e o mau aspecto do Rossio.
Cada vez que me tenho cruzado com o Presidente da CML, e nos últimos 4 anos tem sucedido haver encontros casuais, falo-lhe neste assunto. Simpaticamente e sempre com um sorriso, diz que concorda com a necessidade de haver uma intervenção, mas até à data nem sequer deverá ter dado uma volta a pé pela Praça, para se aperceber do seu estado lastimável.
Ainda há dias, ao atravessar a placa central, vi um casal um pouco mais novo do que eu, ainda certamente na casa dos 60 (que já não eu…), a observar detalhadamente a famosa Fonte Wallace (século XIX), a tal que está em frente ao NICOLA, semelhante a 16 que existem em Paris.
Só há pouco tempo soube que um tal Senhor Wallace também ofereceu uma a Lisboa. Pois meti conversa com eles que estavam desolados com a ferrugem qua a começa a corroer o ferro fundido, para além de não deitar uma gota de água. Chegámos á conclusão de que não deverá passar muito tempo até que, numa bela noite, a dita obra de arte seja “adoptada” por alguém que a levará para um sítio mais “digno”… de um jardim privado.”

 (Excerto da carta de um grande amigo que, como eu, ama o seu país)

Não é a primeira vez que aqui me insurjo contra o estado a que o nosso Estado deixou chegar a capital. Falo de Lisboa, onde resido, mas podia subir a Coimbra e ao Porto e detectar os mesmos defeitos.
É uma pena que se deixem chegar certos monumentos a uma tal degradação. É que um roubo ficaria logo justificado, se as fontes fossem "viver" em locais onde a sua manutenção estivesse assegurada.
Senhor Presidente Medina, passe pelo Rocio, a pé, e veja o que os seus municipes lhe pedem. Salve o que resta de um passado que, ele também, conta a nossa história.
Já agora convém lembrar-vos como surgiu a fonte a que me refiro acima.
A chamada Fonte Wallace compõe-se de uma série de obras de arte em ferro fundido para embelezamento de praças e parques públicos, de grande beleza e raridade, produzidas no final do século XIX.
O nome deve-se ao seu idealizador, o filantropo inglês Sir Richard Wallace que doou 100 exemplares da Fonte à cidade de Paris em 1872 e, posteriormente, o fez para outras grandes cidades pelo mundo afora.
Estas fontes foram fundidas na década de 1870 pela fundição Val d’Osne, em França, e o seu escultor, Charles Lebourg, captando o espírito de sua época (o período romântico francês), fez representar, através de quatro belas cariátides, algumas virtudes eternas: a Bondade, a Caridade, a Sobriedade e a Simplicidade. Sobre um pedestal destacam-se, pois, as quatro delicadas estátuas femininas, trajadas em vestes gregas, que sustentam uma cúpula.
Richard Wallace viveu de 21 de Junho de 1818 a 20 de Julho de1890 

HSC

domingo, 11 de novembro de 2018

Mais um "caso"

Os "casos" em Portugal são o pão de cada dia. Agora surge mais um que vai voltar a fazer correr muita tinta. Trata-se da prisão de Bruno de Carvalho ex presidente do Sporting. Lá vamos ter Tancos e fogos, mantidos em banho maria, já que futebol pode muito nesta terra...

HSC

sábado, 10 de novembro de 2018

Irrevogavelmente errado!

O país anda atoleimado com os seus casos originais. Agora foi a password de um ausente deputado que foi usada para uma colega procurar um documento e de passagem, por lapso, dá-lo por presente. Dias a fio ninguém percebia o que se teria passado. E as televisões e os jornais não falavam de outra coisa.
Finalmente apresenta-se ao público a deputada que terá irrevogavelmente cometido o erro. Tudo esclarecido. Mas por que motivo terá demorado tanto tempo a esclarecer esta “estória de  virgens” para utilizar a expressão da senhora deputada?

HSC

SAMS: 24 anos de excelente serviço!

Sou uma utilizadora dos SAMS, um velho sonho dos bancários, transformado em 1994 numa notável realidade, que cumpre agora 24 anos de existência.
Julgo que a nossa relação se tem estreitado com o passar dos anos, o que não surpreende, porque é na velhice que os estragos se fazem sentir mais. Portanto, de há uns anos para cá, o tratamento e sobretudo a prevenção aproximaram-nos mais ainda.
Assim, desde a medicina interna até á cirurgia, tenho passado por diferentes serviços, dos quais só tenho palavras de enaltecimento para descrever a excelência com que fui tratada.
Passaram 24 anos sobre a sua fundação. Por lá passou muita gente desde bancários e familiares a muitos outros utentes que para lá se dirigiram pela competência que lhe é reconhecida.
Quem faz um Hospital ou um Centro de Saúde são os médicos, os enfermeiros, os terapeutas e os funcionários administrativos. Em todos eles encontrei, sempre, uma palavra amável. E, como não podia deixar de ser, ganhei um bom par de amigos. 
Bem hajam Faustino Ferreira que sabe como eu funciono, Cecília Vaz Pinto, a mais dedicada amiga do meu esqueleto e dos meus músculos, Francisco Salvado, que tem mantido e cuidado dos meus dentes e Pedro Cruz que se ocupa dos meus olhos, aos quais não posso deixar de elogiar especialmente, porque é nas mãos deles que tem repousado uma boa parte da minha serenidade de vida!

