Hoje uma conversa de amigos fez-me pensar num facto curioso: "nunca pensei ser outra pessoa diferente daquela que sou". Devem-me julgar tonta com esta afirmação. Mas se assim for, a idade talvez já me permita dizer disparates. Não serei a primeira...
Depois de ouvir tanta gente a contar o que gostaria de ter sido e não foi, eu "estarreci" o grupo com aquela frase, inteiramente verdadeira. Possivelmente contento-me com pouco. Mas se assim for, é porque a minha medida é essa e não outra.
Vivi tanto tempo rodeada de pessoas "acima do normal", de gente intelectualmente tão dotada que, quando pensava em mim, a comparação era quase fatal. Levei anos até aprender o lado bom da minha normalidade. Devo isso ao Padre Abel Varzim e nunca será demais relembra-lo. Foi com ele que percebi o valor dessa distinção. Mais tarde, outras pessoas haviam de ensinar-me o mesmo e ajudar-me, afinal, a gostar mais de mim. E a aceitar que ser "genial" não é para todos nem sequer será o mais importante da vida!
HSC
15 comentários:
Acho que todos se devem aceitar como são, mas numa família grande como a minha, seis raparigas e dois rapazes, a adolescência é terrível, a competição enorme e a sensação de fracasso constante. Penso que depois de certa idade, começamos mesmo a gostar de nós e dos nossos filhos - que nos espelham de certo modo - ouvimos outras pessoas, realizamo-nos profissionalmente e queremos ser cada vez mais nós.
Querida Helenamiga
Na semana passada o neuropsicólogo Dr. Álvaro Antunes (que não me é nada) depois de eu ter feito uma bateria de testes declarou que para a minha provecta idade (72) os resultados tinham sido tão bons que ele me considerava um verdadeiro génio... E pôs isso no relatório...
Pensei no assunto e estive quase a mandar fazer cartões de visita:
Em cursivo negrito: Henrique Antunes Ferreira e por baixo num areal sóbrio:
Génio :-) :-) :-)
Mas, podes crer, com cartão ou sem, confirmei também que se eu não fosse queria ser...
Qjs
Mais um excelente post.
Olá D. Helena,
pessoalmente, aprecio pessoas normais, que não se julgam, nem se vêem, nem mais nem menos do que os outros, apenas como mais uma parte do todo em que vivemos ...
Com estima,
Cláudia
"Cada um é como cada qual". Mas o simples fato de abordar o seu assunto, já quer dizer muito de nossas vidas. Ao fazer-se comparações, já se está a fazer análise a nós mesmos, o que é muito bom.
Helena, a sua genialidade é única e original, pelo exemplo que nos dá, ao transformar as questões complicadas desta Vida em atitudes e conclusões simples, muito mais fáceis de suportar. É por isso que consegue estar no patamar dos génios e ajudar os “não génios”...
Um abraço grande para si, com votos de bom trabalho.
Concordo em absoluto, daí a frase que tenho no meu blogue ter sido proferida ainda eu era uma jovem a uma alta figura da época armada "aos pingarelhos".
"Sou como sou e não sei deixar de ser quem sou"!
Ser genial não é de todo o mais importante da vida - inteiramente de acordo! :)
Mais um post filosófico...
HSC, mas não é a "normalidade" decorrente dos tempos? Será que o que hoje para nós é normal o seria para as nossas avós ou bisavós?
Realmente o conceito de normalidade só pode, a meu ver, ser definido a nível de cada sociedade. Assim sendo compreendo que os seus amigos ficassem surpreendidos com a sua resposta!!
Dalma será. Mas estes tempos são da minha geração. As pessoas acima do normal que conheci ainda cá andam. Como eu, felizmente. E continuam, ao que parece, a serem "acima do normal" e a fazerem escola!
Ó Teresa se eu fosse um "génio" aqueles a quem me refiro o que seriam?!
:-))
Quem é "GRANDE" não precisa de mostrar.É.
Quem sou eu para saber avaliar os génios,mas que a Doutora Helena nota-se ai isso é verdade. É na simplicidade que está a grandeza
Também há genialidade de afectos... Tão, mas tão importante!!
Helena, vou justificar o meu comentário. Então, a Helena não sabe que há muitos tipos de génio?
A genialidade associa-se a proezas criativas que são praticadas por pessoas com um talento "fora do comum"; umas utilizam esse dom para o bem e outras para o mal. Nem preciso de medir o seu C.I. porque é com certeza um génio do bem.
Os outros não sei quem são... Mas, se quiserem uma consulta, estarei (se Deus me deixar) no lançamento do seu novo livro.
Beijinho Helena e ate amanhã.
Bom dia Dra. Helena
Pois, normalidade...
A minha normalidade ficou deveras alterada com o desemprego ao fim de 38 anos de trabalho. Hoje sem a sensação do dever cumprido, pois não estou reformada, há dias em que me afasto da minha normalidade, porém, as suas palavras, reflexões e companhia dão-me serenidade e força para me debater pela minha normalidade. É mesmo assim que quero continuar. Obrigada e bem haja.
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