quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Agora é a sério


O levantamento de depósitos nos bancos gregos atingiu na semana passada 14 mil milhões de euros, um valor recorde que parece ser uma resposta aos receios de falta de liquidez perante a incerteza do resultado das negociações do novo Governo com a ‘troika’. 
A perda de depósitos que já se agravara na semana anterior à vitória do Syriza acentuou-se nos dois dias que precederam as eleições, ultrapassando o valor levantado dos bancos gregos em maio de 2012, no pico da crise grega e perante a possibilidade de, nessa altura, o país deixar a zona euro. Ontem, no dia da primeira reunião do Conselho de Ministros do novo executivo, as acções dos bancos caíram 26,67%.
Perante a incerteza política e a fuga de dinheiro, o Banco da Grécia decidiu alargar a linha de liquidez de emergência aos bancos nacionais. Mas esta medida exige aprovação do Banco Central Europeu (BCE) e precisa de ser renovada quinzenalmente.

Agora é que as reais dificuldades vão começar. Mas, entretanto, o governo já aprovou medidas cujo financiamento não está garantido no quadro da manutenção da Grécia na zona euro. Irá o país ter a coragem de voltar à moeda nacional com todas as consequências que tal arrastará? E terá a comunidade europeia a coragem de deixar sair este seu membro?
Trata-se de um braço de força que tem tantas possibilidades num sentido como no outro. A política é a habilidade de conciliar posições diferentes através de mútuas cedências. Veremos, neste caso, se tal se torna possível...

HSC

8 comentários:

João Menéres disse...

Estou cheio de curiosidade em relação ao futuro próximo !
Perante as medidas do Syriza, parece-me fatal a Grécia sair da Zona Euro, voltar ao dracma e começar a fabricar notas para satisfazer as suas promessas populistas.
O que advirá daí, ignoro.

Melhores cumprimentos.

bea disse...

Não sei prever nada, mas decerto não estou apenas curiosa; também me preocupa a vida daquela gente tão gente como eu.

Fatyly disse...

Dª. Helena que é economista, que sabe e percebe muito mais do que eu, faço-lhe esta pergunta que faço há muitos anos e ninguém me dá uma resposta:

- como é que se pode crescer economicamente e financeiramente, países cujas realidades são tão diferentes em tudo, mas tudo e com a mesma moeda?
Quando começou a crise, o que faria o governo se tivéssemos o escudo?
Uns entraram na UE e mantiveram a sua moeda e pelo que sei estão bem e recomendam-se.

Desculpe o abuso!


Helena Sacadura Cabral disse...

Fatyly
A sua pergunta tem dois tipos de resposta: uma técnica e complexa e outra política.
A UE foi sobretudo criada para evitar novas guerras na Europa. E sempre se considerou que ela se desenvolveria a duas velocidades, entre os países desenvolvidos e aqueles que estavam apenas em via disso. Se o caminho se tivesse feito desse modo, talvez esquemas compensatórios - inicialmente os Fundos europeus serviam para isso - tivessem ajudado a atenuar o problema. Mas os Fundos tiveram outras aplicações...
Entretanto tudo mudou e as guerras hoje não são no campo de batalha mas no meio financeiro...
Quanto à Grécia, nunca deveria ter entrado na UE. Foi uma mera decisão política. O resultado está à vista!
Tudo isto é muito técnico para explicar num comentário de blogue!

Fatyly disse...

Obrigado pelo seu esclarecimento que para mim foi o suficiente.

Um bom serão

Beijos

Anónimo disse...

Olá Drª Helena

Ao ler estes comentários todos acerca da Grécia vem-me à memória o sorriso do seu filho Miguel ...

Churchil dizia...

O Povo não deve saber como são feitas as leis e as salsichas.

Parece que na Grécia eles decobriram como são feitas as leis e as salsichas...


António

Anónimo disse...

Se esta fórmula fosse a certa, bem facilitada estava a vida dos "revolucionários". A realidade é bem diferente!

Anónimo disse...

Neste momento a estratégia da Grécia será virar-se para a Rússia pois o Alexis Tsipras sabe que a União Europeia não o vai apoiar, assim ao virar-se para a Rússia é a UE que o terá de expulsar e serão os países que fizeram os empréstimos à Grécia que vão ficar a arder.