HSC

Golpada?!


“É uma golpada com muita classe, e os golpeados somos nós....
Era uma vez um senhor chamado Jorge Viegas Vasconcelos, que era presidente de uma coisa chamada ERSE, ou seja, Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos, organismo que praticamente ninguém conhece e, dos que conhecem, poucos devem saber para o que serve.
Mas sabemos que o senhor Vasconcelos pediu a demissão do seu cargo porque, segundo consta, queria que os aumentos da eletricidade ainda fossem maiores. Ora, quando alguém se demite do seu emprego, fá-lo por sua conta e risco, não lhe sendo devidos, pela entidade empregadora, quaisquer reparos, subsídios ou outros quaisquer benefícios.
Porém, com o senhor Vasconcelos não foi assim. Na verdade, ele vai para casa com 12 mil euros por mês durante o máximo de dois 
anos, até encontrar um novo emprego.
Aqui, quem me ouve ou lê pergunta, ligeiramente confuso ou perplexo: «Mas você não disse que o senhor Vasconcelos se despediu?». 
E eu respondo: «Pois disse. Ele demitiu-se, isto é, despediu-se por vontade própria!».
E você volta a questionar-me: «Então, porque fica o homem a receber os tais 12 000 por mês, durante dois anos? Qual é, neste país, o trabalhador que se despede e fica a receber seja o que for?».
 Se fizermos esta pergunta ao ministério da Economia, ele responderá, como já respondeu, que «
o regime aplicado aos membros do conselho de administração da ERSE foi aprovado pela própria ERSE». E que, «de acordo com artigo 28 dos Estatutos da ERSE, os membros do conselho de administração estão sujeitos ao estatuto do gestor público em tudo o que não resultar desses estatutos».
Ou seja: sempre que os estatutos da ERSE forem mais vantajosos para os seus gestores, o estatuto de gestor público não se aplica.
Dizendo ainda melhor: 
o senhor Vasconcelos (que era presidente da ERSE desde a sua fundação) e os seus amigos do conselho de administração, apesar de terem o estatuto de gestores públicos, criaram um esquema ainda mais vantajoso para si próprios, como seja, por exemplo, o de ficarem com um ordenado milionário quando resolverem demitir-se dos seus cargos. Com a benção avalizadora, é claro, dos nossos excelsos governantes.
Trata-se, obviamente, de um escândalo, de uma imoralidade sem limites, de uma afronta a milhões de portugueses que sobrevivem com ordenados baixíssimos e subsídios de desemprego miseráveis. Trata-se, em suma, de um desenfreado e abusivo abocanhar do erário público.
Mas, voltemos à nossa história...
O senhor Vasconcelos recebia 18 mil euros mensais, mais subsídio de férias, subsídio de Natal e ajudas de custo.
 Aqui, uma pergunta se impõe: Afinal, o que é - e para que serve - a ERSE? A missão da ERSE consiste em fazer cumprir as disposições legislativas para o sector energético.
E você, que não é burro, pergunta: «Mas para fazer cumprir a lei não bastam os governos, os tribunais, a polícia, etc.?». Parece que não.
A coisa funciona assim: após receber uma reclamação, a ERSE intervém através da mediação e da tentativa de conciliação das partes envolvidas. Antes, o consumidor tem de reclamar junto do prestador de serviço.
Ou seja, a ERSE não serve para grande coisa, ou apenas serve para gastar somas astronómicas com os seus administradores. Aliás, antes da questão dos aumentos da electricidade, quem é que sabia que existia uma instituição chamada ERSE?
Até quando o povo português, cumprindo o seu papel de pachorrento bovino, aguentará tão pesada canga? Politicas à parte, estou em crer que perante esta e outras, só falta mesmo manifestarmos a nossa total indignação.”

Fernando Carlos Lopes  - Departamento de Ciências da Terra  -  Centro de Geofísica da Universidade de Coimbra

Recebi há dias, por mail, o texto que acima reproduzo. Ignoro, neste mundo de fake news, se o que aqui se relata é ou não verdadeiro. Mas se o for é de facto uma "boa malha" como dizem os meus netos...

HSC