Literatura e jornalismo estão muito próximos, mas nos extremos do tempo: o jornalista perseguidor da urgência, o escritor caçador do essencial.
Jean D’Ormesson
Há um tripé de escritores que me acompanham
desde que me reconheço. Jean D’Ormesson é um deles e está na minha mesa de
cabeceira há mais de meio século.
Podem lá encontrar-se outros amores mais recentes,
mas D’Ormesson tem o seu lugar cativo. Só duas escritoras concorrem com ele no
espaço que ocupam. São Yourcenar e Agustina. Sem este trio, seguramente que a
minha visão do mundo seria bastante diferente.
O escritor morreu a 5 de Dezembro ultimo, aos
92 anos. E eu acabei, ontem, de ler a sua ultima obra, saída já em Janeiro de
2018. Com o título premonitório “Et moi, je vis toujours”.
Autor de quatro dezenas de livros, tem uma
carreira recheada de emoções. A sua explosão literária deu-se em 1971 com a obra
“La Gloire de L´Empire”, que foi galardoada com o grande prémio da
Academia Francesa.
Em 2015 recebeu a mais
alta distinção para um escritor francês, tendo sido editado na colecção La
Pléiade, publicada pela Gallimard.
Nascido
em Paris em 16 de junho de 1925, cresceu na Baviera. Era filho de um
embaixador, o Marquês D’Ormesson e de uma herdeira.
Iniciou a carreira profissional como alto funcionário. Foi membro de
delegações francesas em diversas conferências internacionais (1946-48),
ingressou na Organização da ONU para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco), da
qual foi secretário-geral (1950-1992) e foi presidente do Conselho
Internacional de Filosofia e Ciência.
Era
considerado em França como “o rosto mais radioso da direita
burguesa e culta”, escreveu o diário Libération. A sua morte foi
lamentada por todos os partidos políticos. “Independentemente da sua obra
literária, é um exemplo para todos. Tinha a capacidade de amar a vida com
gula”, como lembrou o ex-ministro da Cultura socialista Jack Lang.
Este
escritor de quem possuo e li toda a obra na língua original, foi meu
companheiro de cabeceira durante mais de 50 anos. Podia e posso ter muitos
outros livros a acompanhar as minhas noites, mas D’Ormesson nunca deixou de lá
estar misturado com outros amores de mais curta duração.
Há
escritores que têm essa raríssima qualidade de se tornarem indispensáveis a
partir da data - do dia ou da noite - em que, pela leitura, os passamos a
conhecer. Aconteceu comigo!
HSC
HSC
6 comentários:
🌷
Aconteceu comigo!
Um livro da Dama d'Ouro HSC também está á cabeceira.
:-)
O Jean d'Ormesson , foi um homem completo sobre todos os aspectos !
Ele era um escritor, bonito, inteligente, gentil, grande Carisma , director, filósofo, actor, homem de grande reconhecimento internacional .
"Tem um romance dele que também gostei intitulado, O Mundo é uma coisa estranha afinal "
Pena que a natureza não preserve durante mais tempo seres como este !!
MPR
Concordo consigo. D'Ormesson não acompanhou toda a minha vida mas também gostei de o encontrar.
Helena
Há livros que nem sequer guardo , vejo-os como talismãs as palavras escritas dizem muito falam mais do que pensamos.
Estou a ler, Até que consigas Voar de José Gameiro o 2º que leio dele é cativante a forma desnudada como escreve.
Fui ver a Linha Fantasma gostei.
Abraço
Carla
Happy Ballantine's Day!
:-)
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