domingo, 10 de novembro de 2013

O amor é difícil

Ainda há notícias que conseguem surpreender-me e, direi mesmo, abalar-me. Foi o que aconteceu no meu almoço dominical com amigos. Falando de novidades alguém disse que um casal que conheço há trinta anos se havia separado.
Ele e ela haviam acabado ambos o seu primeiro matrimónio. Apaixonaram-se e como é habitual, filhos de um lado e do outro, não terão recebido da melhor forma a nova situação. Mas o casamento foi avante e eles não foram, por isso, piores pais.
Um dia, há dois meses, quando nada fazia supor qualquer problema, o marido, que actualmente conta com setenta anos, terá dito à mulher, com mais dois do que ele, que "queria aproveitar o pouco tempo que lhe restasse, pelo que desejava divorciar-se"!
Conheço e aprecio ambos. Não sei mais do que isto. Mas pergunto o que pode levar alguém, nesta etapa da vida, a querer libertar-se de laços que, aos olho de todos nós, os amigos, pareciam de uma solidez a toda a prova?
Vim para casa um pouco alapardada com a notícia e a pensar como seriam os próximos meses desta amiga, que deveria esperar tudo menos um divórcio nesta idade. É que se é duro alguém querer refazer a vida com "outra" pessoa, mais duro deve ser ainda alguém querer refaze-la sozinho, liberto da nossa presença.
"Só quem está no convento sabe o que vai lá dentro", diz o adágio popular. Por isso não quero, nem devo julgar. Mas tenho muita pena de ambos. Dele, porque tardiamente toma a decisão. Dela, porque não percebe o que lhe aconteceu. O amor é difícil, de facto!

HSC


15 comentários:

Tété disse...

Antes de mais quero enviar-lhe um abraço pela sua participação no Herman 2013 de ontem. Sempre igual a si mesma. Com maquilhagem ou sem ela. Mas deixe dizer-lhe que ontem estava mesmo muito janota e um pouquinho de "caixinha da saúde", como dizia a minha avó, ajuda a enaltecer a beleza.
Quanto à situação dos seus amigos, tenho nas minhas relações um caso semelhante. Mas sabe o que dizia um amigo meu? Para nos ser possível avaliar teríamos de ter passado todo o tempo debaixo da cama do casal.
Todos os dias se ouvem notícias destas e agora já nem escolhem idades.
Beijinhos

Anónimo disse...

Boa Noite Helena. Gostei de a ver ontem no Herman, a atenção que prestava (ao outro)às palavras da A.M..Amei! Agora ao lê-la pensei numa frase que li (no SENIOR) "...crise dos amores próprios...".
Afectuosamente
Helena/Cascais

Dalma disse...

Uma coisa que quase posso afirmar, falando na generalidade claro está, que quem perde é ele pois uma mulher vê-se muito melhor sem um homem do que um homem sem uma mulher...

maria isabel disse...

Parabens Doutora Helena pela presença no programa do Herman. Como sempre muito bonita

O amor é mesmo muito difícil.Fala quem sabe e passou por isso.

Estou a ler o último livro para ver se consigo entender isto que acabo de dizer
Beijinhos de admiração

Anónimo disse...

De facto, um divórcio aos setenta anos não deve ser "pêra doce"! Quando cortamos relações com alguém é tão difícil esquecer essa mesma pessoa que dirá/pensará a sua amiga, que tinha uma relação, pelos vistos só aparentemente, sólida. Acredito que ambos vão ter bastante dificuldade na separação. É mais difícil cortar com o passado do que aquilo que se julga.

Bem, seja como for, que aconteça o melhor para ambos

Bjs
Vânia

Anónimo disse...

Estimada Helena,
Confesso que não me surpreende, mas, sobretudo, não me choca. Outro dia um casal conhecido, ele 67 e ela 64, acabaram por fazer o mesmo. Ele “queria espaço”(assim disse), queria por outro lado ir viver para o interior do país, aproveitando uma casa que herdara. Ela não. Preferia a vida de Lisboa, nem pensar em sair de Lisboa ! (a sua terra), onde ele vivera anos e que não era a terra dele. Disse-me ainda outra coisa, que achei “curioso”: “um tipo no decorrer da vida de casado faz inúmeros compromissos, o que é normal, para o bom equilíbrio desse mesmo casamento. Pois bem, nem isso quero mais. Quero viver só, embora longe de mim não manter os contactos com os amigos.” Aquilo foi um choque para ela. Ele, hoje, é feliz onde está. Lá no tal interior. Ela, inconformada. Não lhe perdoa a opção. Nenhum deles entretanto voltou a refazer a vida com outrém. Nem ele está minimamente interessado (bom, 67 anos contam). Sabe Helena, embora seja mais novo do que eles, não me custa compreender esta situação. Um dia, quando me reformar, a última coisa que desejaria era continuar a viver por aqui, ou seja, na chamada área de Lisboa (Lisboa, Cascais, Sintra, etc), com a qual já não tenho a mesma empatia de outros tempos. Já tive. Hoje, gradualmente, estou a deixar de ter, talvez por causa do passar dos anos. Não sei bem. No meu caso, gostaria de regressar ás minhas “raízes” (ao contrário, por exemplo, de meus irmãos). A Beira-Alta, ou o Douro, são hipóteses (entre outras) que ponderarei até lá. E depois se verá, como dizia o “outro”. Para mim, numa fase já mais adiantada da minha vida, aquilo que eu não gostaria era de continuar a viver até ao fim dos meus dias onde não querereria. Muita gente não compreende isto. Quando tento aflorar este assunto, as pessoas olham-me com alguma perplexidade (ninguém, ou quase, compreende que se possa trocar Lisboa - ! - pela Província). É-me, completamente, indiferente. Mas a verdade é que a vida por vezes encontra razões para que lhe alteremos o percurso que conhecemos.
P.Rufino


