Quando se está de luto, por norma, pouco ou nada apetece fazer. Eu não gosto de ter comiseração por mim própria, pelo que entendi que devia tentar sair do casulo e fazer algo que me pusesse a "girar". A decisão foi a de ir com amigos ver o Silêncio, filme de que de que me tinham dado muito boas referências. Como costumo fazer a minha escolha pelos realizadores, o deste, Martin Scorcese, era, para mim garantia suficiente.
Pois bem, não aconteceu bem assim. É claro que se trata de um filme importante, com grande qualidade cinematográfica e que se ocupa de um tema - as atrocidades cometidas contra os missionários que foram evangelizar o Japão no século XVI - que interessa aos católicos e a todos os que se preocupam com determinados valores. Mas o conteúdo desiludiu-me um pouco, porque Scorcese parece filiar-se naqueles que só vêm no cristianismo uma rota de dor para alcançar Deus.
Ora eu ando a pregar, há muito, que o meu Deus é dor e sofrimento, mas é também alegria e prazer. Deus fez-se Homem para nos mostrar isso mesmo. O filme aponta, apenas, para a redenção através da via dolorosa. Não há uma pinta de alegria naquela película e isso é deliberadamente feito através de vários flash back em que a violência é a tónica dominante. Numa palavra, saí do cinema estafada com tanta amargura, tanto tormento, tanto conflito, tanta ansiedade.
É evidente que se trata de uma película que faz pensar. Em nós e nos outros. No papel das religiões na História dos povos. Mas aqui, neste Silêncio, não há uma réstia de esperança, não há a mais pequena chama de ânimo. E, creio, foi isso que o realizador pretendeu dizer-nos.
Eu não sou ninguém. Não tenho quaisquer competências especiais nesta matéria. Também tenho os meus conflitos com a Igreja e não são poucos. Mas esperança foi algo que até hoje nunca me faltou. Por isso é que o filme me incomodou!
HSC
9 comentários:
Para mim Deus é também Esperança e Amor...
Procuro não me martirizar com coisas que me amarguram, que me causam ansiedade. Coisas sérias que nos façam pensar NÃO têm que ser necessáriamente tormentosas e causadoras de sofrimento. Dispenso-as.
Bjs da Maria do Porto
Sim, não é seguramente o filme para quem tem dor na alma!
Querida Helena,
Tem toda a razão...Deus é verdadeiramente um Pai amoroso,Ele é o Amor que gera em nós a fé que conduz à esperança.
Jesus instantemente no-lo diz!
Um beijinho
Cristina
🌷
Não vou ver. Já me basta o sofrimento real a que assisto todos os dias. Mais vale ir ver outra pelicula mais leve. Já a Missão me impressionou imenso e era menos violento, julgo eu.
Também já tinha decidido não ir ver
e agora depois de ler as suas palavras
não vou mesmo.
Os meus cumprimentos
Irene Alves
Fui ver hoje. É claro que incomoda a violência e a falta de uma réstia de esperança em toda a história. Mas é mesmo de história que se trata e pelo que nos é dado saber, parece-me que não foi exagerada e que retrata as realidades de uma época.
Porque estou plenamente de acordo que:
"Mais ou menos nos anos em que decorrem as atrocidades contadas no filme a Inquisição perseguia os judeus em Portugal e Espanha de forma mais extensiva e sem razões de concorrência imperfeita que ameaçava os monges espirituais no oriente. Em nome de Deus foram, são e continuarão a ser, porque nenhuma mudança desta índole humana se perspectiva para o futuro, cometidos os mais bárbaros e irracionais comportamentos"(SIC - blogue ALIÁS).
E já agora ai de quem não dê um ÓSCAR ao padre Rodrigues (Andrew Garfield) que para mim tem uma interpretação para além do excelente.
Abraços e muitas melhoras
Tété
A complicação reside exactamente aí. É que não há um pingo de julgamento moral no filme. Nada nos mostra uma crítica. Essa fica à consciência do espectador faze-la...
É claro que a Inquisição fez o mesmo. Mas isso não nos impede de ter um olhar crítico sobre ela. Neste filme conta-se, nos dias de hoje, uma história do sec 17 em que apenas se tenta mostrar que os padres missionários queriam tornar o Japão num local de cristianismo, como se fossem portadores da verdade absoluta e esquecendo a religiosidade própria do país.
Com que direito, perguntar-se-á? E porquê? Onde estão as respostas a estas questões no filme de Scorcese? Para mim a sua maior violência é esta e não as cabeças a rolar, mostradas por três vezes, e completamente desnecessárias a não ser para por em destaque o que os islãmicos fazem hoje em dia...
Minha querida, não gostei. Sobretudo, porque sendo cinematograficamente um belo filme, usa esse meio para nos transmitir o lado odioso das religiões. Digo-lhe mesmo mais, é um filme perigoso!
Helena
Ainda não vi estava com vontade de o ver. Na 6ª quero ir ver o Divã de Estaline parece-me um filme muito interessante.
Ontem à noite na RTP1 deu um documentário sobre a vida de Estaline o pouco que ouvi foi arrepiante.
http://www.rtp.pt/noticias/cultura/o-diva-de-estaline_a978825
Abraço
Carla
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