quinta-feira, 20 de abril de 2017

Sair de Portugal...mas voltar!

Se há alguma coisa de que tenho absoluta certeza, é do meu entranhado amor a Portugal. Sempre fui assim, desde que tenho memórias da minha vida. Fosse com Salazar, com Marcelo ou com qualquer dos governos que se lhe seguiram, o meu amor pelo país esteve sempre muito acima das formas políticas que o país atravessou.
Um longo período houve, em que a vida profissional me obrigou a viajar por todo o lado. Conheço as quatro partidas do mundo, se exceptuarmos a Austrália, pais que ainda teria visitado se não fosse a minha existência ter dado uma volta e eu ter decidido mudar de rumo e de ramo.
Estas viagens - algumas bem longas - se me enriqueceram como pessoa, não raras vezes me entristeceram, por ter de deixar à família os filhos ainda pequenos. Como quase tudo na vida aquilo que tem um lado muito bom, também tem, por norma, um preço a pagar.
Hoje, à distância, percebo a importância que tiveram esses anos. Alargaram os meus horizontes, permitiram-me conhecer pessoas que me ensinaram a viver melhor e, finalmente, foram eles que estiveram na base de ter encontrado o amor da minha vida.
Mas sempre que o avião se aproximava de Portugal e se começavam a distinguir as casa ou as suas luzes, havia dentro de mim a alegria especial de "voltar ao meu lugar". Creio que só aqueles que gostam muito, mas mesmo muito, desta terra, podem perceber o que eu sentia e continuo a sentir quando retorno.
França foi o meu segundo país e a sua capital o meu segundo lar. Houve mesmo uma altura que ela esteve muito perto de se tornar o primeiro. Não quis o destino que assim fosse. Mas, até nessa circunstância, que me teria tornado muito feliz, tenho a certeza de que isso só aconteceria porque tinha a garantia de uma alternância entre as que, então, seriam as minhas duas casas.

HSC

5 comentários:

Dalma disse...

Na minha vida e já depois dos meus filhos autónomos fui duas vezes emigrante sempre e só pelo tempo de um ano. Na realidade fui uma "emigrante de luxo" já que quem trabalhava era o meu marido.
A primeira vez foi em Itália bem perto de Veneza, a segunda em Montreal no Canadá. Só sei dizer que então, para mim, Portugal era melhor em tudo! Conheci algumas pessoas de que fiquei e continuo amiga (neste preciso momento estou em Itália e ontem abracei de novo duas delas), com elas tirei muitas dúvidas, com primazia para aspetos sociais e sempre senti que nós portugueses não estávamos tão mal quanto nos faziam querer!
Ontem fiquei a saber que aqui uma consulta de especialidade, no caso de dermatologia foi marcada com um ano e três meses de espera...taxa moderadora 45€!!
Bom muito mais podia contar, "faits divers" como a de nem os polícias pararem,recorrentemente, para deixar o peão atravessar na passadeira, aliás se tentarmos atravessar da forma como vulgarmente fazemos em Portugal o risco é exponencial... sinal vermelho ás vezes parece ser verde etc. etc.

Todos devíamos ter a possibilidade de viajar/ viver noutros países para amarmos o nosso... só assim seríamos menos injustos!

Helena Sacadura Cabral disse...

Estou inteiramente consigo, Dalma!

Benó disse...

Inteiramente de acordo com as duas senhoras acima. Viajar mas permanecer algum tempo no outro país para poder saber as diferenças. Gostei de vos ler.

Dalma disse...

Correção: "...como nos faziam crer" e NÃO "querer"! Desculpem o erro que se dizia de palmatória!

Silenciosamente ouvindo... disse...

Eu, por vezes estou zangada com o meu país,
mas também o adoro. E quando vou ao estrangeiro
logo no primeiro dia já sinto saudades.
E quando, no regresso, me aproximo de Lisboa
é uma alegria.
Poderia estar a viver na Irlanda, onde estão
as crianças, mas só de pensar que posso morrer
lá, tenho resistido aos pedidos constantes das
m/sobrinhas.
Os meus cumprimentos
Irene Alves