Morreu Vasco
Graça Moura, poeta e tradutor de
grandes poetas, romancista, ensaísta, dramaturgo, cronista, advogado, político,
gestor cultural.
De Graça Moura poderá dizer-se que foi
um espírito renascentista a viver num presente demasiado conturbado para o seu
gosto pela ordem e pela disciplina.
Autor de quase 30 livros de poemas foi um
tradutor de textos particularmente difíceis, como a Divina Comédia e a Vita
Nuova de Dante, as Rimas e Triunfos de Petrarca, os Testamentos
de François Villon, ou ainda a integral dos Sonetos de Shakespeare.
Escolhas a que, cremos, não terá sido
alheio a sua enorme vontade de enriquecer o património literário disponível em
língua portuguesa.
É por estas duas dimensões - de poeta e
de tradutor -, que é mais reconhecido, e foram elas que lhe valeram as
principais distinções atribuídas à sua obra, de que se destaca, em 1995, o
Prémio Pessoa.
Dois combates haviam de marcar
igualmente a sua vida: a intervenção política e a crítica feroz conduzida
contra Acordo Ortográfico, que considerava um crime de lesa-língua.
Mesmo que nos fiquemos pela sua obra
literária, talvez seja necessário recuarmos a Jorge de Sena, para encontrarmos
um antecessor da sua qualidade. Ambos partiram cedo demais!
HSC