O nível de popularidade do Presidente francês, François Hollande, caiu este mês, segundo o Ifop, cinco pontos, atingindo os 18%, o que representa o nível mais baixo destes dois anos.
Em compensação a do novo primeiro-ministro, Manuel Valls, foi estimada pelo mesmo Ifop em 58%, valor que o torna o chefe de do Governo mais popular em início de mandato.
François Hollande consegue, pela primeira vez, ser considerado o presidente mais impopular da V República francesa, ficando cotado abaixo dos 20%, resultado que obteve em novembro de 2013 e em fevereiro último. Em março, o seu nível de popularidade havia registado um ligeiro aumento para 23%.
De facto mais do que o ser de esquerda ou de direita, contam as políticas praticadas. E, em crise, torna-se muito difícil fazer aquela distinção. Se os partidos percebessem isto, os seus representantes seriam menos fustigados.
Mas, confesso, os 58% de Valls surpreendem-me um pouco face à política de emigração que defende. Hollande que se acautele!
HSC
6 comentários:
Nous promettons selon nos espérances et nous tenons selon nos craintes.
La Rochefoucauld
C'est bien vrai Monsieur Defreitas!
Senhora Doutora Sacadura Cabral : C'est vrai ; mas o problema dos políticos é que procuram sempre esquecer ou pelo menos minimizar o passado que não os dignifica, e descarregar a responsabilidade inteira da situação sobre aqueles que recuperam o desastre.
Hollande é tremendamente impopular, e não tendo tido a inteligência de mandar proceder a um audito da situação da casa França que recebeu de Sarkozy, arca hoje com o passivo total do quinquénio desastroso precedente .
Nenhum presidente das republicas precedentes teve o mesmo "privilégio", duma herança tão substancial !
"Em 2007, Sarkozy promete o pleno emprego place de la Concorde. Resultado : 1 milhão de desempregados suplementares. A subida mais brutal da 5a. Republica !
"Comprometo-me a baixar a dívida pública para menos de 60% em 2012. Resultado : 600 mil milhões suplementares ! De 64% a 85% do PIB.
O défice publico aumentou de 50 mil milhões , de 2,3% a 5,4 do PIB.
"Não aumentarei os impostos " ! Resultado : 75 mil milhões de baixas de impostos aos mais ricos !
Etc, etc, etc !
Claro que Hollande, que já não era popular antes, não o pode ser depois. Mas nenhum presidente das republicas precedentes teve que fazer frente a uma crise como aquela que conhecemos. Sarkozy safou-se bem da crise financeira; mas os interesses dos parceiros europeus, incluindo a Alemanha eram tais, que todos aqueles que podiam, obraram no mesmo sentido para a debelar graças ao dinheiro dos contribuintes que foi utilizado largamente para salvar os bancos da falência.
A crise económica actual ,doutra natureza, ligada à concorrência asiática, à falta de competitividade, à ausência de crescimento, aos custos sociais e ao flagelo da desindustrialização debate-se no "salve-se quem puder" !
Sem regras fiscais europeias, sem regras sociais idênticas para todos (viu-se com que dificuldade Madame Merckel aceitou o salário mínimo), sem politica estrangeira comum ( vê-se a França arcar sozinha com as despesas militares na África para a proteger da Al-Qaïda ...e os interesses franceses !), a França procura uma nova via no social liberalismo.
Não é esta via que lhe trará a popularidade que lhe falta hoje, sobretudo na sua família política.
Pelo contrário ! Mas Valls, que já era popular mesmo na direita conservadora, e só é contestado pela extrema esquerda, pelas razoes opostas à popularidade de que beneficia à direita, "mange son pain blanc", como cá se diz !
Claro que os Franceses, um pouco como os Italianos hoje, têm tendência a depositar mais confiança nos jovens chefes políticos que dizem , aparentemente, o que pensam, a verdade, o que explica também os 54% de Manuel Valls.
Caro Defreitas.
Basicamente estamos de acordo. Mas na política não se pode ser ingénuo. Já administrei empresas - não países, felizmente - e mandei sempre, ao tomar posse, auditar a área que recebia. Para minha salvaguarda e dos meus antecessores.
O drama é que a argumentação que usa, é também, aquela de que se serve Passos Coelho para fundamentar a austeridade pela qual estamos a passar.
Como digo no post, em clima de crise geral, as distinções são muito subtis. Valls tem o perfil do ganhador que até pode ambicionar o lugar de Hollande...
Sra. Dra. Helena Sacadura Cabral tem fixação nesta criatura, Hollande, e por cá no reino da miséria?
Anónimo das 17:24
Fixação será bondade sua.
A França é, para mim, uma segunda pátria e portanto acompanho o que se lá passa com "muita fixação".
Quanto ao reino da miséria - palavras suas - a fixação fica-se pelo PM e, vá lá, concedo, pelo sempre empolgante Dr Durão Barroso.
Enviar um comentário