“Como nasceu o referendo nacional? O primeiro-ministro
Cameron tinha um problema eterno no partido e decidiu renegociar os termos de
permanência do Reino Unido na União Europeia - algo que aconteceu em fevereiro
deste ano. O referendo era, portanto, uma espécie de tira-teimas. Mas David
Cameron não só não conseguiu o que queria, como ainda perdeu a mão na Nação. E
agora arrisca-se a ficar na história por três motivos: conservadores
desavindos, Reino desunido e Europa amputada.
...Pode o Reino Unido deixar a União Europeia? Pode. Há meia
dúzia de meses, a hipótese era bastante remota, mas hoje as principais
sondagens dão vantagem ao voto no exit. Desde sempre, especialmente com
Margaret Thatcher, os ingleses desafiaram Bruxelas, provocaram o eixo
franco-alemão, chantagearam todos, puxaram o tapete a alguns e, no essencial,
sempre agiram unilateralmente. Foi muitas vezes por causa dos britânicos que
percebemos como era fraca e desinteressante esta Europa. Pior só a Europa
(ainda mais) fragilizada com a saída deles.
...O que perde o Reino Unido? Perde, muito provavelmente, a
união. Os escoceses, que estiveram à beira da secessão, esperam por um pretexto
para retomar o referendo à independência - ao contrário de Inglaterra, a
Escócia é pró-Europa, pois quanto mais forte for Bruxelas mais fraca será
Londres. O brexit deixa a Irlanda à beira de um ataque de nervos, porque a paz
entre católicos e protestantes na Irlanda do Norte assenta num equilíbrio
frágil e só possível num quadro de integração europeia. O Reino Unido até pode
recuperar a soberania que à Europa cedeu. Mas pode paradoxalmente perder-se no
próprio país. O brexit abre uma caixa de Pandora, de nacionalismos contidos a
tensões religiosas a custo recalcadas...
...O que perde a Europa? Perde muito. Perde o seu principal
centro financeiro. Perde a sua segunda maior economia. Perde a sua voz mais
influente no plano internacional. Londres até pode ainda repartir com Paris um
certo domínio na diplomacia mundial, mas é inegavelmente a maior potência
militar da Europa Ocidental, o país da União que joga um papel mais
determinante nas questões de segurança. A saída do Reino Unido deixaria a
Europa mais pobre e menos relevante no mundo.”...
Excertos do artigo de Sérgio Figueiredo
hoje no DN
Sérgio Figueiredo faz no
seu artigo uma análise mais extensa cuja leitura aconselho vivamente. Aqui
limitei-me a escolher as questões que, do meu ponto de vista, são as que nos
podem vir a causar maior turbulência.
Aguardemos, assim, o
resultado da consulta que vai ser feita!.
HSC
5 comentários:
Pois!Mas paz podre não traz saúde,nem econômica nem mental.
O Brexit vai ser um exit.A ver vamos...
Pedro
Drª. Helena parece que a sair não é imediato,
será em 2018. Entretanto algo acontecerá que
anulará o efeito do referendo - penso.
Vamos seguindo com atenção.
Os meus cumprimentos.
Irene Alves
Eu não disse que o Brexit ia ter êxito?
Pedro
Pedro
Nunca tive muitas dúvidas disso, confirmadas aliás desde que percebi que era desse lado que a Rainha estava.
Talvez seja uma lição para esta Europa em que há muito deixei de acreditar porque pouco ou nada tem com os fins para que foi criada pelos seus fundadores.
A sabedoria que não tem uma Rainha...
Assim sendo,são duas.
Um fim de semana real.
Pedro
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