domingo, 16 de abril de 2017

Igreja: A entrevista ao Padre Anselmo (6)

Não conheço o Padre Anselmo Borges pessoalmente. O que sei - e é muito pouco -, resulta de alguns textos lidos avulso, das biografias que consultei e, julgo, de uma ou outra participação televisiva que tenha visto. É, portanto, muito pouco para fazer juízos sobre o pensamento de alguém. Mas este é, mais ou menos, o quadro em que a maioria de nós se encontra, quando ouve ou lê intervenções sobre determinadas matérias de que não somos especialistas. Portanto, o que vou escrever até pode ser injusto. Todavia é a expressão do que senti quando, hoje, li a entrevista que ele deu ao jornal Expresso. E porque, creio, outras pessoas podem ter sentido o mesmo, entendi que se justificava escrever estas linhas, tendo o cuidado de ressalvar que, não se tratando de um texto seu, a edição pode ter dado mais ênfase a algumas das suas afirmações. Mesmo que assim seja, o nó górdio da questão permanece. 
Com efeito, a entrevista é titulada pela frase "É evidente que Nossa Senhora não apareceu em Fátima" a qual escrita entre aspas, leva a admitir que se trata de uma afirmação do entrevistado. Ora se há muita gente que já conhece as suas posições polémicas relativamente à Igreja a que continua ligado, outras haverá que, ao ver este título, se sintam incomodadas. Foi, confesso, um pouco o meu caso, que, admito, poderá ter ficado a dever-se ao facto de serem publicadas numa sexta feira da Paixão e num ano Mariano, no qual o Papa se desloca a Fátima.
Julgo perceber que o Padre Anselmo Borges se referiria à diferença, já estabelecida, entre "visão" e "aparição". Mas para o mais comum dos mortais, esta frase sem uma explicação, confunde os católicos que, como eu, vêem aquele local como algo muito especial da sua fé. 
Por isso, julgo que esta entrevista, nesta altura, ou tem um objectivo concreto que não descortino, ou foi, no mínimo, pouco oportuna. Para não salientar já que, uma vez mais, serão os iletrados que serão confundidos, uma vez que a elite poderá perceber melhor o que ele quis dizer com aquela afirmação. Tenho pena que assim tenha sido!

HSC

10 comentários:

TERESA PERALTA disse...

Querida Helena
Ultimamente a revista do Expresso anda a cultivar a confusão sobre muitos aspectos. Não tarda mudo de Semanário. Cabe aos jornalistas, a "visão" de esclarecer e não confundir. Tenho mais que fazer!
A única coisa que vale a pena é o artigo do Padre Tolentino mas, resolvo rapidamente o problema numa máquina de fotocópias.
Beijinho com votos de Santas Páscoas.

Anónimo disse...

Sou um homem de 55 anos e tive uma reação muito semelhante á sua. Que pretendeu o Padre Borges ou o Expresso? Criar polémica a dias do Papa chegar a Fátima? ou tentar dissuadir católicos mais vulneráveis?
Mas pergunto: se o Padre tem tantas divergências da SMIgreja porque não sai dela? Já outros o fizeram antes dele! E ela continua.

Anónimo disse...

Boa pergunta a sua. De facto, porquê esta entrevista a um mês da vinda do Papa?

Dalma disse...

Não me posso manifestar e gostaria, mas como não li a entrevista e, como temos sempre que ter em conta o contexto em que são proferidas certas opiniões, não faço...

Dalma disse...

Estive a inteirar-me da diferença entre visão e aparição (sobre a qual nunca tinha refletido), a primeira é de índole espiritual e a segunda de caráter físico, isto segundo um artigo publicado no "L'Osservatore Romano" em 2008.

Portanto a N.Senhora que apareceu em cima de uma oliveira na Cova de Iria era um ente físico... mas que logo a seguir desapareceu, qual uma visão!
Assim como uma espécie de holograma? Porém, no caso dos hologramas lá está a física a explicá-los...

Sim, eu sei, é a Fé dos crentes que os leva a acreditar!

Helena Sacadura Cabral disse...

Dalma
Não é assim tão simples. Mas eu não sou a pessoa indicada para a esclarecer num assunto que não faz parte das suas preocupações.
Se fosse assim tão simples acredita que os locais sagrados seriam o que são e moveriam as pessoa que movem?
È como você diz. Ou se tem fé, ou não se tem. Eu não fui bafejada com ela. Mas, como em tudo na vida, a fé também se trabalha. E hoje talvez eu tenha o retorno desse trabalho.
Há muito tempo que aceito as pessoas como elas são. O que não me impede de fazer um "voluntariado comunicacional". Daí esta série sobre a Igreja.
Podia ter sido a política. Mas a área não me interessa e chegaria a muito menos gente. Boa Páscoa!

Dalma disse...

HSC, o meu diálogo consigo neste campo é para mim muito interessante. Claro que o assunto faz parte da minha necessidade de compreensão, pois eu no meu racionalismo quero compreender mas não consigo.
O facto dos locais sagrados moverem multidões não é explicação. Desde tempos ancestrais que o homem procura no divino amparo para os seus males, uns no Deus de que estamos a falar, outros adoraram o Sol, outros há, entre os milhões de indianos, que adoram ainda hoje o seu Ganges e nele lavam os "seus pecados", para não falar noutros casos.
Claro que temos que nos aceitar nas nossas maneiras de pensar e eu aceito, só que gosto de discutir estes assuntos e aceito que contra-argumentem mas sem nunca usarem o "porque sim" o que acontece com algumas pessoas das minhas relações. Claro está não é o caso da HSC.

Que tenha tido uma Boa Páscoa. A minha, se não fossem umas deliciosas amêndoas que uma minha ex-aluna, hoje Professora Universitária, me mandou, quase me passaria despercebida... Lá vai o tempo que em casa dos meus pais e avó a Páscoa se cumpria a preceito, com jejum para os adultos e tudo o mais... mas que no meu caso pouco resultou!

Anónimo disse...

A elite?

Silenciosamente ouvindo... disse...

Drª. Helena, estão muitos a aproveitar-se
da vinda do Papa a Portugal para aparecerem...

O Expresso há muito que deixou de ser "o meu Expresso"
e deixei de o comprar. Se for à biblioteca sou capaz
de dar uma vista de olhos, mas nada mais que isso.

Penso que quem acredita não se deixará confundir.

Os meus cumprimentos.
Irene Alves

Helena Sacadura Cabral disse...

Anónimo das 09:42

Sim a "elite". Aqueles que puderam e quiseram estudar os assuntos de mariologia.
O Portugal profundo, onde pouco mais se tem do que a instrução primária, o assunto não será matéria de análise.