Quando se tem alguma experiência de vida, é impossível não sorrir face a certas novas modas. Quem assistiu, como eu, ao "make love, not war" e viveu o bastante, para assistir, em seguida, a um outro movimento denominado de "coccooning" - que pretendia mostrar, depois das loucuras dos anos sessenta e setenta, as vantagens de se viver mais em casulo, dentro da própria casa, na qual toda a vida se desenrolava -, já não se surpreende com o que possa surgir, porque sabe que outros modismos hão-de surgir.
O mais recente way of life faria sorrir a minha avó Joana. Trata-se de uma corrente de bem estar, própria dos jovens millennials, que significa fechar-se literalmente em casa durante o fim de semana, para dedicar todo o tempo a tarefas relaxantes, como fazer trabalhos manuais, tricotar, cuidar das plantas, ler um livro ou ver séries televisivas placidamente estirado num sofá... e disso retirar imenso prazer.
Confesso-vos que sou praticante e defensora deste tipo de descanso caseiro, que considero cada vez mais apetecível, depois de semanas e semanas de árduo trabalho. E, no meu caso, esta opção vai mesmo para além do descanso, já que ela me permite um encontro comigo própria do qual necessito para o meu equilíbrio espiritual e pessoal, orientado para um autoconhecimento, um olhar interior do qual me não quero desfazer porque me traz uma espécie de re-enfoque a uma vida mais plena e mais feliz.
HSC
10 comentários:
Esse descanso é relativo, pois o que vejo na minha família é que não deixam de trabalhar ao fim de semana depois de uma semana árdua e cheia de problemas. O telemóvel e o laptop ou i'pad continuam a funcionar. Esporadicamente fazem cinema em casa, mas os meus netos já têm actividades que preenchem os fins de semana de manhã, à tarde e à noite, ensaios de Música, ballet, torneios de ténis, futebol e o diabo a 4. Eu, então aproveito o fim de semana para passear a meu bel prazer, ir para o pé do mar. Como vivo a 10 minutos da Foz, adoro andar por lá umas três horas, apanhar sol, ver gente civilizada, comer junto ao mar. A casa é para estar durante a semana com ou sem netos. :)
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Virgínia eu também vivo próximo do mar. Só que se quisesse passear à borda de água ou ir a um restaurante, teria a companhia de imensa gente. Ora rodeada de gente passo eu a semana, em reuniões sucessivas, em juris de exames ou em grupos de trabalho.
Ao fim de semana "preciso" de silêncio e paz. Mas o que descrevi foi objecto de análise dos especialistas e pelo que me diz, creio que só os seus netos pertencerão à geração dos millennials.
Sem ter consciência disso já sigo essa moda há muito tempo :)))
Boa semana
HSC, pois no meu caso tenho já todo o tempo disponível que com o meu marido usamos ao nosso bel-prazer e portanto é irrelevante ser sábado, domingo ou feriado! Sim eu sei, que é um luxo e do qual só tomo consciência quando me lembro de quanto os meus filhos, nora e genro trabalham! Esses, porque têm filhos não se podem dar a ao luxo de um fim de semana de "fare niente". Isso só é permitido ao meu filho A que não tem quem lho perturbe!
Dalma
Se não tivesse morrido o excelente companheiro da ultima fase da minha vida, possivelmente aproveitaríamos ambos o tempo que nos restasse. Não foi infelizmente o que aconteceu e eu continuo a ter um ritmo de trabalho muito intenso. Assim, ao fim de semana, só quero estar em casa e aproveitar o Tejo que se desenrola à minha frente.
Se um dia ficar só - oxalá não - talvez se lembre do que agora lhe digo.
Pois HSC, é pensando que um dia um de nós ficará sozinho que, sempre de forma tranquila, sempre em autogestão e sem stress, vamos andando por aí do lado de cá ou do lado de lá do Atlântico...
Dou graças por podermos fazer isso e um dia quando nada disto for possível não poderei queixar-me e terei que aceitar o que vier...
Mas será que a HSC, ainda precisa de manter esse ritmo intenso de trabalho ou só o mantém para não sentir a solidão que o seu companheiro lhe deixou?!
D.
Cara Dalma
Sou muito pouco dada à solidão, talvez porque por educação fui preparada para viver a minha própria vida, aquela que desenhei para mim, independentemente de ter ou não filhos ou marido. Se viessem ótimo. Se não viessem a dádiva da vida era um bem precioso.
Claro que de vez em quando relembro momentos muito bons, mas a minha vida continua com uma família adorável e uns amigos de cal e pedra.
As razões que me levam a trabalhar tanto, são de duas índoles. Uma, o gosto que tenho naquilo que faço. Outra, dois netos que ficaram sem Pai e aos quais gostaria de garantir aquilo que o Miguel não pôde fazer, pela profissão que escolheu e pela idade em que morreu.
Não sou rica, sempre vivi do meu trabalho, mas não me falta nada de essencial. Para eles quero um pouco mais, para os compensar da perda que tiveram.
Julgo que faço a minha obrigação e faço-a com gosto. Custa? Às vezes custa muito. Outras vezes é um prazer!
HSC, que tenha muita saúde para conseguir esses objetivos relativamente aos seus netos e que continue a fazer o que gosta...
D.
Dra. HSC,
Sábias palavras que é um gosto ler. Aprendo sempre tanto!
Infelizmente nem sempre se pode parar ao fim de semana e ultimamente sinto que trabalho de domingo a domingo.
Criei dois filhos e agora tenho um netinho que preenche parte do meu fim de semana porque os pais muitas vezes trabalham ou sábado ou domingo!
É uma fase da nossa vida alucinante e costumo dizer ao meu filho casado que passo mais tempo com ele agora do que quando era solteiro. É outra forma de amar e muitas vezes apesar do cansaço ficamos de coração cheio!
Quando estamos sós, eu e o marido, gostamos de usufruir do silêncio da nossa casa, sem pressas ou obrigações. Somos felizes não vivendo apenas um para o outro mas vivendo para a nossa família.
FL
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