Só me faltava esta...

Não tivesse eu a idade que tenho a juntar a um apurado sentido do ridiculo, e estaria a pensar que a minha vida sentimental voltara aos vinte anos. Não comecem já a rir, para o poderem fazer quando eu contar as causas da afirmação.

Nunca fui criatura muito praticante das redes sociais, mas fazendo da escrita o meu trabalho, não posso ficar indiferente ao peso que as mesmas têm na divulgação das minhas aventuras literárias. O que não podia prever era que as mesmas acabariam por me provocar uma chuva de cartas de gente que tendo consultado o meu perfil, desejava conhecer-me. 

A maioria das missivas vem em inglês. As outras, que julgo devem provir duma tradução tipo google, provocam enormes ataques de riso, porque não se percebe bem qual o género que me atribuem e algumas devem, creio, pensar que sou homem. Vá lá que não são muitas se não o meu ego ficaria pelas ruas da amargura.

Enfim, um desatino pegado, mas que agora começa a encher a minha caixa de correio. O que me deixa perplexa, porque vêm para o endereço electrónico pessoal que nunca é mencionado.

Assim, e com esta idade, tenho as mais variadas propostas. São todas correctas. Mas o nó górdio da questão é que cada uma conta uma "estória" pessoal para justificar o contacto. 

Que fazer? É que não posso estar a responder a cada uma que não estou interessada em qualquer tipo de relacionamento porque, então, não fazia outra coisa.

Falando disto com um amigo a quem mostrei algumas destas pérolas, ele teve uma saída surpreendente: sugeriu que eu pegasse nas ditas cartas, as editasse e traduzisse, e fizesse delas um livro sobre a solidão. 

Até senti um calafrio com a proposta porque, de facto, a idade dos meus "pretendentes" situa-se maioritariamente entre os 35 e os 55 anos. Ou seja, perderam a mãe e andam à procura de outra, sem se darem conta disso...

HSC