“As Finanças aceitarem durante quatro anos uma isenção de IVA para depois virem exigir o seu pagamento com juros é um assalto. Nisto, os profissionais das terapêuticas não convencionais têm toda a razão. Não a têm na exigência de um tratamento fiscal igual ao da medicina convencional. Se as opções individuais passassem a ocupar o lugar de políticas públicas com base nas evidências científicas possíveis, como cada um acredita no que quer não haveria limites para o disparate. E se eu quiser, com o dinheiro público, trocar o psiquiatra pela bruxa? E se eu quiser que me alinhem os chacras?
“…Os empresários e profissionais das terapêuticas não convencionais estão
a protestar porque a Autoridade Tributária decidiu cobrar-lhes 23% de IVA.
Consideram-se descriminados em relação à medicina tradicional. A cobrança está
a ser feita com juros e multas relativas aos últimos quatro anos, já que as
finanças decidiram agora que esta atividade não se poderia inscrever como
isenta. A situação afeta osteopatas, homeopatas e acupuntores, entre outros.
Há uma parte, que me parece a mais relevante e urgente, em que estes
profissionais têm razão: as Finanças aceitarem durante quatro anos uma isenção
de IVA para depois virem exigir o seu pagamento com juros é um assalto. Pior:
foram as próprias finanças que os enquadraram nas atividades de saúde isentas.
Por isso, eles não cobraram IVA aos clientes e agora são massacrados pelo
fisco. Nisto, os profissionais das terapêuticas não convencionais têm toda a
razão.”
In Expresso, excertos do texto de
Daniel Oliveira
O Estado não deve ser neutro em
assuntos que envolvam a saúde pública. Nem noutros, aliás. Assim, compreende-se que não reconheça o mesmo valor ao que tem validade científica e ao que resulta apenas
da legítima convicção de cada um.
Que a sociedade actual tenda a optar pelas medicinas alternativas é um facto e eu até o compreendo. Daí, que a regulamentação das terapias não convencionais sirva para proteger os consumidores e a saúde pública de pessoas que sem qualquer habilitação para o que fazem, se aproveitem de uma liberalização que não foi criada para eles.
Que a sociedade actual tenda a optar pelas medicinas alternativas é um facto e eu até o compreendo. Daí, que a regulamentação das terapias não convencionais sirva para proteger os consumidores e a saúde pública de pessoas que sem qualquer habilitação para o que fazem, se aproveitem de uma liberalização que não foi criada para eles.
Já o passo seguinte, da "equiparação de todos" à medicina convencional - e porque aqueles riscos existem -, deve impor critérios de grande rigor
científico. Uma coisa é desejar ver regulamentadas práticas milenares de valor reconhecido, outra é dizer que estas são iguais às convencionais. Não são. E
ao que é diferente deve dar-se tratamento específico. O que não quer dizer, atenção, mais oneroso.
Mas nada disto altera a razão que estes profissionais têm relativamente ao tratamento que as Finanças estão a aplicar-lhes, nem isenta quem o consente!
Mas nada disto altera a razão que estes profissionais têm relativamente ao tratamento que as Finanças estão a aplicar-lhes, nem isenta quem o consente!
2 comentários:
Subscrevo. Isto do Estado querer cobrar uma coisa
que estava estipulada não se pagar...
Enfim, quando o Estado se comporta assim onde fica
a estabilidade do quer que seja?
Sobre a validade da medicina convencional e a outra
concordo consigo. Até ao momento sempre usei a
convencional, mas não sei o dia de amanhã.
Bom fim de semana.
Os meus cumprimentos.
Irene Alves
🌷
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