sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

Jean D'Ormesson



Literatura e jornalismo estão muito próximos, mas nos extremos do tempo: o jornalista perseguidor da urgência, o escritor caçador do essencial.  

                                                         Jean D’Ormesson

Há um tripé de escritores que me acompanham desde que me reconheço. Jean D’Ormesson é um deles e está na minha mesa de cabeceira há mais de meio século.
Podem lá encontrar-se outros amores mais recentes, mas D’Ormesson tem o seu lugar cativo. Só duas escritoras concorrem com ele no espaço que ocupam. São Yourcenar e Agustina. Sem este trio, seguramente que a minha visão do mundo seria bastante diferente.
O escritor morreu a 5 de Dezembro ultimo, aos 92 anos. E eu acabei, ontem, de ler a sua ultima obra, saída já em Janeiro de 2018. Com o título premonitório “Et moi, je vis toujours”.
Autor de quatro dezenas de livros, tem uma carreira recheada de emoções. A sua explosão literária deu-se em 1971 com a obra “La Gloire de L´Empire”, que foi galardoada com o grande prémio da Academia Francesa.
Em 2015 recebeu a mais alta distinção para um escritor francês, tendo sido editado na colecção La Pléiade, publicada pela Gallimard.
Nascido em Paris em 16 de junho de 1925, cresceu na Baviera. Era filho de um embaixador, o Marquês D’Ormesson e de uma herdeira.
Iniciou a carreira profissional como alto funcionário. Foi membro de delegações francesas em diversas conferências internacionais (1946-48), ingressou na Organização da ONU para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco), da qual foi secretário-geral (1950-1992) e foi presidente do Conselho Internacional de Filosofia e Ciência.
Era considerado em França como “o rosto mais radioso da direita burguesa e culta”, escreveu o diário Libération. A sua morte foi lamentada por todos os partidos políticos. “Independentemente da sua obra literária, é um exemplo para todos. Tinha a capacidade de amar a vida com gula”, como lembrou o ex-ministro da Cultura socialista Jack Lang.  
Este escritor de quem possuo e li toda a obra na língua original, foi meu companheiro de cabeceira durante mais de 50 anos. Podia e posso ter muitos outros livros a acompanhar as minhas noites, mas D’Ormesson nunca deixou de lá estar misturado com outros amores de mais curta duração.
Há escritores que têm essa raríssima qualidade de se tornarem indispensáveis a partir da data - do dia ou da noite - em que, pela leitura, os passamos a conhecer. Aconteceu comigo!

HSC

6 comentários:

Anónimo disse...

🌷

Anónimo disse...

Aconteceu comigo!
Um livro da Dama d'Ouro HSC também está á cabeceira.

:-)

Anónimo disse...

O Jean d'Ormesson , foi um homem completo sobre todos os aspectos !
Ele era um escritor, bonito, inteligente, gentil, grande Carisma , director, filósofo, actor, homem de grande reconhecimento internacional .
"Tem um romance dele que também gostei intitulado, O Mundo é uma coisa estranha afinal "
Pena que a natureza não preserve durante mais tempo seres como este !!
MPR

Isabel Mouzinho disse...

Concordo consigo. D'Ormesson não acompanhou toda a minha vida mas também gostei de o encontrar.

Anónimo disse...


Helena
Há livros que nem sequer guardo , vejo-os como talismãs as palavras escritas dizem muito falam mais do que pensamos.
Estou a ler, Até que consigas Voar de José Gameiro o 2º que leio dele é cativante a forma desnudada como escreve.

Fui ver a Linha Fantasma gostei.

Abraço
Carla

Anónimo disse...

Happy Ballantine's Day!

:-)