Helena Sacadura Cabral disse...

Meu caro Rufino
Não calcula como compreendo o seu comentário.
Até há uns meses a minha opção tinha - tem - a ver com a necessidade imperiosa de um certo silêncio à minha volta. Que não consigo em Lisboa, na actual circunstância da minha vida familiar.
Mas nem essa circunstância será eterna - espero - nem eu.
E já esteve bem mais longe a partida para onde sempre sonhei acabar!

João Menéres disse...

Será que posso avaliar o choqueda sua amiga ?
- Claro que não !
Ela que se procure agarrar aos filhos e às amizades.

Se ele é um velho tonto, receberá o "prémio" mais depressa do que julga.
Se não é o caso, não me pronuncio.
Alguma razão haverá que não é do nosso conhecimento.


Melhores cumprimentos.

Pescada do Alto disse...

Cara Helena,

Ontem, no Herman, revi-me na sua posição perante a fé. Viver com fé deve ser tão mais fácil perante as inevitabilidades da vida, tão mais confortável acreditar que as coisas más acontecem por uma qualquer vontade divina, que existe um sítio melhor para onde os que amamos vão e que nos iremos encontrar na eternidade. Tal como a Helena, já perdi gente que amava profundamente e apenas acredito que só viverão enquanto delas nós lembrarmos. Infelizmente.
Continuo à procura da fé em Cristo, que é o mais próximo que consigo e espero um dia encontrá-la.

Melhores cumprimentos.

Virginia disse...

No próximo dia 17 faria 40 anos de casada e vou festejar com o meu ex- como amigos de longa data, pais de três filhos maravilhosos, avós de três netos encantadores.

Separámo-nos em 2002 após 29 anos de casamento. Devia ter-me separado antes, segundo os meus filhos, que me viam a definhar num matrimónio castrador da minha liberdade e alegria.

Fui eu que saí, fui eu que decidi, fui eu que dei o passo em frente. E é isso que custa mais. O meu ex- adaptou-se e após uma fase de negação, compreendeu que era melhor vivermos separados. Só nos divorciámos há dois anos.

Há momentos em que se deve tomar uma atitude e não é amor deixar-se subjugar por quem quer que seja.

Helena Sacadura Cabral disse...

Pescada do Alto
Viver é isso mesmo- acreditar e duvidar. Às vezes em simultâneo. Mas a vontade é que comanda a vida e não sonho como diz a canção...
E é essa vontade de ter Fé que até hoje nunca me abandonou!

Helena Sacadura Cabral disse...

Virgínia
As relações entre pessoas que se ama(ra)m podem revestir as mais diversas formas. Não critica e tentar compreender é que nem sempre é fácil...
Conheço casos semelhantes aos seus. E digo sempre que vale mais um bom divórcio que um mau casamento.

Isabel Mouzinho disse...

De tudo isto, retenho duas grandes verdades: "as relações entre pessoas que se amam podem revestir as mais diversas formas" e "viver é acreditar e duvidar. Às vezes em simultâneo". Concordo inteiramente. Quanto ao que relata e sendo verdade que é muito diferente a perspectiva de quem vê de fora, ou de quem vive as histórias pelo lado de dentro, eu diria ainda assim em termos genéricos, e não sabendo nada de nada, que por mais dura que seja uma separação (e é sempre), ela é sempre preferível a manter uma situação que deixa uma pessoa, ou duas infelizes. Seja em que idade for. Custa-me entender que as pessoas se mantenham juntas por medo da solidão ou para manter as aparências. E isso é bem mais frequente do que parece. Bom, mas nisto, como em tudo, cada um sabe de si.
Beijinho, Helena! :)

Teresa Peralta disse...

É sim Helena!... Tenho reparado que, no amor, também "não há situações perfeitas", reina uma espécie de “simétrica proporção” entre o bom e o mau. Eu acredito que, neste caso, os lutos vão ser, num futuro próximo, ou mesmo longínquo, corajosos e equivalentes ....
Um grande abraço para si

Anónimo disse...

Se me permite, eu diria ainda que só o amor não chega. É preciso mais, do qual por vezes nos cansamos de esperar. Chega um dia em que se percebe que já passou muito tempo e que já não apetece esperar mais. Aí, é preciso ir sozinha(o) à procura do que nos falta, porque já não há tempo a perder.

Maria